scholarly journals Entre bolhas e portas: um diálogo sobre a noção de intimidade entre Peter Sloterdijk e Gaston Bachelard

Author(s):  
Renan Silva Carletti ◽  
Gilberto Safra

Este artigo pretende apresentar como a noção de “intimidade”, apresentada pelo filósofo alemão Peter Sloterdijk em sua obra “Esferas I – Bolhas”, foi desenvolvida em diálogo com o mesmo tema abordado em “A poética do espaço” de Gaston Bachelard. Desenvolveremos, inicialmente, como a intimidade é compreendida por cada autor e sua articulação com as concepções de “exterioridade” e “espaço”. Posteriormente, pela perspectiva do escritor Juliano Pessanha, assinalaremos a crítica à abordagem de Martin Heidegger que converge ambos autores e mostraremos consonâncias e divergências entre os mesmos. Por último, poderemos compreender como o “pensamento esferológico” do filósofo alemão guarda raízes nas reflexões sobre a imaginação e poesia do pensador francês.

2014 ◽  
Vol 1 (1) ◽  
pp. 88-100
Author(s):  
Sirley Almeida Adelino Baião ◽  
Fernanda Bezerra de Aragão Correia ◽  
Stephen Francis Ferrari

O presente artigo toma como corpus de análise o filme Inteligência Artificial, do diretor Steven Spielberg. O objetivo é colocar em diálogo a ecocrítica com a filosofia, entendendo-se “ecocrítica” como um discurso-mediação entre o homem, sujeito e a natureza espaço físico. Buscamos investigar como se dá essa relação, posicionando o discurso filosófico e cinematográfico nesse diálogo. Através do pensamento do filósofo Gaston Bachelard, tomaremos sua obra A Poética do Espaço (2008) para pensarmos a noção de topofilia. Utilizaremos também o pensamento do filósofo Martin Heidegger, em sua obra capital Ser e Tempo (2011) e em outros ensaios, para a concepção de espacialidade. Visamos com isso tomar o discurso filosófico como possibilidade de análise e de intercâmbio da ecocrítica com o cinema e desvelar a questão ambiental no filme a partir de um diálogo entre filosofia, cinema e ecocrítica.Palavras-chave: Cinema; ecocrítica; espaço; filosofia; solidão


2021 ◽  
Author(s):  
Ana Paula Perdiz de Crato Fogaça

Tendo como referentes poéticos o mar e o silêncio e, através abordagem comparatista, este trabalho propõe analisar laços existentes nos versos de três poetas de língua portuguesa: Cecília Meireles, Sophia de Mello Breyner Andresen e Glória de Sant’Anna. Os diálogos intertextuais da dimensão de sagrado e de espiritualidade potenciada pelos caminhos simbólicos do mar e do silêncio revelam a cumplicidade entre as poetas. Como fundamento dessas visões dialógicas recorreu-se às teses do teórico Michel Collot sobre referente poético; à conceção fenomenológica de Gaston Bachelard sobre a imaginação material e dinâmica da(s) água(s), e às interpretações de Martin Heidegger sobre a essência da poesia em Hölderlin.


2020 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 1300-1312
Author(s):  
Carlos Miguel da Silva Souza ◽  
Jean Mac Cole Tavares Santos

Nesta pesquisa discutimos as consequências da ‘figura do especialista’ para a educação e o ensino na atualidade. Definimos o especialista como fenômeno de época, traçando sua dependência à técnica moderna, numa relação com a essência da técnica em Martin Heidegger e sua disposição no homem. Tal definição nos leva às considerações dialógicas das ciências entre si propostas por Edgar Morin em sua teoria da complexidade. A partir desse panorama, sob o pensamento de Peter Sloterdijk, problematizamos sobre a prejudicialidade do conceito de identidade e a condição de submissão à técnica (pós) moderna: condições estas que vem regendo as práticas educativas em nossos dias. Nossa intenção, portanto, é provocar professores e estudantes a pensar a aceitação não-rigorosa da positividade que hoje se abate sobre o ensino e a educação.


2020 ◽  
Vol 43 (1) ◽  
pp. 189-212
Author(s):  
Maurício Fernando Pitta ◽  
José Fernandes Weber

Resumo: Martin Heidegger desenvolveu uma análise da metafísica e da tecnologia que questionava radicalmente seus pressupostos ontológicos. Contudo, para Peter Sloterdijk, autor de uma revisão do motivo da clareira (Lichtung) heideggeriana intitulada Domesticação do ser: clarificando a clareira, Heidegger padece daquilo mesmo que ele critica: uma pendência para a ontologia clássica que, desde pelo menos Platão e Aristóteles, separa o ser e o nada, basila o princípio de bivalência na lógica, excluindo qualquer terceira possibilidade, e permite os dualismos constitutivos da metafísica. Seguindo o antropólogo Bruno Latour, o qual evidenciara que “modernidade” não é senão uma crença na cisão entre os polos de forma e matéria, sujeito e objeto, natureza e cultura, também Sloterdijk vai atribuir a Heidegger a pendência à ontologia clássica, elevada ao nível da cisão entre o ôntico e o ontológico. Diante disso, o que sugere Sloterdijk? Uma alternativa à ontologia clássica na cibernética de Wiener e Günther, reatando os laços, desfeitos por Heidegger, entre ontologia e antropologia. Este trabalho tem por intenção articular a crítica de Sloterdijk, a investigação de Latour e a revisão ontológicológica de Günther, a fim de assentar bases para compreensão do projeto sloterdijkiano de se pensar a antropologia a partir de pressupostos cibernéticos.


Author(s):  
Lucas Fortunato ◽  
Alex Galeno ◽  
Fagner Torres De França

In this essay, we intend to approach how Peter Sloterdijk relates to the thinking of Martin Heidegger when questioning the humanist definition of man and proposing the notion of Anthropotechnics. To this end, the article begins by exposing Heidegger's conception of Technique and Humanism, and Ernst Jünger's influence on this issue. Then, when dealing with the question of being and ontological difference, the peculiar treatment that Sloterdijk offers to the ontological question is presented by articulating the history of being with a kind of genealogy of the clearing, bringing to the foreground certain intuitions of Friedrich Nietzsche about the beginnings of the human species. To conclude, Sloterdijk's thinking is developed, culminating in what he calls onto-anthropology, a notion presented in the work La Domestication de l’Être, and possible applications to issues related to biotechnology and contemporary media -which allows us to think a machinic history of being under the doubly complex bias of anthropology and ontology.


Thesis Eleven ◽  
2019 ◽  
Vol 153 (1) ◽  
pp. 113-133 ◽  
Author(s):  
Andreas Beinsteiner

This paper situates Günther Anders’s diagnosis of a shift in the modes of human self-production from hermeneutic and educational practices to techno-scientific interventions in the broader context of observations concerning posthumanism and biopolitics (e.g. Peter Sloterdijk, Giorgio Agamben). It proposes to reframe the problem of human self-production within the philosophy of media and traces a common anti-hermeneutic trajectory to which both technoscientific transhumanism and certain strands of posthumanism belong, insofar as they are based on an ontology that exclusively considers causally effective agency. With Anders and Martin Heidegger it is argued that such a focus on agency neglects the dimension of meaning that irreducibly guides technoscientific interventions. The paper claims that, with regard to the escalating dynamics both of human enhancement and of the Anthropocene, neither a truly critical theoretical stance nor a practical subversion is possible without taking the horizons of meaning into account that drive these dynamics. The last section sketches an outline of the complex interrelations of humans, technologies and meaning that cannot be mapped in terms of causally effective agency.


2020 ◽  
Vol 65 (1) ◽  
pp. 36679
Author(s):  
Tales Tomaz

Este texto propõe uma crítica da tecnologia conforme abordada na narrativa pós-natureza do antropoceno. Para essa narrativa, também chamada de pós-ambientalismo, o antropoceno é o momento histórico em que fica clara a impossibilidade de uma noção idealizada da natureza, distinta da intervenção humana. Neste texto, argumenta-se que, embora tenha méritos no questionamento de aspectos cruciais do pensamento moderno, essa narrativa tem também problemas teórico-conceituais significativos derivados da centralidade atribuída à mediação técnica, que acaba convertendo-a em uma espécie de metafísica. A exposição das teses da narrativa pós-natureza do antropoceno se dá a partir do diálogo com textos de ativistas do pós-ambientalismo, como Michael Shellenberger e Ted Nordhaus, e de pensadores que fornecem a essa corrente o fundamento teórico-conceitual, como Bruno Latour e Peter Sloterdijk. A crítica se ampara na argumentação dos filósofos contemporâneos Dieter Mersch e Andreas Luckner, que desdobram ideias já sinalizadas por Martin Heidegger e indicam caminhos para compreender os limites de perspectivas metafísicas sobre tecnologia.


2019 ◽  
Vol 36 (7-8) ◽  
pp. 193-214 ◽  
Author(s):  
Thomas Sutherland

Centred on Foams, the third volume of his Spheres trilogy (2011, 2014, 2016), this article questions the privilege granted by Peter Sloterdijk to motifs of inclusion and exclusion, contending that, whilst his prioritization of dwelling as a central aspect of human existence (drawing in part upon the work of Martin Heidegger) provides a promising counterpoint to the dislocative and isolative effects of post-industrial capitalism, it is compromised by its dependence upon an anti-cosmopolitan outlook that views cultural distantiation as a natural and preferable state of human affairs, and valorizes a purported ontological security attained through defensive postures with respect to perceived foreigners or externalities. Sloterdijk’s conceptualization of culture as a kind of immune system, it is argued, although posited as a rebuke to models of essentialism and ethno-nationalism, provides ontological support to the xenophobic critiques of immigration that are today finding increasing currency.


2020 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 154-167
Author(s):  
Daniela Serna Gallego ◽  
Libia Alejandra Castañeda López

Este artículo aborda los videos de los artistas Rivane Neuenschwander y Cao Guimarães Inventário das pequenas mortes (Sopro) (2000) y O inquilino (2010), y la película El premio (2011) de Paula Markovitch como puntos de partida para reflexionar sobre la vida, la creación, el cuerpo y su territorialización. Para ello, se plantea el concepto de aire como materia y metáfora de una energía creadora, y el concepto de esferas como formas alegóricas y abstracciones espaciales de territorios en constante disputa. A través de una metodología comparativa, se retoman los aportes teóricos de Peter Sloterdijk para discutir las nociones de espacio interior y espacio exterior, y de Gaston Bachelard para analizar la dimensión espacial desde la fenomenología de lo redondo y la idea del aire como elemento de creación. Por su parte, la noción de biopolítica y el papel de la esfera privada y pública se analiza a través del concepto de nuda vida de Giorgio Agamben, y el cuerpo femenino como territorio de disputa política a través del concepto de vulnerabilidad de Judith Butler y de Carol Arcos. Este análisis formal, narrativo, crítico y teórico relaciona las formas del aire con las tres obras audiovisuales, lo cual evidencia desde una lectura estética las tensiones que constituyen el cuerpo tanto físico como político, y su constante pendular entre el adentro y el afuera, entre lo público y lo privado, entre la vida y la muerte.


Author(s):  
Maurício Fernando PITTA (UEL)

Buscamos, nesse artigo, apresentar em linhas gerais a maneira como o filósofo alemão Peter Sloterdijk desenvolve a narrativa da humanização ou antropogênese, em vista da lacuna que o pensamento ontológico e topológico de Martin Heidegger apresenta: partir do lugar do humano — clareira ou casa do ser — como já dado, deixando em mistério o mecanismo antropológico por via do qual o humano viria a ser humano — e o mundo humano, a ser mundo. Para Sloterdijk, a antropogênese é, de uma perspectiva especulativa, um processo que deve unir o ontológico (e, portanto, o ponto de vista do humano na clareira) e o antropológico (o ponto de vista do “pré-humano”, animal que, envolvendo-se em processos de retroalimentação paulatinos e circulares, chegou a algum dia a habitar a clareira). Esse processo antropogenético é concebido pelo filósofo como uma história da domesticação (de domus, casa) ou uma arquitetura onto-antropológica da casa do ser heideggeriana, e responderia pela lacuna deixada por Heidegger, bem como pela adequação de seu pensamento a uma era “pós-humanista”.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document