O tema deste artigo é um texto apócrifo de W. G. Sebald, o ensaio "Europäische Peripherien" [Periferias Europeias], baseado em uma palestra proferida em fevereiro de 1992, em Tübingen. Esse ensaio ocupa um lugar especial na obra de Sebald, pois nele o autor se expressa mais resolutamente do que em qualquer outra ocasião sobre questões políticas, no que diz respeito tanto ao processo de unificação europeia quanto aos problemas fundamentais das sociedades ocidentais na transição para o século XXI. A partir de uma leitura mais atenta, chego à conclusão de que esse ensaio, supostamente secundário, revela-se um importante pilar para reconstruir a interpretação profundamente melancólica que Sebald faz da história com base no conceito de uma “história natural da destruição”. Ao mesmo tempo, “Europäische Peripherien” permite reconhecer a importância de Mutation der Menschheit [Mutação da Humanidade], de Pierre Bertaux, como influência fundamental, até então não reconhecida, para o desenvolvimento da obra de Sebald.Palavras-chave: W.G. Sebald. Europa. “História natural da destruição”. Pierre Bertaux. AbstractThis article discusses the essay "Europäische Peripherien", a hitherto overlooked text by W.G. Sebald based on a lecture given in Tübingen in February 1992. The essay occupies a special position in Sebald's oeuvre, as the author positions himself more pronouncedly than anywhere else on political issues, both with regard to the process of European unification and to fundamental challenges of Western societies in the transition to the twenty-first century. In my close reading the supposedly insignificant essay proves to be an important text for a reconstruction of Sebald's deeply melancholic view of history as expressed in the concept of a "natural history of destruction". At the same time, "European Peripheries" allows us to acknowledge the importance of Pierre Bertaux’ Mutation der Menschheit as an undiscovered influence on the development of Sebald's oeuvre.Keywords: W.G. Sebald. Europa. “Natural history of destruction”. Pierre Bertaux. ORCIDhttps://orcid.org/0000-0002-4825-1912