Do sublime e do grotesco: a obscenidade em Hilda Hilst
Este trabalho tem por objetivo tratar da relação dialógica entre sublime e grotesco na obra A obscena Senhora D, de Hilda Hilst, tendo por base sua condição de ficção contemporânea permeada por recondicionamentos da língua em sua performance no tempo não linear. Nesse sentido, utilizou-se dos estudos sobre o sublime, como conceito histórico e filosófico-literário, nas obras de Longino, Edmund Burke, Immanuel Kant, Victor Hugo e François Lyotard. Das questões referentes às discussões sobre o grotesco e sua interlocução com os caminhos do sublime, tiveram relevante importância os trabalhos de Mikhail Bakhtin e Michel Maffesoli - na relação poético-obscena da obra, debatida em conceitos convergentes, como obscenidade, erotismo, sagrado e profano. Dessas análises, concluiu-se que, em A obscena Senhora D, o sublime e o grotesco evidenciam-se num caráter multifacetado, contraditório, interlocutório e, por isso, não excludente: sedimentando o híbrido fluxo linguístico-imagético da literatura hilstiana.