scholarly journals Educação (Ambiental): moldando corpos para gerir a vida?

2021 ◽  
Vol 25 ◽  
pp. 1-14
Author(s):  
Luiz Ricardo Oliveira Santos

A Educação Ambiental (EA) estaria livre de vínculos institucionais e isenta das formas de governo existentes na sociedade? Mesmo baseada em ações necessárias à sustentabilidade ambiental, manifesta-se como um processo libertário? Este estudo objetivou problematizar a relação entre EA, biopolítica e governamentalidade, explicando como esses conceitos se encontram, a partir do entendimento de que a EA é um processo que molda corpos e se baseia na biopolítica, ao gerenciar maneiras de preservar a vida. Para isso, as estruturas histórico-institucionais da EA serão abordadas num contexto global e no Brasil, traçando sua relação com as macrotendências da EA e instrumentos de poder, com base em Michel Foucault, Paulo Freire e Louis Althusser. Assim, entende-se que a EA se aproxima de um horizonte da biopolítica, através de práticas governamentais para alcançar a sustentabilidade ambiental, apesar da importância dessas ações no contexto atual.

2020 ◽  
Vol 46 ◽  
Author(s):  
Davis Moreira Alvim ◽  
Izabel Rizzi Mação ◽  
Steferson Zanoni Roseiro

Resumo Um silêncio paira sobre as filosofias da educação. Dentre a constelação conceitual que perpassa noções como ideologia, poder disciplinar, emancipação, desinstalação da escola, histórico-criticismo, defesa do escolar e autodidatismo, as lutas estudantis na e pela escola permanecem nebulosas em seu potencial contestatório e inventivo. Busca-se questionar as filosofias da educação quanto ao papel das lutas escolares em seus processos de apropriação e transformação da escola, considerando, especialmente, as ocupações secundaristas – ou ocupas – e os movimentos de resistência e cooperação empreendidos por alunos e alunas. Propõe-se uma cartografia das resistências escolares a partir das enunciações filosóficas que apreendem a escola a partir das relações de poder e, por outro lado, aquelas nas quais a escola emerge como possível local de emancipação e transformação. Entre as proposições filosóficas analisadas estão a teoria dos Aparelhos Ideológicos de Estado de Louis Althusser, o dispositivo de poder disciplinar de Michel Foucault, a noção de desinstalação da escola produzida por Ivan Illich, a pedagogia do oprimido em Paulo Freire, a pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani, a defesa do escolar promovida por Jan Masschelein e Maarten Simons e, enfim, o autodidatismo libertário conforme propõe David Ribeiro Tavares. Conclui-se que, ao contrário do que sugerem as ocupações secundaristas, uma longa tradição filosófica sobre a educação vem, sistematicamente, negando aos estudantes o papel de elementos ativos na invenção da escola, investindo pouco ou nenhum pensamento nas lutas estudantis.


Perspectiva ◽  
2012 ◽  
Vol 30 (2) ◽  
pp. 499-520 ◽  
Author(s):  
Marcos Reigota

No presente artigo, são apresentadas algumas questões, acontecimentos e autores quecontribuíram para a Educação Ambiental se constituir como campo (na definição deBourdieu) no espaço científico brasileiro e internacional. Num segundo momento, aEducação Ambiental é analisada como campo emergente, que se encontra defrontadacom a concepção hegemônica neoliberal, competitiva e produtivista de ciência e,portanto, antagônica ao ideário ecologista que originou e identifica as “educaçõesambientais” (Rodrigo Barchi). Entre os autores que colaboram com a argumentação doautor, encontram-se Álvaro Vieira Pinto, Paulo Freire, Jean Ladrière, Isabelle Stengers,Pierre Bourdieu e Michel Foucault. A diversidade epistemológica entre esses autoresse justifica, pois o autor do artigo procurar explicitar um itinerário pessoal de leiturasao longo de sua trajetória que coincide com o momento histórico da emergência daEducação Ambiental como campo.


2009 ◽  
Vol 39 (136) ◽  
pp. 225-242 ◽  
Author(s):  
Maria Manuela Alves Garcia
Keyword(s):  

O trabalho discute o funcionamento de pedagogias e didáticas que se denominam críticas e progressistas no governo da conduta dos docentes críticos e intelectuais educacionais de esquerda, no Brasil das décadas finais do século passado. Apropriando-se das investigações de Michel Foucault acerca da ética e dos modos de subjetivação, explora as formas de trabalho ético e a moralidade da conduta pedagógica e docente instituídas no país pelas pedagogias críticas em algumas vertentes do discurso pedagógico brasileiro, como no pensamento de Paulo Freire, e também no pensamento de Dermeval Saviani, do início dos oitenta, dividindo as lutas do campo intelectual da educação brasileira a esse tempo. Dá ênfase a uma descrição da tecnologia pedagógica crítica posta em exercício por essas pedagogias nos cursos de formação docente em nível superior e em outros níveis de ensino, que alia a fabricação de uma moral pastoral e ascética implicada no esclarecimento das consciências e exercícios centrados em uma hermenêutica do eu que tem como característica, entre outras, a decifração de si.


2008 ◽  
Vol 13 (39) ◽  
pp. 470-482 ◽  
Author(s):  
Reinaldo Matias Fleuri

O pensamento de Michel Foucault ajuda-nos a compreender os dispositivos de poder disciplinar vigentes na organização escolar que promovem a sujeição dos indivíduos. Ajuda-nos também a entender os processos de resistência expressos por vezes em ações de rebeldia individual ou coletiva. O artigo busca entender - pela óptica da complexidade (Gregory Bateson) e na perspectiva pedagógica de Paulo Freire e de Céléstin Freinet - como trabalhar com as manifestações de rebeldia, na direção de uma prática educativa emancipatória, dialógica e democrática. As práticas de transgressão podem constituir as bases para processos educativos que superem as relações de saber-poder disciplinar, na medida em que forem assumidas coletivamente (consolidando relações de reciprocidade e solidariedade) e ativamente (cultivando a diversidade de iniciativas e interações). Para isso, é preciso desvencilhá-la do caráter de delinqüência que lhe é impingido pelo sistema examinatório de vigilância e sanção.


Author(s):  
Michael A. Peters ◽  
Marek Tesar ◽  
Kirsten Locke

Michel Foucault was born in Poitiers in 1926 and died of AIDS in 1984 at the age of 57. In his short life span Foucault became an emblem for a generation of intellectuals: someone who embodied in his work the most-pressing intellectual issues of his time. In his inaugural lecture at the Collège de France, he named as his closest supports and models Georges Dumèzil, Georges Canguilhem (the philosopher of biology who succeeded Gaston Bachelard at the Sorbonne), and Jean Hyppolite. He was a student both of Louis Althusser and Maurice Merleau-Ponty. He grew up in the tradition of a history of philosophy that dominated the French university, a history that gave pride of place to Hegel and helped to legitimate the contemporaneous emphases on phenomenology and existentialism, especially as it developed in the thought of Jean-Paul Sartre. He was classified by the popular press as a member of the structuralist Gang of Four, along with Claude Lévi-Strauss, Jacques Lacan, and Roland Barthes. Foucault in 1964 indicated his intellectual debts in an early essay titled “Nietzsche, Freud, Marx,” yet his relationship to Marx and Marxism was more complex and problematic than his engagement with Nietzsche, whose Genealogy of Morals (originally published in 1887) provided a model for historical study. He came to Nietzsche through the writings of Georges Bataille and Maurice Blanchot, both of whom exercised tremendous influence on his work. Yet, it was Nietzsche and Martin Heidegger who helped Foucault to frame up his life’s work as the history by which human beings become subjects and to change the emphasis of his early work from political subjugation of “docile bodies” to individuals as self-determining beings continually in the process of constituting themselves as ethical subjects. In this article we focus on internationally published English editions to avoid confusion and to provide readers a balanced overview of top-quality sources currently available.


1999 ◽  
Vol 69 (2) ◽  
pp. 150-172 ◽  
Author(s):  
Ramon Flecha

In this article, Ramón Flecha discusses the growth of racism in modern-day Europe and the challenges it poses for education and educators. The author distinguishes between two kinds of racism: an older, modern racism and a newer, postmodern racism. The former is based on arguments of inequality and the existence of inferior or superior ethnicities and races. The latter holds that ethnicities and races are neither inferior nor superior; they are merely different. It emphasizes the impossibility of equitable dialogue among different races and ethnicities to establish common rules for living together. Although a tradition of anti-racist education exists in Europe, educators often do not have the intellectual and educational tools to combat this form of racism. Flecha suggests that educators have tried to combat racism by developing anti-racist pedagogies that use the relativist approach advocated by contemporary thinkers such as Michel Foucault and Jacques Derrida. He argues that this approach challenges modern racism but actually promotes postmodern racism. Drawing from works of dialogic theorists such as Paulo Freire and Jürgen Habermas, Flecha recommends instead that educators use the dialogic approach, which emphasizes the need for equal rights among all people, to develop effective anti-racist pedagogies that can deal simultaneously with both forms of racism.


2018 ◽  
Vol 62 (1) ◽  
pp. 149-162
Author(s):  
Ian Leask ◽  

This article examines the possibility that phenomenology was “always already” a theological enterprise, by outlining some of the foundational criticisms levelled by Michel Foucault and Louis Althusser. For both thinkers, the phenomenological stress on “lived experience” grants an undue primacy to the realm of “interiority”; as a result, subjectivity is left, not just reified, but also deified. By contrast, both Foucault and Althusser will argue for understanding the subject as constituted rather than constitutive; philosophy’s task, accordingly, is to delineate the broader structures (economic, ideological, discursive, linguistic, etc.) that create “lived experience,” rather than to hypostatize the subject as the privileged bearer of logos. As well as outlining the contours of this critique, however, the article indicates some of the shortcomings entailed in a total disavowal of “lived experience.”


2020 ◽  
Vol 14 ◽  
pp. 3561089
Author(s):  
Francikely Da Cunha Bandeira ◽  
Maria Lígia Isídio Alves ◽  
Gildivan Francisco das Neves

BOOK REVIEW/RESENHA/RESEÑA [BRUTSCHER, Volmir José; SCOCUGLIA, Afonso Celso. Discursos da educação popular contemporânea: encontros com Michel Foucault e Paulo Freire. João Pessoa, PB: Editora da UFPB, 2017. 304 p.]Palavras-chave: Educação popular, Michel Foucault, Paulo Freire.Keywords: Popular education.Palabras claves: Educación popular.e3561089


Em Tese ◽  
2016 ◽  
Vol 21 (2) ◽  
pp. 196
Author(s):  
Letícia Malloy

Este ensaio objetiva apresentar reflexões sobre o romance Diario de la guerra del cerdo, escrito pelo argentino Adolfo Bioy Casares e publicado no ano de 1969. Toma-se por foco a análise de três eixos temáticos de relevo constantes do referido texto literário, quais sejam, a velhice, a memória e o poder. Para tanto, dialoga-se perspectivas teóricas de Simone de Beauvoir, no que toca à velhice, e Gerard Genette e Phillipe Lejeune acerca do narrador e do registro de memórias. Discorre-se, ainda, a respeito das relações de poder fomentadas ao longo do romance com fundamento em teses desenvolvidas por Michel Foucault, Louis Althusser e Pierre Bourdieu.PALAVRAS-CHAVE: Adolfo Bioy Casares; velhice; conflito geracional; memória; relações de poder


Eidos ◽  
2021 ◽  
Vol 36 ◽  
pp. 44-78
Author(s):  
Milany Andrea Gómez Betancur ◽  
Jorge Polo Blanco

Este trabajo pretende analizar el papel jugado por la ideología en lo que respecta al despliegue histórico de los derechos humanos, interrogándose sobre si dicho despliegue ha cumplido con una función eminentemente ideológica. La reflexión transcurrirá a través de la visión de dos pensadores que han sostenido una de las discusiones filosóficas contemporáneas más interesantes: Louis Althusser y Michel Foucault. En un primer momento, se esbozará la teoría althusseriana de la ideología, con el fin de sostener que los derechos humanos han operado como un “aparato ideológico”, interpelando al individuo desde un contexto inmanentemente capitalista. En un segundo momento, comprobaremos que Michel Foucault fue muy crítico con los planteamientos althusserianos. La noción de sujeto trascendental será crucial en dicha crítica, puesto que en la perspectiva foucaultiana nunca existen sujetos constituidos con anterioridad a las tramas de poder efectivas. En el análisis foucaultiano, la ideología dejará de ocupar un lugar esencial. Las aportaciones de Slavoj Žižek también resultarán, por cierto, determinantes en toda esta discusión. Finalmente, se trazarán algunas reflexiones críticas para pensar la posibilidad emancipadora de los derechos humanos en el mundo contemporáneo.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document