scholarly journals Ingovernável da deficiência, sua radicalidade ontológica e seus devires clandestinos na educação e na filosofia

Author(s):  
PEDRO ANGELO PAGNI

 Este artigo analisa a dimensão ingovernável da deficiência, sua radicalidade ontológica e seus devires clandestinos na configuração neoliberal da biopolítica. Partimos para tanto do ensaio Os instintos e as instituições de Gilles Deleuze e do curso Os anormais de Michel Foucault, com vistas a discutir a proveniência da ingovernabilidade da deficiência e suas formas de governo pelas instituições educacionais.  Retratamos o modo como o retardo de Charles Jouy revela um hiato entre a sua organização biológica, a mecânica instintual e a economia do prazer, encontrando aí sua ingovernabilidade não somente a ser governada, como também a servir de indagação às práticas inclusivas atuais, seus devires clandestinos e sua biopotência para resistir à governamentalidade neoliberal. Palavras-chave: Ingovernável. Deficiência. Corpo. Filosofias da diferença.The ungovernable of disability, its ontological radicality and its clandestine becomings in education and philosophyABSTRACT This article analyzes the ungovernable dimension of disability, its ontological radicality and its clandestine becomings in the neoliberal configuration of biopolitics. For this, we start from the essay The instincts and institutions by Gilles Deleuze and from the course The abnormals by Michel Foucault, with a view to discussing the origin of the ungovernability of disability and its forms of government by educational institutions. We portray how Charles Jouy's retardation reveals a gap between his biological organization, instinctual mechanics and the economy of pleasure, finding his ungovernability not only to be governed, but also to serve as an inquiry into current inclusive practices, their becomings clandestines and their biopotency to resist neoliberal governmentality.Keywords: Ungovernable. Deficiency. Body. Philosophies Of Difference. 

Author(s):  
Vanessa Lemm

Readers of Giorgio Agamben would agree that the German philosopher Friedrich Nietzsche (1844–1900) is not one of his primary interlocutors. As such, Agamben’s engagement with Nietzsche is different from the French reception of Nietzsche’s philosophy in Michel Foucault, Gilles Deleuze and Georges Bataille, as well as in his contemporary Italian colleague Roberto Esposito, for whom Nietzsche’s philosophy is a key point of reference in their thinking of politics beyond sovereignty. Agamben’s stance towards the thought of Nietzsche may seem ambiguous to some readers, in particular with regard to his shifting position on Nietzsche’s much-debated vision of the eternal recurrence of the same.


2008 ◽  
Vol 6 (3) ◽  
pp. 443-456 ◽  
Author(s):  
Ricardo Burg Ceccim ◽  
Alcindo Antônio Ferla

O artigo procura construir, a partir de uma memória da Reforma Sanitária Brasileira e de aproximações entre as áreas científicas da Educação e da Saúde, uma micropercepção (matéria para o pensar, aprender, conhecer) emergência de um domínio de conhecimento designado por Educação e Ensino da Saúde. Esse domínio emergente estaria bastante associado invenção da Saúde Coletiva, no campo científico da saúde, e com à invenção do Controle Social em Saúde, no campo da intervenção política nesse setor. O novo domínio de conhecimento seria caracterizado por uma implicação singular do ensino com a cidadania, permitindo a travessia de fronteiras entre educação e saúde pela via da educação permanente em saúde. Os temas do ensino e da cidadania são problematizados com o auxílio explícito ou não (via seus leitores) de alguns pensadores da filosofia e do contemporâneo, como Michel Foucault, Michel Serres, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Francisco Varela, Humberto Maturana e Ilya Prigogine.


2011 ◽  
Vol 37 (3) ◽  
pp. 613-628 ◽  
Author(s):  
Cintya Regina Ribeiro

O presente trabalho visa problematizar a suposta constituição virtuosa entre educação e conhecimento oriunda de certa herança cultural da modernidade ocidental. A problemática ancora-se na indagação difusa, porém insistente, a ecoar no campo educacional: "o que é o ato do pensar, em educação, na contemporaneidade?". A tomada das condições atuais do pensamento como um problema de pesquisa educacional coloca em questão a histórica articulação entre conhecimento e pensamento reflexivo, obrigando ao confronto de certos amálgamas pedagógicos caros ao campo educacional moderno. Tal enfrentamento se realiza na companhia dos pensadores Michel Foucault e Friedrich Nietzsche, dada a relevância estratégica de suas produções, particularmente acerca da linguagem, da produção da verdade e de suas implicações nos modos de conhecer e pensar. Busca-se operacionalizar uma crítica da linguagem em direção a uma crítica do pensamento em educação, na chave de uma problematização ético-política. Nesse trabalho, tal plataforma analítica configura-se a partir das discussões de Michel Foucault - tanto em relação à questão do pensamento do fora, tal como elaborada por Maurice Blanchot, como em relação ao pensamento da diferença, tal como formulado por Gilles Deleuze. Sugerimos que a exploração desse debate possa atuar como um exercício de exterioridade ou de pensamento diferencial no jogo com o conhecimento e com o pensamento reflexivo presentes no campo educacional - seja no âmbito dos fazeres pedagógicos cotidianos da escola, seja no campo da produção da pesquisa educacional.


Author(s):  
Juliana Corrêa Pereira Schlee ◽  
Isabel Ribeiro Marques ◽  
Renata Lobato Schlee

Em constante desassossego que nos acompanha, problematizamos alguns ditos e não ditos atrelados a discursos relacionados a mulheres, a natureza e o pampa do Rio Grande do Sul. Esses olhares que tanto se inquietam se sustentam sob o aporte teórico de autores da vertente teórica denominada filosofia da diferença, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Friedrich Nietzsche juntamente a intercessores que se debruçam sobre as questões de gênero, como Sandra Garcia, Mary Castro e Miriam Abromovay. Analisamos algumas construções históricas e culturais que evidenciam um antropocentrismo, bastante marcado por um androcentrismo neste Pampa. Entrelaçadas nessas teias discursivas, pinçamos mulheres, e colocamos algumas inquietações como potência para pensarmos as tramas discursivas que se articulam nesses jogos, nessas relações que se pautam na figura masculina e atribuem às mulheres, a tarefa do cuidado com a natureza.  Assim pensamos no quanto esses discursos são fabricados em processos culturais, sustentados em relações de poder que fazem emergir verdades e saberes dados como naturais nos interstícios da educação ambiental.


2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 243-273
Author(s):  
Edson Luis de Almeida Teles

O objetivo deste artigo é refletir sobre o modo como as lutas locais e suas movimentações em torno do discurso dos direitos humanos podem ser alçadas à condição de ação política. Trata-se da tentativa de ampliar o conceito de política tendo em vista a potência de transformação contida nos coletivos de subjetividades portadoras de experiências comuns de violência e sofrimento. Fazendo uso do conceito de quilombo, em Beatriz Nascimento, buscaremos fundamentar o alargamento da ideia de política a partir de duas configurações: a disputa por territórios e a conectividade entre saberes específicos e menores oriundos das lutas. Para tanto, cotejaremos o pensamento da autora com a filosofia contemporânea de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Nossa hipótese é a de que o conceito de ação política demandaria um alargamento em sua formulação de modo a abranger as variadas e singulares formas de resistência cotidianas.


E-Compós ◽  
2008 ◽  
Vol 7 ◽  
Author(s):  
Gustavo Souza

Este trabalho quer investigar os fatores que possibilitam a recorrente presença dos segmentos socialmente marginalizados na produção de documentários brasileiros após 1993 ou da “retomada”. Nosso enfoque concentra-se nos documentários que apresentam como personagens pessoas ou grupos diretamente vinculados ao contexto de violência urbana. Partimos do pressuposto que a visibilidade conquistada por esses setores relaciona-se, de uma forma ou de outra, às demarcações da “diferença” e às estruturas de poder. Para tanto, tomaremos como referência a leitura do conceito de différance, de Jacques Derrida, empreendida por Stuart Hall e os estudos sobre formações e estruturas de poder realizados por Michel Foucault e Gilles Deleuze


2019 ◽  
Vol 10 ◽  
pp. e019017
Author(s):  
Sandra Kretli da Silva ◽  
Priscila dos Santos Moreira ◽  
Nathan Moretto Guzzo Fernandes

O artigo é decorrente de uma pesquisa maior cujo objetivo é cartografar práticas discursivas sobre currículo da comunidade acadêmico-científica vinculadas às associações do campo e propagadas no periódico internacional Transnacional Curriculum Inquiry (TCI) e nos dossiês organizados pela Associação Brasileira de Currículo (ABdC) publicados nas revistas nacionais Currículo sem Fronteiras, e-Curriculum e Teias. Problematiza as vinculações institucionais dos autores que publicaram na TCI e nos dossiês da ABdC, a partir do diálogo com Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault entre agenciamentos coletivos de enunciação que desenham territórios. Evidencia o pensamento-diferença e propaga a ampliação dos espaços de abertura para publicação das pesquisas produzidas por autores vinculados a diferentes instituições e a participação de outras associações e entidades internacionais, com vistas à expansão das conexões nos periódicos do campo curricular.


2017 ◽  
Vol 2 (1) ◽  
pp. 15-56
Author(s):  
Nicholas Gane

El artículo toma como punto de partida la obra de Michel Foucault, particularmente los cursos sobre biopolítica dictados en el Collège de France (1978-1979), para examinar los distintos modelos de vigilancia con los que operan el liberalismo y el neoliberalismo en tanto formas de gobierno. En primer lugar, se hace una re-lectura de Vigilar y Castigar a la luz del análisis que realiza Foucault en sus cursos sobre el arte de gobierno liberal. Se argumenta que el Panóptico no es solo una arquitectura de poder centrada en la disciplina y la normalización, tal como se lo ha entendido comúnmente, sino un modelo normativo de la relación del Estado con el Mercado que, para Foucault, es ‘la fórmula misma de un gobierno liberal’ (2009: 89). En segundo lugar, los límites del panoptismo, y, por extensión, del gobierno liberal, son expuestos a partir del análisis de Gilles Deleuze sobre la mutación de sociedades disciplinarias a sociedades de ‘control’, y los escritos de Zygmunt Bauman acerca de la individualización y el ‘Sinóptico’. En respuesta a Deleuze y Bauman, la última sección de este artículo regresa a los cursos sobre biopolítica de Foucault para argumentar que la sociedad capitalista contemporánea está marcada no solo por la disminución de los poderes estatales o por la transmisión de responsabilidades del Estado al individuo, sino por la mercantilización neoliberal del Estado y sus instituciones en tanto proceso condicionado por una forma específica de gubernamentalidad. En conclusión, se proponen cuatro tipologías de vigilancia: como disciplina, como control, como interactividad y como mecanismo para promover la competencia. Se argumenta que, si bien estos tipos de vigilancia no son mutuamente excluyentes, están configurados por diferentes gubernamentalidades que pueden ser empleadas para examinar diferentes aspectos de la relación entre el Estado y el Mercado, así como lógicas culturales y sociales del capitalismo de mercado contemporáneo en un sentido más amplio.


2010 ◽  
Vol 22 (1) ◽  
pp. 127-140 ◽  
Author(s):  
Abrahão de Oliveira Santos ◽  
Douglas Egidio Gomes Nechio

No presente trabalho, foi explorada uma experiência de estágio com usuários de um Centro de Atenção Psicossocial - CAPS II - no interior do estado de São Paulo. Trata-se de continuar a produção da reflexão da experiência de estágio e supervisão do projeto de saúde mental realizado nesse serviço do SUS. O interesse foi pensar os efeitos do dispositivo grupal e a produção de intervenções de produção de saúde e subjetividade, na esteira das ferramentas propostas por Nietzsche, Michel Foucault, Lourau, Gilles Deleuze e Canguilhem. Por essa via, o propósito foi realizar intervenções capazes de fazer frente às necessidades colocadas pela Reforma Psiquiátrica.


2007 ◽  
Vol 16 (2-3) ◽  
pp. 74-94 ◽  
Author(s):  
Tom Conley

Résumé Dans les dernières pages de L’image-temps, Gilles Deleuze constate que le décor du cinéma moderne se présente très souvent comme celui d’un paysage stratigraphique. Le cinéma, surtout celui qui va d’Antonioni à Straub et Huillet, présente une durée innommable et incommensurable. En partant d’une lecture suivie de Surveiller et punir et d’autres ouvrages de Michel Foucault, en travaillant, dans son livre sur Foucault, la distinction que ce dernier avait établie entre lire et voir, Deleuze évoque ces mêmes paysages. Ces paysages, dit-il, sont jonchés de mots, de lettres et de signes. Éparpillés et enfouis dans le décor, ils constituent des jalons pour des lectures variées du cinéma. Il faut cependant noter que les « strates » que relève le philosophe supposent aussi des stratégies de la part du cinéaste et du spectateur. C’est ainsi que le critique ou l’homme ordinaire du cinéma se mue en une espèce de stratège et est amené à se rapporter au cinéma d’une manière radicalement nouvelle. Le lecteur-stratège est invité à « voir » et à « lire » le paysage du cinéma classique (tel celui du western) comme un espace stratigraphique, donc à penser l’image-temps dans des espaces où l’on n’en soupçonnait pas l’existence. Pourtant, les plans stratigraphiques marquant la tradition du western indiquent que ce que Deleuze appelle l’image-temps — qui constitue le propre du cinéma moderne et du cinéma expérimental — se trouve aussi dans le régime de l’image-mouvement. Sans mettre en question les fins du projet taxinomique de Cinéma 1 et de Cinéma 2, on avancera l’idée que la durée habite bel et bien les paysages des westerns les plus « traditionnels » ou « familiers » : pour en donner une preuve concrète, les dernières lignes de l’analyse qui est proposée ici sont consacrées à la lecture d’un plan « stratigraphique » tiré de Tall in the Saddle (Edwin L. Marin, 1944).


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document