A FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO E BEM VIVER: GÊNESE E PRETENSÃO CRÍTICA DO PENSAMENTO

2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
Author(s):  
Arivaldo Sezyshta
Keyword(s):  

Este artigo tem por objeto apresentar a Filosofia Política Críticada Libertação em Enrique Dussel, analisando sua gênese e evolução emostrando a influência decisiva da filosofia da práxis de Karl Marx paraesse pensamento, em especial a partir do conceito de exterioridade,entendida como sendo o âmbito onde o outro se revela, onde permanecelivre em seu ser distinto. A exterioridade, precisamente, é tida pelaFilosofia da Libertação como a categoria principal do legado marxiano epressuposto teórico fundamental, que viabiliza o discurso de Dussel,sobretudo na opção radical pela vítima, marca de seu pensamentofilosófico. Mediante isso, aqui se assume a tese de que há em Dussel umaparcialidade pela vítima: seu pensamento está construído,propositalmente, em favor da vítima. O esforço deste trabalho é o demostrar que a opção pela vítima será o fio condutor de todo seu pensar, oque cobra da Filosofia da Libertação uma pretensão crítica depensamento, fazendo com que o labor filosófico seja desafiado eprovocado pela necessidade real de auxiliar a vítima, exigência do povolatino-americano em seu caminho de libertação. Em termos de resultado,para além da importância atual do pensamento marxiano para acompreensão da realidade e a crítica ao capitalismo, ressalta-se a relevânciateórico-prática do pensamento dusseliano para a Filosofia Política comoum todo, pelas suas contribuições no cenário contemporâneo, pelacoragem em apontar em direção a outra sociedade, trans-moderna e transcapitalista,já em curso nas práticas coletivas de Bem Viver.

2018 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 9-31
Author(s):  
Arivaldo Sezyshta

Resumo: Este artigo tem por objeto apresentar a Filosofia Política Crítica da Libertação em Enrique Dussel, analisando sua gênese e evolução e mostrando a influência decisiva da filosofia da práxis de Karl Marx para esse pensamento, em especial a partir do conceito de exterioridade, entendida como sendo o âmbito onde o outro se revela, onde permanece livre em seu ser distinto. A exterioridade, precisamente, é tida pela Filosofia da Libertação como a categoria principal do legado marxiano e pressuposto teórico fundamental, que viabiliza o discurso de Dussel, sobretudo na opção radical pela vítima, marca de seu pensamento filosófico. Mediante isso, aqui se assume a tese de que há em Dussel uma parcialidade pela vítima: seu pensamento está construído, propositalmente, em favor da vítima. O esforço deste trabalho é o de mostrar que a opção pela vítima será o fio condutor de todo seu pensar, o que cobra da Filosofia da Libertação uma pretensão crítica de pensamento, fazendo com que o labor filosófico seja desafiado e provocado pela necessidade real de auxiliar a vítima, exigência do povo latino-americano em seu caminho de libertação. Em termos de resultado, para além da importância atual do pensamento marxiano para a compreensão da realidade e a crítica ao capitalismo, ressalta-se a relevância teórico-prática do pensamento dusseliano para a Filosofia Política como um todo, pelas suas contribuições no cenário contemporâneo, pela coragem em apontar em direção a outra sociedade, trans-moderna e transcapitalista, já em curso nas práticas coletivas de Bem Viver.Palavras-chaves: Filosofia. Libertação. Enrique Dussel. Bem Viver. Abstract: This article aims to present the Critical Political Philosophy of Liberation in Enrique Dussel, analysing its genesis and evolution and showing the decisive influence of Karl Marx’s philosophy to his thought. Especially from his concept of exteriority, understood as being the space where the other reveals itself, where it remains free in its distinct being. The Externality, precisely, is considered by the Philosophy of Liberation as the main category of the Marxian legacy. It is the fundamental theoretical presupposition, which makes Dussel's speech possible, mainly in the radical choice for the victim, the hallmark of his philosophical thought. Hereby the assumption is made that there is in Dussel a partiality for the victim: his thought is purposely constructed in favour of the victim. The effort of this work is to show that the option for the victim will be the guiding thread of all his thinking, which demands from the Philosophy of Liberation a critical pretension of thought. Thus, causing the philosophical work to be challenged and provoked by the real need to help the victim, the demand of the Latin American people in their way of liberation. In addition to the current importance of Marxian thought for the understanding of reality and the critique of capitalism, the theoreticalpractical relevance of Dusselian thought for Political Philosophy as a whole is emphasized by its contributions in the contemporary scenario, by the courage to point towards another society, trans-modern and transcapitalist, already under way in the collective practices of Well Living.Keywords: Philosophy. Release. Enrique Dussel. Well living. REFERÊNCIAS   ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.ARGOTE, Gérman Marquínez. Ensayo Preliminar y Bibliografia. In: DUSSEL, Enrique. Filosofia de la liberación latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1979.BOULAGA, Eboussi. La crise Du Muntu: authenticité africaine Et philosophie. Paris: Présence Africaine, 1977.CALDERA, Alejandro Serrano. Filosofia e crise: pela filosofia latinoamericana. Petrópolis: Vozes, 1984.CAIO, José Sotero. Manifesto-Declaração do Rio de Janeiro/1993. In: PIRES, Cecília Pinto (Org.) Vozes silenciadas: ensaios de ética e filosofia política. Ijuí: Editora Inijuí, 2003, p.263-271.CASALLA, Mario Carlos. Razón y liberación: notas para una filosofia latinoamericana. Buenos Aires: Siglo XXI, 1973.DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação - na América Latina. São Paulo: Loyola, 1977._______. Filosofia de la Liberación Latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1979._______. Para uma ética da libertação latino-americana III: eticidade e moralidade. São Paulo: Loyola, 1982._______. Filosofía de la producción. Bogotá: Editorial Nueva América, 1984._______. Ética comunitária. Madrid, Ediciones Paulinas, 1986._______. Introdución a la filosofía de la liberación. Bogotá: Nueva América, 1988._______. 1492 – O encobrimento do Outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993. _______. Filosofia da libertação: crítica à ideologia da exclusão. São Paulo: Paulus, 1995._______. Filosofía de la Liberación. Bogotá: Editorial Nueva América, 1996._______. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes, 2000. _______. Hacia una filosofia política crítica. Bilbao: Desclée, 2001._______. 20 teses de política. São Paulo: Expressão Popular, 2007.FANÓN, Franz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.FLORES, Alberto Vivar. Antropologia da libertação latino-americana. São Paulo: Paulinas, 1991.FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974 GULDBERG, Horacio C. Filosofía de la liberación latinoamericana. México: Fondo de Cultura Económica, 1983.IFIL. Livre Filosofar: Boletim Informativo do Ifil, Ano IX, No.18, 1988.LAS CASAS, Bartolomé de. O Paraíso perdido: Brevíssima relação da destruição das Índias. Trad.: Heraldo Barbuy. 6 ed. Porto Alegre: L&PM, 1996.LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Martins Fontes, 2009.LÖWY, Michael. Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez, 2005.MARTI, José. Política de  nuestra América. México: Siglo XXI, 1987.SEZYSHTA, Arivaldo José e et al. Por uma terra sem males: seminário de formação para educadores e educadoras. Recife: Dom Bosco, 2003.ZEA, Leopoldo. Dependencia y liberación en la cultura Latinoamericana. México: Joaquín Mortiz, 1974.ZIMMERMANN, Roque. América Latina o não ser: uma abordagem filosófica a partir de Enrique Dussel (1962-1976). Petrópolis: Vozes: Petrópolis, 1987.


Author(s):  
Alejandro Fernando González Jiménez

En este trabajo se intenta proponer, desde los márgenes, elementos que cuestionen la forma tradicional de iniciar la lectura de los Grundrisse de Karl Marx y propone al mismo tiempo la restitución del manuscrito llamado “Bastiat y Carey” como su verdadero comienzo argumental. Ello a través de una revisión panorámica de su recepción en América Latina y en particular en la recepción hecha de los manuscritos de 1857-58 de la crítica de la economía política por Enrique Dussel. Partiendo de la importancia que este autor latinoamericano pone sobre la necesidad en Marx de pensar el concepto de producción en general


2019 ◽  
Vol 40 (121) ◽  
Author(s):  
Andrés Felipe Rivera Gómez
Keyword(s):  

La figura de Karl Marx ha sido vista por algunos católicos como ateísta dada las expresiones tomadas fuera de contexto del pensador de Tréveris. No obstante, con rigurosidad el filósofo Enrique Dussel presenta una imagen muy diferente. Marx en realidad va a ser un crítico de los cristianos burgueses de su época, que confundieron el pensamiento de Jesús con un fetichismo bajo el cual terminaron sacrificando vidas inocentes. De hecho, llegaron a impulsar una violencia de lo sagrado que alcanza incluso hasta nuestros días. Por esta razón es fundamental hacer una relectura del pensamiento marxista desde la teología de la liberación para contribuir a la emancipación del ser humano de todo aquello que lo deshumaniza “en nombre de Dios”.


Ciencia Unemi ◽  
2019 ◽  
Vol 12 (30) ◽  
pp. 130-142
Author(s):  
Pablo Alfredo Suárez-Guerra

El presente trabajo discute esenciales fundamentos históricos, antropológicos, económicos e ideológicos del modo de producción de conocimiento a partir del modo de producción de vida general del ser humano, a fin de cuestionar las matrices de la hegemonía epistemológica racionalista de la modernidad capitalista, que ancla su razón de ser en una estructura económico-política dominante que destruye material e intelectualmente al Otro para construirlo como objeto dominado y de conocimiento, lo cual se traduce en el posicionamiento centenario de una dicotomía jerárquica conocimiento/”saberes ancestrales”, y realiza, finalmente, algunas sugerencias respecto de la incorporación de los denominados saberes ancestrales en la educación ordinaria. Con base en las premisas críticas del materialismo histórico de Karl Marx y la filosofía y la ética de la liberación de Enrique Dussel, entre otros, se apunta brevemente la necesidad de replantear el problema de la validación de todo saber o conocimiento en la vida, lo cual implica subvertir las bases epistemológicas de las diversas disciplinas con base en un diálogo teórico-práctico intercultural en equidad, y los fundamentos económicos, éticos, políticos e ideológicos que nutren tales bases y que destruyen, invisibilizan, discriminan e instrumentalizan las producciones materiales e intelectuales contrarias o contradictorias al statu quo del capital. AbstractThis paper discusses essential historical, anthropological, economic and ideological foundations of the mode of production of knowledge from the general mode of production of life of the human being, in order to question the matrices of the epistemological rationalist hegemony of capitalist modernity, which anchors its raison d'être in a dominant economic-political structure that materially and intellectually destroys the other in order to construct it as a dominated and knowledge object, which translates into the centenary positioning of a hierarchical knowledge/"ancestral knowledge" dichotomy, and finally makes some suggestions regarding the incorporation of so-called ancestral knowledge into ordinary education. Based on the critical premises of Karl Marx's historical materialism and Enrique Dussel's philosophy and ethics of liberation, among others, the need to rethink the problem of the validation of all knowledge or knowledge in life is briefly pointed out, which implies subverting the epistemological bases of the diverse disciplines based on an intercultural theoretical-practical dialogue in equity, and the economic, ethical, political and ideological foundations that nourish such bases and that destroy, invisibilize, discriminate and instrumentalize the material and intellectual productions contrary or contradictory to the status quo of capital.


2015 ◽  
Vol 2 (2) ◽  
pp. 224
Author(s):  
Felix Cossío Romero
Keyword(s):  

El objetivo principal del siguiente trabajo es evidenciar los puntos de encuentro entre Enrique Dussel y Karl Marx, desde lo económico y cultural, y mostrar como Dussel desarrolla más satisfactoriamente algunas tesis marxistas.


Author(s):  
Rosalvo Schütz

 Mesmo tendo sido a teoria de Hegel muito fecunda para Marx, o caráter crítico do pensamento de Marx se deve mais a sua capacidade de pensar à contrapelo de Hegel. Marx não se contenta em descrever certa realidade a partir de um princípio: busca evidenciar as possibilidades objetivas existentes, mas bloqueadas e não tematizáveis a partir de uma determinada totalidade. Tanto Adorno quanto Dussel apontam para esta dimensão do pensamento de Marx como fundadora do seu caráter crítico: pensar desde a exterioridade, desde o não-idêntico. Exemplarmente isto será demonstrado na função que o trabalho vivo e produtividade viva tem para Marx.


2020 ◽  
Vol 21 (42) ◽  
pp. 39
Author(s):  
Jorge Luiz Ayres Gonzaga ◽  
Gilberto Ferreira ◽  
Gilberto Ferreira

O presente estudo tem como objetivo analisar a reestruturação curricular realizada no Estado do Rio Grande do Sul no período do ano de 2011 a 2014, denominado de Ensino Médio Politécnico. Procura compreender em que dimensão esta reestruturação contribuiu para qualificação da educação pública. O referencial teórico está articulado em três concepções e em suas possíveis aproximações sendo elas a propostas elaboradas por Karl Marx explicitadas no Materialismo Histórico e Dialético, nas concepções de Modernidade e Colonialidade, na Descolonialidade do saber e do poder elaboradas por Aníbal Quijano, da Filosofia da Libertação de Enrique Dussel e nos princípios da Educação Popular concebidos por Paulo Freire. A metodologia de pesquisa utilizada é a concepção dialética da história a partir das análises do referencial teórico, dos documentos emanados pela Secretaria Estadual da Educação do Estado do Rio Grande do Sul e em resultados de avaliações externas do INEP e do ENEM ambos vinculados ao MEC e estudos de pesquisadores sobre o tema no nível de mestrado e doutorado. Os resultados apontam para qualificação desta etapa da Educação Básica. Os índices de retenção e de abandono obtiveram significativo declínio bem como as avaliações de proficiência como demonstram os gráficos no estudo.


2017 ◽  
Vol 16 (1) ◽  
pp. 65
Author(s):  
César Augusto Costa ◽  
Carlos Frederico Loureiro

O propósito deste ensaio é destacar alguns pressupostos e implicações políticas da filosofia de Karl Marx na leitura de Enrique Dussel, trazendo contribuições teóricas para o processo de lutas sociais na América Latina. Temos convicção que a aproximação dos autores mencionados contribui de forma impar diante os processos libertários neste contexto. O presente trabalho está sistematizado em três tópicos, que se seguem à introdução, onde reiteramos as convergências críticas entre o filósofo argentino Enrique Dussel e o alemão Karl Marx para a compreensão da América Latina. Inicialmente, abordaremos elementos reflexivos sobre Marx na leitura filosófica de Dussel. Em seguida, situaremos o cenário de expropriações e lutas sociais no sistema-mundo moderno colonial a partir deste referencial da América Latina. Por fim, na parte conclusiva, pontuaremos as “interpelações críticas” a partir de Dussel e Marx, na perspectiva das lutas sociais latino-americanas, que se constituem em filósofos fundamentais para compreendermos o processo de expropriações e lutas sociais no âmbito latino-americano.


2021 ◽  
Vol 13 (26) ◽  
pp. 122-137
Author(s):  
Silvia Gabriel Teixeira ◽  
Jose Luiz Quadros de Magalhães

Os estudos decoloniais vem com a proposta de repensar do sistema mundo moderno. Enrique Dussel ao propor a Filosofia da Libertação faz uma análise complexa sobre a América Latina, sobre o ser latino e busca, através da transmodernidade, apresentar uma ética da libertação. Contudo, para esse caminhar Dussel faz diálogos com diversos autores. No presente trabalho apresenta-se a segunda fase da filosofia dusseliana, a partir da releitura dos textos de Karl Marx, os seus encontros e pontos de divergência. A filosofia da libertação trata-se de um autodescobrimento, como um ser cidadão com direito de participação, de escolhas. A descoberta de si mesmo permite perceber o outro diverso, dentro de uma perspectiva de complementaridade.


Author(s):  
Alejandro Fernando González Jiménez

En este trabajo se intenta proponer, desde los márgenes, elementos que cuestionen la forma tradicional de iniciar la lectura de los Grundrisse de Karl Marx y propone al mismo tiempo la restitución del manuscrito llamado “Bastiat y Carey” como su verdadero comienzo argumental. Ello a través de una revisión panorámica de su recepción en América Latina y en particular en la recepción hecha de los manuscritos de 1857-58 de la crítica de la economía política por Enrique Dussel. Partiendo de la importancia que este autor latinoamericano pone sobre la necesidad en Marx de pensar el concepto de producción en general


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document