Há uma conhecida citação do poeta norte-americano Robert Frost em que ele teria dito algo mais ou menos assim: a poesia é aquilo que se perde na tradução. A referência a Frost é recorrente em artigos e livros sobre poesia e tradução e, especificamente no caso dos estudos realizados no Brasil, aparece em pelo menos dois dos textos fundamentais sobre o tema: no livro Oficina de tradução: a teoria na prática (2007), da pesquisadora e professora Rosemary Arrojo, e no artigo “A poesia é traduzível?” (2012), do poeta e tradutor Ivan Junqueira. Nos dois casos, no entanto, a lembrança de tal afirmação de Frost funciona como uma espécie de escada contra argumentativa para se chegar às respectivas reflexões desejadas sobre tradução – isto é, pensando em tradução literária e, especificamente, na tradução poética, é possível concordar com Frost quando pensamos que algo irá se perder na passagem de uma língua para outra; porém, ainda assim, seria possível alcançar uma experiência estética interessante por meio de poemas traduzidos, reconhecendo-lhes, para além das perdas inerentes ao processo tradutório, ganhos poéticos de outra ordem.