scholarly journals Reflexões em torno da ‘peste da insônia’, em Cem anos de solidão

2018 ◽  
Vol 40 (1) ◽  
pp. 32706
Author(s):  
Marcelo Ferraz Paula

  O artigo propõe uma leitura crítica de episódio presente no início do romance Cem anos de solidão (1967), de Gabriel García Márquez. A passagem gira em torno dos sucessos decorrentes da ‘peste da insônia’, que contamina os habitantes de Macondo e se difunde pela cidade, causando a perda das memórias. Além de situar essa passagem dentro da dinâmica geral da obra, discutimos alguns sentidos possíveis para as estratégias que os personagens desenvolvem diante da iminente deterioração das recordações. Com base nas contribuições teóricas de Adorno e Horkheimer (1985), Benjamin (1996) e Gagnebin (2014), concluímos que o enfrentamento da crise da insônia pode ser interpretado como superação da ‘pré-história’ de Macondo e que as estratégias empreendidas no romance podem iluminar o debate sobre as políticas da memória (e do esquecimento) na América Latina contemporânea. 

2012 ◽  
pp. 254-279
Author(s):  
Felipe de Paula Góis Vieira

O livro Cien años de soledad – escrito pelo autor colombiano Gabriel García Márquez – foi lançado como romance, pela primeira vez, em 1967. Desde então, inúmeras reedições somaram mais de 50 milhões de exemplares vendidos em 36 idiomas diferentes. O sucesso imediato da obra transformou García Márquez em um dos intelectuais mais reconhecidos e requisitados do continente. Além disso, difundiu uma ideia amplamente aceita e promovida pelos literatos do período de que Macondo, a cidade fictícia do romance, seria reflexo direto – ou, até mesmo, o perfeito retrato – da América Latina. O artigo tem por objetivo analisar as representações sobre o continente latino-americano dentro da obra. A intenção é buscar qual América constrói e descarta o escritor colombiano ao fundar o seu microcosmo urbano.


2020 ◽  
Vol 12 (24) ◽  
pp. 489-513
Author(s):  
Maria Cristina Bohn Martins ◽  
Vinícius de Oliveira Masseroni

O artigo que apresentamos busca mostrar as possibilidades de intersecção entre a História e Literatura, por meio do romance, de autoria de Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão. Sem aderirmos aos pressupostos da não diferenciação entre discurso historiográfico e discurso literário, valemo-nos das contribuições da História Cultural (Roger Chartier), em especial o conceito de representação. Dentro dessa perspectiva realizamos uma análise de algumas passagens do texto de García Márquez, com o intento de mostrar como, por meio de sua obra, Gabo tentou retratar a história da América Latina e quem eram os latino-americanos. Não foi possível realizar tal objetivo sem inserir o escritor colombiano dentro de seu contexto histórico e literário, ou seja, na década de 1960 – e a influência da Revolução Cubana – e, também, inseri-lo dentro da estética do realismo mágico. Por óbvio o texto não procura exaurir as possibilidades de análises continuando, o texto de García Márquez, uma obra aberta a novas problematizações e interpretações.


2021 ◽  
Vol 45 (250) ◽  
pp. 213
Author(s):  
Daniele Benzi ◽  
Alessandro Peregalli

<div><p>No romance <em>O General em seu labirinto</em>, Gabriel García Marquez relata os últimos meses de quem supostamente é considerado o libertador da América Latina: Simón Bolívar. Supostamente, dizemos, porque na época das independências o conceito de América Latina ainda não existia, tendo surgido meio século depois, para contrastar o panamericanismo estadunidense. Mas também porque o projeto glorioso de Unidade continental de Bolívar logo chocou com a realidade fragmentada e pouco gloriosa de uma coleção de republiquetas oligárquicas excludentes e sem identidade nacional, dependentes e racistas. O Brasil, por outro lado, como bem se sabe, naquela época vivenciou outra história. Para evitar o desmembramento, as elites cariocas conseguiram com êxito estabelecer uma solução bastante singular, aquela da emancipação de uma colônia que durante uns setenta anos viraria um Império monárquico e escravocrata bem implantado no meio das Américas republicanas, mas olhando para a África e a Europa e depois os EUA. Talvez seja por isso que até o presente os brasileiros não conseguem decidir se querem ou não ser latino-americanos. E, da mesma forma, que os povos da América Latina pouco saibam e muita desconfiança sintam ainda acerca desse gigante, aparentemente “cheio de bonomia”, chamado Brasil. </p><p>Continue lendo no documento em PDF.</p></div>


LETRAS ◽  
2014 ◽  
pp. 77-86
Author(s):  
Elizabeth Abigail Sampson

El estudio aborda el tema de la dictadora en La dama de cristal (1999), de Zelmar Acevedo Díaz (Argentina, 1951). Se comparan con otras novelas sobre el mismo tema y se examinan coincidencias o disparidades entre la representación literaria femenina y masculina del autoritarismo. La dictadura latinoamericana como fenómeno político ha persistido en América Latina con diferentes matices ideológicos. Gabriel García Márquez en El otoño del patriarca, Mario Vargas Llosa en La fiesta del Chivo o Luis Spota en El tiempo de la ira tratan este hecho para perfilar sus rasgos distintivos. Existe un caso particular en que el autoritarismo lo encarna una mujer. This study focuses on the theme of female dictator in La dama de cristal (1999), by Zelmar Acevedo Díaz (Argentina, 1951). It is compared with other novels on the same theme and an analysis is carried out of coincidences or disparities between the feminine and masculine literary representation of authoritarianism. Latin American dictatorships are a political phenomenon that has persisted in Latin America with different ideological tones. Gabriel García Márquez in El otoño del patriarca; Mario Vargas Llosa in La fiesta del Chivo or Luis Spota in El tiempo de la ira have approached this issue to profile its distinctive features. There is one particular case of a female dictator.


Author(s):  
María Fernanda Romo Vázquez

Después de la época de oro de la literatura en América Latina durante los años sesenta –conocida como el Boom de la literatura latinoamericana– varios escritores sufrieron los estragos de lo que significaba ser publicado después del auge y el éxito de autores como Octavio Paz, Gabriel García Márquez o Julio Cortázar. Los autores del boom marcaron una era de la literatura en nuestro país y en los países vecinos; a nivel internacional mostraron una realidad de Latinoamérica que no se había mostrado por completo anteriormente y este radical cambio, afectó a sus contemporáneos que también buscaban publicar sus obras. ¿Por qué? Lamentablemente, porque la industria cultural enfocó aún más su desarrollo global en producciones que brindaran cierta remuneración económica. Se cerró el prestigioso círculo y no dio más entrada a otros artistas (hasta la fecha). Para explicarnos con mayor claridad lo anterior desde un punto de vista profesional, entrevisté al escritor hidalguense Agustín Ramos, nacido en Tulancingo, Hidalgo. Es autor de Al cielo por asalto (1979), Ahora que me acuerdo (1985), La vida no vale nada (1986) y Como la vida misma (2005). Desde su perspectiva podremos visualizar qué cambios ha sufrido la literatura de América Latina durante los últimos años, lo que enfrenta en todo el mundo y, específicamente, en México.


2018 ◽  
Vol 6 (11) ◽  
pp. 74
Author(s):  
Lourdes de Fátima Moraes Sousa

O presente trabalho insere-se no debate das características da literatura contemporânea latino-americana e seu vínculo com os aspectos sociais da região. Seu objetivo principal é analisar a relação entre a transculturação que aparece no âmbito literário e a formação das classes sociais na América Latina, a partir da obra do autor colombiano Gabriel Garcia Márquez. Para tanto, por meio do livro Del Amor y Otros Demonios, são assinaladas as intersecções entre o desenvolvimento cultural da classe subalterna e da classe dominante no período colonial e as estruturas de classes que acompanham tal desenvolvimento. O materialismo histórico e dialético é proposto como corpo teórico, uma vez que permite analisar na literatura a realidade histórica subcontinental e os aspectos universais da civilização capitalista, tais como as classes sociais, a exploração da força de trabalho e a acumulação de capital.


Author(s):  
Fabiana de Souza Fredrigo ◽  
Libertad Borges Bittencourt

 Resumo Ao partir do pressuposto de que a escritura ensaística funda um lugar para a América no Ocidente, pretendemos indicar de que maneira tais narrativas configuraram um campo para a interpretação do continente. A hipótese é que se essa interpretação peculiar definiu um “lugar no mundo” para a cultura latino-americana, assim o fez na medida em que constituiu sentido à experiência histórica por meio da noção de trauma. Para discorrer sobre essa hipótese, priorizamos o ensaio em um tempo longo, trazendo para análise tanto as narrativas de Octávio Paz, Carlos Fuentes e Tomás Moulian quanto as de Francisco Bilbao e Justo Sierra. Ainda, como contraponto, recorremos aos discursos de Simón Bolívar e Gabriel García Márquez, pois esses expressam igualmente o trauma latino-americano. Essa trajetória é relevante porque, em nossa análise, identificamos como traço comum a essas escrituras o trauma. A escolha dessas narrativas, em períodos distintos, porém conexos, também é perpassada pelo propósito de demonstrar o quanto a “história escrita” da América Latina ainda hoje é devedora da ensaística. Palavras-chave: América Latina; trauma; ensaio. 


2018 ◽  
Vol 2 (3) ◽  
pp. 77
Author(s):  
Alexandre Barbosa

Este artigo mostra como a América Latina pode se tornar categoria de seleção e construção de notícias para a imprensa das classes populares, como por exemplo, para o Jornal dos Sem Terra, publicação mensal do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para usar a figura de Gabriel García Márquez em Cem anos de solidão, a América Latina é solitária quando se refere aos critérios de noticiabilidade na imprensa hegemônica brasileira, mas se converte em instrumento de identidade e solidariedade para a imprensa dos movimentos sociais, como defendia Mario Kaplún.Palavras-chave: América Latina. Imprensa das classes populares. Critérios de noticiabilidade. Jornal do MST.


Author(s):  
Gabriel dos Santos Lima

O presente artigo se propõe a repensar a categoria literária de “super-regionalismo”, elaborada por Antonio Candido em seu ensaio “Literatura e Subdesenvolvimento” (1970). Para isso, em primeiro lugar, recordaremos a linha argumentativa de tal texto, segundo a qual as obras de escritores latino-americanos dos anos 1960 – notadamente Augusto Roa Bastos, Gabriel García Márquez, João Guimarães Rosa e José María Arguedas - representariam pontos de síntese entre matéria regional e técnicas artísticas modernistas, constituindo uma literatura universalmente significativa. Em seguida, buscaremos demonstrar como esse projeto de modernização literária “super-regionalista” se associava, na obra candidiana, à ideologia desenvolvimentista da década de 1960 e a determinadas expectativas em relação aos rumos da revolução cubana. Por fim, sugeriremos repensar o conceito de “super-regionalismo” à luz do processo histórico dos anos 1970 em diante, que se caracterizou, em toda a América Latina, por um desenvolvimento capitalista concomitante ao massacre das esquerdas, ao aumento da desigualdade social e ao extermínio de culturas locais. Para tal, consideraremos também aspectos da obra Los Ríos Profundos (1958) de Arguedas, que já na década de 1950 parece assinalar tensões em relação à leitura sugerida por “Literatura e Subdesenvolvimento”, antecipando problemas que ficariam mais claros nos anos seguintes.


POLIANTEA ◽  
2015 ◽  
Vol 10 (18) ◽  
pp. 325
Author(s):  
Juan Gustavo Cobo Borda

Para aquellos lectores de Gabriel García Márquez, este escrito busca recopilar diferentes notas, escritos, críticas y ensayos sobre todas sus grandes obras, hechas por destacados lectores de este autor, que vivieron esta etapa tan importante de la literatura en América Latina. Hernando Téllez, Germán Arciniegas, David Lagmanovich, Germán Colmenares, Ernesto Volkening y Milan Kundera, son algunos de los autores de los artículos que tienen como referencia las obras de Gabriel García Márquez, como La hojarasca, El coronel no tiene


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