scholarly journals DA PENÍNSULA IBÉRICA À COLÔNIA BRASILEIRA: A CULTURA DO REISADO NUMA CIDADE DO SERTÃO DA BAHIA

PROLÍNGUA ◽  
2018 ◽  
Vol 13 (1) ◽  
Author(s):  
Adão Lopes Fernandes ◽  
Denise Dias de Carvalho Sousa

Este artigo traz os resultados de uma pesquisa realizada na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no Mestrado Profissional em Educação e Diversidade (MPED), no que diz respeito à presença da tradição cultural do terno de reis, de figuras e espadas nas práticas educativas dos/as professores/as do Colégio Dom Antônio de Mendonça, em Genipapo, Saúde - BA. O estudo teve como objetivo rememorar o processo histórico da manifestação do reisado, especialmente, o terno de reis de figuras e espadas do povoado de Genipapo, enfatizando sua importância histórica, social e identitária para a cultura e a história local, bem como sua inserção dentro do contexto escolar da comunidade. Para tanto, retomamos os estudos de Morais Filho (1946), Querino (1914), Passarelli (2006) e Silva (2010). Quanto à metodologia, trata-se de uma abordagem qualitativa, pautada nos pressupostos teóricos da pesquisação. Nos instrumentos de obtenção e construção dos dados, realizamos uma revisão sistemática e de literatura, seguida de entrevistas semiestruturadas do tipo narrativa em oficinas pedagógico-culturais com sete professores/as. Esperamos com este estudo possibilitar um novo olhar acerca do percurso histórico do reisado, direcionando-o para as práticas educativas, transversalmente, a fim de responder a lacunas historicamente excludentes em relação à cultura popular e à história local, tendo em vista contribuir com o planejamento docente, desmitificando a visão urbanocêntrica de se pensar o currículo educacional que, atualmente, contribui para a descaracterização das tradições culturais locais, no sentido do distanciamento das suas peculiaridades, vivências, contexto histórico e sociocultural.

Author(s):  
Jorge Alves Santana
Keyword(s):  
De Se ◽  

Contextos diaspóricos funcionam como dispositivos produtores de subjetivações múltiplas e heterogêneas. No caso das famílias marranas da Península Ibérica, tais quadros psicossociais, que também perfazem a diáspora, são alegorizados por narrativas literárias, como ocorre em O Alma-Grande, de Miguel Torga. Nesse quadro ficcional, com lastros factuais, refletiremos sobre o campo existencial de um abafador e as negociações multiculturais e intergeracionais feitas entre tal personagem e certo núcleo familiar, no qual a infância é colocada em perspectiva central. Essas negociações ocorrem na tentativa de se preservar certa rostidade e, ao mesmo tempo, deslocar tradições para a dimensão das identidades transversais.  


Author(s):  
Émilien Vilas Boas Reis ◽  
Bruno Torquato de Oliveira Naves

Com a Reforma Protestante e as grandes navegações, a consideração com o outro e o diferente passa por alterações, especialmente, frente aos considerados infiéis e aos nativos do Novo Mundo. Por outro lado, no século XVI, a Península Ibérica vivia a Era de Ouro, com o renascimento da Escolástica e o florescimento de importantes universidades jurídicas, com acentuado desenvolvimento da Ciência do Direito. O dominicano espanhol Francisco de Vitória é um expoente desses movimentos filosófico e jurídico. Este artigo objetiva compreender a contribuição de Vitória para o desenvolvimento da relação com os índios e, por consequência, para a reelaboração da alteridade. Por meio de pesquisa bibliográfica e método qualitativo, buscaram-se nos escritos de Vitória e nos contextos histórico, filosófico, teológico e jurídico, os elementos necessários para a reconstrução de sua concepção acerca do direito natural e para a verificação da possibilidade de se reconhecer, em relação aos índios, a racionalidade e o direito de domínio sobre suas terras. O projeto de construção dos direitos humanos está presente em Vitória, na defesa da universalidade da razão para todos os seres humanos e no reconhecimento do direito dos índios a não serem expropriados. Com isso, Vitória amplia a noção ética de alteridade vigente à época.


2016 ◽  
pp. 99-112
Author(s):  
Marta Martines Ferreira

A proposta do artigo é rastrear a história e o contexto cultural da viola-de-cocho, instrumento que se instituiu como símbolo da cultura popular nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, alçado a patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Há mais de dois séculos, constitui a base sonora do cururu e siriri, fonte de representação da alegria e religiosidade do povo dessa extensa e dilatada região. A partir da análise de documentos organológicos reconstituímos os possíveis caminhos da viola-de-cocho até o modelo que se propõe na contemporaneidade. Argumentamos que isto possibilitou, em parte, a plasticidade e a capacidade de aglutinação do instrumento graças a sua própria capacidade de se difundir e perfazer através da diáspora humana.


Revista aSPAs ◽  
2017 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 155
Author(s):  
Monilson Dos Santos Pinto
Keyword(s):  

Este artigo propõe um diálogo entre as expressões populares da cultura brasileira e o conhecimento hegemônico acadêmico por meio do teatro didático brechtiano, introduzindo reflexões acerca dos aspectos teatrais, corporais, visuais e musicais do Nego Fugido. A comunicação aponta para a necessidade de se pensar um teatro pautado em epistemologia da resistência negra e em estéticas quilombolas como possibilidades de criação cênica para grupos de teatro negro de periferia. A máscara negra da cultura popular e o blackface aparecem em oposição para revelar como elementos cênicos e aspectos teatrais dessas expressões populares são malcompreendidos, malbaratados e, muitas vezes, apropriados de forma insipiente por alguns encenadores e grupos de teatro contemporâneos. 


Author(s):  
Maria Aparecida Luciano ◽  
Maria José Souza Barbosa ◽  
Walery Costa Reis ◽  
Farid Eid ◽  
Samuel Carvalho de Aragão

Resumo: O artigo apresenta uma discussão sobre o processo de construção da política municipal de cultura no município de Paragominas, estado do Pará, como estratégia de inclusão social de diferentes identidades. Trata-se de um debate necessário à reflexão sobre a implementação de ações de política pública que tem por princípio a participação democrática sob relação dialógica entre poder público e sociedade civil. Para se delinear esse debate percebeu-se a importância da escuta dos atores sociais: dança, audiovisual, multimídia, música, cultura popular, teatro, patrimônio material e imaterial, literatura, mídias contemporâneas, design, arte digital, artes visuais, arquitetura, respeitando-se a identidade cultural desses diversos atores, a fim de se valorizar a multiplicidade de manifestações que abrangem o patrimônio cultural existente no município. Objetivou-se com este artigo mostrar as diferentes dimensões da cultura enquanto reflexos da sociedade, sua dinâmica na construção das identidades dos diferentes grupos que constroem a sociedade paragominense em suas especificidades. Apoiou-se no debate teórico referenciado em Stuart Hall e Nestor Garcia Canclini, os quais possibilitaram a ampliação do conceito de cultura ao abordarem diferentes dimensões da vida social de um povo. Conclui-se com a perspectiva de abertura para uma concepção democrática da política cultural, enquanto necessária ao desenvolvimento socioeconômico e cultural. Palavras-chave: Política Pública. Cultura. Desenvolvimento Municipal.


1999 ◽  
Vol 25 (1) ◽  
pp. 135
Author(s):  
José Rivair Macedo ◽  
Márcia Janete Espig

O presente artigo sintetiza o longo processo do desenvolvimento e da difusão da tradição carolíngia, desde seu início, na Idade Média, até os dias atuais, na cultura popular brasileira. Analisa também a relação entre o episódio mítico da batalha de Roncesvales, verificando a importância que assume sobre o movimento do Contestado (1912-1916). 


Author(s):  
Rômulo Bulgarelli Labronici

O presente trabalho busca discutir, a partir de uma experiência etnográfica realizada durante a travessia do “Caminho de Compostela”, situado na região da Galícia/ Espanha, o processo de caminhar como uma atividade que engloba uma tríplice perspectiva de sentidos: turísticos, religiosos e esportivos, que se reconfiguram continuamente. Aqui, os conceitos de peregrinação religiosa, turismo transnacional e do esporte de aventura e desafio se apresentam como fontes analíticas para o entendimento de experienciação na qual os indivíduos realizam em suas jornadas. Além, disso, objetiva-se apreender o caminho como um percurso que se estrutura a partir de uma “malha” circuncêntrica que cobre grande parte da península Ibérica, onde o processo de andar o caminho vai permitir a ultrapassagem de fronteiras liminares (TURNER, 2005, 2008). Tais fronteiras aqui são entendidas como a da busca pela aproximação com o sagrado, para o peregrino; da superação individual do corpo e mente, para o esportista; e da experiência habitual e do desconhecido, para o turista. A viagem pode ser interpretada como uma forma de ritual, na qual o viajante sai de sua rotina e tem uma experiência “extraordinária”, liminar e, após esse período, retorna ao seu mundo cotidiano de certa forma transformado. Se por um lado a noção de “turista” absorve no campo uma conotação negativa, relacionada à esfera do consumo, sendo sua figura apresentada como “superficial” ou “inautêntica”, por outro, a noção de “peregrino” é exacerbada devido não só ao caráter de ruptura do cotidiano, mas, principalmente, à maneira “crítica” de se colocar, que é característica, na qual o despojamento material é condição para vivenciar a experiência. Por fim, trago como inspiração o conceito de “peregrinação” tal qual abordado por Ingold (2015): um processo de crescimento dentro de um campo de relacionamentos, no qual o Caminho de Santiago mimetiza o movimento da vida que cada indivíduo realiza com seus próprios pés.


2012 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
Author(s):  
Thiago Antônio Oliveira Sá

Este texto é resultado de pesquisas bibliográficas cujo objetivo é, à luz do argumento bourdiano, apontar a atuação do professor enquanto agente envolvido nesta instituição reprodutora de disparidades sociais que é a escola, destacando o seu desempenho na sala de aula e suas implicações na imposição de uma cultura legítima em detrimento da cultura popular originária de alguns estudantes, cujas consequências são a futura segregação deles em termos de sucesso escolar. Em seus estudos sobre as funções do sistema de ensino numa sociedade estratificada, o sociólogo francês Pierre Bourdieu demonstra que, embora a escola seja reconhecida ideologicamente como instância promotora de oportunidades de ascensão, ela acentua as desigualdades sociais. A escola resulta um mecanismo de reprodução social, pois inculca e exige dos discentes uma massa de saberes, competências e destrezas que, em função das diferentes posições de classe ocupadas pelos alunos, é mais familiar a uns do que a outros. A escola, a serviço da difusão e da certificação da cultura legítima, privilegia aqueles já previamente capacitados para este tipo de conhecimentos. Na realidade escolar cotidiana, os assuntos, a presença, os modos de ser, de se portar, os gostos, as preferências artísticas e os saberes priorizados podem, para alguns alunos, ser continuidade do cotidiano intelectual e cultural fora da escola, mas, também, pode ser contraste e conflito entre duas formas de cultura, entre dois mundos simbólicos: o distinto e o ordinário, o culto e o popularesco, o digno e o desprezível, o distintamente intelectual e a ignorância.Palavras-chave: Escola. Reprodução social. Desigualdades sociais. Professor.


1999 ◽  
Vol 13 (35) ◽  
pp. 231-253 ◽  
Author(s):  
Maria Ignez Novais Ayala

NESTE ARTIGO é analisada uma manifestação popular desenvolvida em diferentes locais do estado da Paraíba, principalmente por negros e seus descendentes. Nela se entrelaçam literatura oral, música, canto e dança. Os cocos foram registrados com rigor científico nas décadas de 20 e 30 devido à iniciativa de Mário de Andrade, de que resultou uma ampla documentação. A preocupação em organizar um rico acervo sobre os cocos, fundamentado em observação direta e registros por meios mecânicos e eletrônicos em campo, com procedimentos técnicos e metodológicos que permitam análises criteriosas dessa manifestação de cultura popular nordestina, buscando ressaltar suas especificidades, motivou a pesquisa que vem sendo desenvolvida desde 1992 na Paraíba. Neste artigo reconhece-se a importância dos acervos constituídos por Mário de Andrade e pelos integrantes da Missão de Pesquisas Folclóricas da Discoteca Municipal de São Paulo, sintetiza-se questões relacionadas à manifestação de poesia, canto e dança no presente, considerando-se o contexto em que vivem os dançadores e cantadores, o significado que a brincadeira do coco tem para eles, a ponto de se configurar até como afirmação de identidade. Analisa-se, ainda, a situação da cultura popular numa sociedade em que a escrita é hegemônica, explicitando a perspectiva militante adotada nesta pesquisa.


Gaia Scientia ◽  
2018 ◽  
Vol 12 (2) ◽  
Author(s):  
Ethyênne Moraes Bastos ◽  
Maurício Eduardo Chaves e Silva ◽  
Flávio José Vieira ◽  
ROSELI Farias Melo Barros
Keyword(s):  

O uso dos recursos vegetais está densamente presente na cultura popular sendo transmitido pela oralidade ao longo das gerações. Deste modo, objetivou-se investigar o conhecimento botânico inserido na população de um assentamento rural no Nordeste brasileiro, tendo em vista a importância de se conhecer os usos e potencialidades dos recursos vegetais da localidade como fonte de transmissão dos saberes locais. Foram realizadas 57 entrevistas semiestruturadas, com residentes maiores de 18 anos. Ao total foram citadas 120 plantas como úteis, a maioria dessas plantas em apenas uma categoria de uso. Medicinal e a alimentícia foram às categorias de maior representatividade com 24 e 17 espécies, respectivamente. As famílias botânicas que se destacaram em número de espécies foram: Fabaceae (18), Solanaceae/Anacardiaceae/Euphorbiaceae (5 cada), seguidas de Poaceae/Apocynaceea/Rutaceae (4 cada) e Amaryllidaceae/Apiaceae/Arecaceae/Combretaceae /Cucurbitaceae/Lamiaceae (3 cada). Predominaram espécies nativas (55%), encontradas especialmente na mata. A babosa (Aloe vera (L.) Burm.f.) apresentou maior valor de uso (0,28) entre as espécies.Constatou-se que a utilização das plantas varia conforme a categoria de uso em que os recursos vegetais foram alocados e se mostrou, de modo geral, heterogêneo em relação à idade e ao gênero dos informantes. A oralidade é a forma de transmissão dos recursos conhecidos e utilizados pelos assentados e agregados, repassados entre as gerações.


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