scholarly journals Ruínas do futuro

2021 ◽  
Author(s):  
Otília Beatriz Fiori Arantes

Os dois ensaios que compõem este e-book, “Ruinas do Futuro” e “A era das formas urbanas extremas”, foram redigidos a rigor em continuidade. O primeiro, uma reflexão introdutória ao livro Chai-na — estudo de caso da China como máquina acelerada de crescimento urbano, alavancado pela Olímpiada de 2008. O segundo, uma conferência no ENANPARQ de 2012, tira consequências do que foi esboçado na segunda parte daquele livro, acerca das hiper- ou trans- urbanizações nas grandes cidades (ou aglomerações) asiáticas e africanas, e identifica o contraponto obsceno representado pela proliferação do que Mike Davis e Daniel Monk chamaram de paraísos fora da lei. Ambos estudos se completam para fornecer um panorama não só dos contrastes monstruosos que definem o mundo contemporâneo, mas o cenário original do que viria ser chamado de “urbanismo militar” (tempo de cidades sitiadas, escaneadas, de populações-alvo rastreadas, vigiadas, preventivamente contidas e abordadas segundo perfis de risco). Abrindo o volume, Otília Arantes, para analisar a China e sua fantasia megalômana de um futuro que se quer infinito, foi buscar no passado as aspirações  coletivas, de realização ou superação, que animaram a história da moderna sociedade capitalista, os dreamworlds que embalaram os devaneios de prosperidade das populações a leste e oeste da divisão entre os dois grandes blocos da guerra fria. Quando despertaram desse sonho utópico de produção e consumo de massa, tais populações se depararam com a dureza da dura realidade: de um lado, a gigantesca expansão do “planeta favela” fechando a fronteira urbana, de outro, o recobrimento de suas contradições pelas “folies” do Star System arquitetônico. A evocação de Benjamin, neste primeiro ensaio, está diretamente vinculada à constatação do fenômeno que, no geral, acompanha estes grandes acontecimentos de massa: o sonho coletivo de bem aventurança, felicidade e poder. Desde o século XIX, esta colonização dos sonhos foi um dado que  Benjamin, por mais que apostasse num despertar para a revolução, não ignorava. Hoje, segundo a Autora, a crença de que a remodelagem do mundo pela industrialização-urbanização levaria as massas ao paraíso teria ruído. Duas formas de “mundo de sonho”, comparadas no momento mesmo de um falso despertar, como mostram os dois ensaios, o segundo, tendo como principal referência cidades do chamado terceiro mundo.   Palavras-chave:  China, Dreamworld, Hiperespacialidade, Hiperurbanização, Lagos, Luna Park, Mike Davis, Moscou, Mundos de Sonhos, New York delirante, Paraísos do Mal, Paris, capital do século XIX, Perestroika, Planeta Favela, Rem Kolhaas, Rockfeller Center, Ruinas do futuro, Sonho americano, Star system da arquitetura, Steven Graham, Susan Buck-Morse, Susan Sontag, Skyscraper, Transurbanização, Urbanismo militar, Walter Benjamin

Ícone ◽  
2018 ◽  
Vol 16 (2) ◽  
pp. 210-224
Author(s):  
Marina Feldhues

Este trabalho procura refletir sobre se é possível pensar sobre a realidade do mundo, procurar compreender a realidade, por meio da fotografia. Para tanto, parte das proposições levantadas por Susan Sontag sobre o assunto. Na sequência, faz uma revisão teórica das proposições de Sontag à luz das reflexões trazidas por Jacques Rancière sobre imagem, operações de arte e montagem; Walter Benjamin sobre o ato de narrar; Gerry Badger e László Moholy-Nagy sobre narrar como fotos; e Gilles Deleuze sobre o pensamento como experiência.  Por último, procuramos analisar, com base nas reflexões trazidas pelos autores mencionados, como as operações artísticas da instalação Truth Study Center de Wolfgang Tillmans, contribuem para refletirmos sobre a experiência de pensar a realidade do mundo a partir de fotografias.


2002 ◽  
Vol 96 (1) ◽  
pp. 189-191
Author(s):  
Nicholas Xenos

David McNally styles this book as beginning in a polemic and ending in a “materialist approach to language” much indebted to the German critic Walter Benjamin. The charge is that “postmodernist theory, whether it calls itself poststructuralism, deconstruction or post-Marxism, is constituted by a radical attempt to banish the real human body—the sensate, biocultural, laboring body—from the sphere of language and social life” (p. 1). By treating language as an abstraction, McNally argues, postmodernism constitutes a form of idealism. More than that, it succumbs to and perpetuates the fetishism of commodities disclosed by Marx insofar as it treats the products of human laboring bodies as entities independently of them. Clearly irritated by the claims to radicalism made by those he labels postmodern, McNally thinks he has found their Achilles' heel: “The extra-discursive body, the body that exceeds language and discourse, is the ‘other’ of the new idealism, the entity it seeks to efface in order to bestow absolute sovereignty on language. To acknowledge the centrality of the sensate body to language and society is thus to threaten the whole edifice of postmodernist theory” (p. 2).


Ritið ◽  
2018 ◽  
Vol 18 (2) ◽  
pp. 17-49
Author(s):  
Ástráður Eysteinsson

This essay concerns itself with perceptions of the urban sphere, with its manifestations in literature and life writing, and with the city as a place of strangeness and travel in various senses, including the ways in which it pertains to the individual world view. Cities are places of density and internal connections, but their gates also open out and connect with other places, and increasingly other cities. Following a discussion of the Icelandic links between Copenhagen and Reykjavík, and the slow emergence of the latter as a „literary capital“, the course is set for foreign cities, including Berlin and Paris in the company of Walter Benjamin, and the experience of getting lost with Franz Kafka in places that may be Prague and New York. In attempting to answer the question whether it is possible to become intimate with cities, we have recourse to city guides, life maps, a touring theatre – and the art of losing and finding.


2006 ◽  
Vol 5 (4) ◽  
pp. 451-462

Books reviewed: High Stakes: Big Time Sports and Downtown Redevelopment, by Timothy Jon Curry, Kent Schwirian, and Rachael A. Woldoff. Columbus: The Ohio State University Press, 2004. xiv, 184 pp. Protecting Home: Class, Race and Masculinity in Boys' Baseball, by Sherri Grasmuck. New Brunswick: Rutgers University Press, 2005. 304 pp. ISBN: 0813535557 (paper). Desegregating the City: Ghettos, Enclaves, and Inequality edited by David P. Varady. State University of New York Press, 2005. 310 pages + xix Mobilizing an Asian American Community, by Linda Trinh Võ. Philadelphia: Temple University Press, 2004. 304 pp. ISBM: 1‐59213‐262‐6 (paper). Planet of Slums, by Mike Davis. New York: Verso, 2006. 228 pp. ISBN: 1844670228 (cloth). Double Trouble: Black Mayors, Black Communities, and the Call for a Deep Democracy, by J. Phillip Thompson, III. New York: Oxford University Press, 2005. 360 pp. ISBN: 0195177339 (cloth).


2021 ◽  
Author(s):  
Ivor Shapiro

This Review Essay examines four books that offer a variety of explanations fabrication and plagiarism within journalism. They include explanations offered by the two most famous recent perpetrators of fabrication (Jayson Blair and Stephen Glass), as well as an analysis of the recent scandals at the New York Times and of cheating in the wider society. Among the explanations probed are workplace pressure, the "star" system in journalism, and the culture of trust and lack of policing within news organizations. Simpler explanations are rejected, including pure ambition, lack of ability, dysfunctional management, and affirmative action.


2021 ◽  
Vol 3 (4) ◽  
pp. 121-131
Author(s):  
Nathalia Freire de Oliveira Barbosa

Pensando no papel da fotografia na construção e reforço de múltiplos discursos, este artigo busca expandir a análise de Walter Benjamin em Pequena história da fotografia sobre a foto de atelier do escritor Franz Kafka. A consideração sobre o olhar triste e desolado de Kafka contrastando com o cenário planejado, para proporcionar uma imagem de aura luxuosa e enfeitada, trouxe um questionamento ampliado que este artigo busca responder: analisando pessoas que escreveram sobre si mesmas, quais são os pontos de contato e de divergência entre autorrepresentação por meio da escrita e pelo olhar dos outros por meio da câmera e das fotografias? Por ser de caráter ainda obscuro, o foco da investigação são autoras de diferentes épocas com estilos distintos entre si: Anne Frank e suas fotografias familiares, Sylvia Plath e o estabelecimento de um ideal feminino por meio das aparências e, por fim, a artista punk Patti Smith e os Estados Unidos como cenário mutável e de “refugo”. Para discorrer sobre os relatos dessas mulheres sobre si mesmas e suas imagens estabelecidas na história, este artigo recorre aos ensaios de Susan Sontag, relacionando fotografia, contexto histórico e literatura.


2006 ◽  
Vol 31 (1) ◽  
Author(s):  
Ivor Shapiro

This Revew Essay examines four books that offer a variery of explanations fabrication and plagiarism within journalism. They include explanations offered by the two most famous recent perpetrators of fabrication (Jayson Blair and Stephen Glass), as well as an analysis of the recent scandals at the New York Times and of cheating in the wider society. Among the explanations probed are workplace pressure, the "star" system in journalism, and the culture of trust and lack of policing within news organizations. Simpler explanations are rejected, including pure ambition, lack of ability, dysfunctional management, and affirmative action.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document