scholarly journals A História de Crianças que viveram o Isolamento Compulsório no Educandário Eunice Weaver em Belém do Pará (1942- 1980)

2019 ◽  
Vol 6 (14) ◽  
pp. 181-215
Author(s):  
Tatiana do Socorro Corrêa Pacheco

Este artigo apresenta alguns resultados da pesquisa realizada no doutorado em Educação que teve como objetivo central explicitar a infância e as experiências educativas de crianças que não possuíam hanseníase, mas viveram isoladas no Educandário Eunice Weaver em Belém/Pará. A singularidade do grupo que frequentou a instituição os tornou atores centrais nesse processo de isolamento, nos direcionando para um estudo que nos possibilitasse apreender e registrar as experiências dos sujeitos que vivenciaram as suas infâncias naquele espaço e tempo. Os procedimentos adotados foram à entrevista em história oral híbrida e temática e a pesquisa documental. Organizamos as fontes orais em temáticas com base nas experiências mais significativas que emergiram das narrativas dos ex-internos sobre a infância e o cotidiano das crianças na instituição, com o intuito de nos aproximarmos da vida das crianças na instituição. Autores como Michel Foucault, Mikhail Bakhtin e Erving Goffman, nos deram aporte para as análises empreendidas. Os resultados da pesquisa revelam uma história de crianças que foram retiradas do convívio com seus familiares e do convívio social, construindo assim uma forma de se vivenciar a infância baseada no isolamento, no controle dos corpos infantis por meio do disciplinamento e da violência física e psicológica.

Barbarói ◽  
2018 ◽  
Vol 2 (52) ◽  
pp. 22-47
Author(s):  
Rafaela Sousa Caldas ◽  
Tiago Cassoli
Keyword(s):  

Inicialmente destinada como saber auxiliar à prática da justiça, a psicologia jurídica estruturou-se no Brasil a partir do jogo de dupla qualificação médica e judiciária no qual a figura do criminoso passou a prevalecer sobre a apreciação do delito, movimento que uniu práticas disciplinares e jurídicas aos discursos médicos, psiquiátricos e psicológicos. O presente trabalho busca demarcar no percurso histórico de desenvolvimento da psicologia jurídica brasileira suas articulações junto a saberes como a psiquiatria e a criminologia ao longo de um projeto societário disciplinar e normalizador que refletiu no aumento das atividades diagnósticas e avaliativas, ainda hoje as principais atividades endereçadas aos psicólogos jurídicos. Na tentativa de promover reflexões e possibilitar novas análises sobre o tema, são problematizadas neste trabalho as relações entre saber-poder no processo de emergência e estruturação da Psicologia Jurídica no Brasil a partir de certas análises produzidas por Michel Foucault. Trata-se, principalmente, de uma tentativa de se valer de alguns dos elementos conceituais construídos pelo autor como dispositivos para uma análise crítica das relações entre práticas de conhecimento e práticas de poder assumidas pela psicologia jurídica brasileira, problematizando suas regulamentações sociais e urgências políticas enquanto saber e nova tecnologia de poder produzida na modernidade.


2017 ◽  
Vol 1 (1) ◽  
pp. 160-162
Author(s):  
Dilton Ribeiro Couto Junior
Keyword(s):  

A presente tese teve por objetivo conhecer as marcas da abjeção colocadas em manutenção e funcionamento por normas regulatórias de gênero presentes nos contextos familiares e nos cotidianos escolares de jovens que não se identificam com a heterossexualidade. A pesquisa de campo foi realizada entre 2013 e 2015, no Facebook, através da imersão num grupo online constituído por cerca de 70 jovens de diferentes inserções socioeconômicas que se autodenominam gays/lésbicas/bissexuais. Em 2013, ano de entrada em campo, os sujeitos apresentavam idade variando entre 16 e 35 anos. A estratégia metodológica adotada foi o estabelecimento de conversas online realizadas, individual e coletivamente, com esses jovens. Os princípios teóricos foram norteados, principalmente, pelos estudos de pesquisadores que trabalham com questões de gênero e sexualidade amparadas pela perspectiva da teoria queer. Essa fundamentação teórica orientou a interpretação das conversas online realizadas no Facebook. Somado a isso, pela necessidade de compreender os fenômenos comunicacionais ciberculturais, com ênfase nas dinâmicas de interação e colaboração das redes sociais da internet, também me apropriei de reflexões dos campos de estudos das áreas da comunicação e educação. Além disso, a construção de uma proposta de pesquisa online de abordagem histórico-cultural foi realizada principalmente através dos conceitos de dialogismo e alteridade de Mikhail Bakhtin, me permitindo traçar os caminhos metodológicos necessários na interação com os jovens no Facebook. Nessa abordagem, pesquisador e pesquisados foram concebidos como coautores em um processo de produção de conhecimento que se constrói gradualmente com o outro, com as redes sociais digitais reconhecidos como lugares de encontro com o outro. O trabalho de campo evidenciou o engajamento e o protagonismo político dos jovens participantes do estudo, que se apropriaram do Facebook para fortalecerem os vínculos sociais e afetivos, promovendo a possibilidade de resistência frente à heteronormatividade a partir de ativismos que se constituíram através da potência do diálogo na/em rede. Ao ressaltarem o quanto as normas regulatórias de gênero estiveram presentes em seus cotidianos educacionais e contextos familiares, os relatos dos sujeitos apontaram para a urgência de se discutir sobre a heteronormatividade nas escolas e nos cursos de formação de professores, bem como no âmbito familiar, objetivando desmistificar a naturalização e normatização do modelo heterossexual. A interpretação do material da pesquisa permitiu questionar a heteronormatividade, problematizando e ressignificando o modelo heterossexual que vem sendo amplamente (re)produzido e naturalizado no discurso social, além de ter possibilitado, pela aproximação com a teoria queer, um pensar crítico sobre os processos escolares que desqualificam os comportamentos sociais que não se enquadram nos moldes heteronormativos. Enquanto cidadãos e educadores, se não repensarmos as questões ligadas aos corpos, gêneros e às sexualidades, continuaremos sendo cúmplices da predominância de práticas familiares e escolares pautadas num olhar de mera tolerância e respeito ao diferente e às diferenças. Para isso, defendo que é preciso queerizar o pensamento heterocentrado, re-imaginando a multiplicidade de formas de fabricações dos corpos, gêneros e sexualidades.


Author(s):  
Alex Villas Boas ◽  
Jefferson Zeferino ◽  
Andreia Cristina Serrato

O campo de estudos em Teologia e Literatura está consolidado no contexto brasileiro. A proposta do grupo teopatodiceia visa situar este diálogo da teologia como pergunta pelo sentido de Deus na busca de sentido humana e oferta de uma racionalidade crítica a um sistema de crença tendo a literatura como interlocutora privilegiada, mas também outras formas de narrativas e expressões artísticas da condição humana. Nesse sentido, o elemento antropológico visa não somente o diálogo com a antropologia literária mas considera também, desde um projeto de arqueologia do saber teológico, a produção de subjetividades implicadas (pathos) nos saberes em diálogo e nos modelos epistemológicos que melhor favorecem a elaboração de uma teologia pública, plural e contrahegemônica a fim de discernir modos de se responsabilizar por uma agenda pública desde uma sensibilidade ética (diké) comum aos dilemas contemporâneos. A literatura ocupa um papel importante de heterologia no diálogo com a teologia. Como uma abordagem interdisciplinar, o projeto arqueológico se nutre dos percursos teóricos de autores como Antonio Manzatto, Paul Ricoeur, Michel Foucault, Michel de Certeau e David Tracy. Numa crítica à autorreferencialidade teológica, a via dialógica, interdisciplinar e intercultural da perspectiva teológica do grupo se aloca no conjunto das ciências humanas.


2017 ◽  
Author(s):  
Truchon Karoline
Keyword(s):  
De Se ◽  

Au sein de nos sociétés contemporaines, le duo conceptuel de visibilité et d’invisibilité s’inscrit dans le lexique quotidien autant des individus, des organismes à but non lucratif que des organisations publiques et privées pour qui être visibles dans l’espace public et médiatique témoigneraient d’une acceptation sociale pour laquelle tout.e.s luttent (Aubert et Haroche 2011 ; Voirol 2005a ; Voirol 2005b). Peu théorisés, c’est comme si ces concepts « allaient de soi ». Or, comme le précisent Olivier Voirol (2005a, 2005b) et Andrea Brighenti (2010, 2007), la visibilité est une catégorie sociale qui permet de mieux comprendre les codes régissant les normes sociales et l’invisibilité sociale provoque, tel que le proposent Guillaume le Blanc (2009) et Axel Honneth (2005), une déshumanisation, voire un mépris social des personnes effacées par les regards de certains qui s’octroient, ou à qui on octroie, ce pouvoir de relégation sociale. Par ailleurs, la visibilité – et l’invisibilité – sont des résultats qui découlent de la visibilisation – de l’invisibilisation – qui constituent à leur tour des phénomènes également peu théorisés, mais pourtant féconds par leur opérationnalité et potentiellement générateurs de reconnaissance (Truchon 2016). La visibilité n’est pas synonyme de visualité ou de visible et ne peut être utilisée comme un concept descriptif qui tente uniquement d’expliquer ce qui serait perçu comme des pratiques défaillantes de différentes personnes ou divers groupes sociaux (Voirol 2009). D’emblée, la visibilité articule plutôt les relations de perception (aspect esthétique) et de pouvoir (aspect politique) (Brighenti 2007), relations qui forment des phénomènes ambigus car la production et la compréhension de la visibilité dépendent de contextes sociaux, techniques et politiques complexes parmi lesquels elle opère (Brighenti 2010). La visibilité, contrairement à une vision simpliste de celle-ci, n’est donc pas que composée d’éléments visibles : elle est également constituée par un amalgame subtil de relations qui mobilisent l’information, l’imagination et les intuitions des personnes et groupes présents pour lui donner chair autant dans un espace physique que psychique (Mirzoeff 2011). Ainsi, la visibilité est intrinsèquement une catégorie sociale car elle permet de mieux appréhender le social comme un phénomène autant matériel qu’immatériel (Brighenti 2010), catégorie sociale qui amène un défi théorique précisément parce que la visibilité (et l’invisibilité) sont utilisées comme des termes génériques pour rendre compte d’une multitude de situations (Voirol 2009). Cependant, quand la visibilité est théorisée, une des manières les plus courantes est de se saisir de celle-ci comme d’une exigence, voire d’une injonction, qui constituerait une nouvelle forme de pouvoir disciplinaire caractérisant la modernité. Si le modèle panoptique impliquant le regard du surveillant de prison qu’a popularisé Michel Foucault avec son ouvrage-phare Surveiller et punir (1975) est souvent évoqué pour marquer ce contrôle, le regard panoptique ne proviendrait plus que des personnes en pouvoir : il proviendrait également des personnes qui se soumettraient elles-mêmes à cette injonction de la visibilité, faisant de ces dernières des parties prenantes actives dans la construction de leur propose prison panoptique en permettant à cet impératif du voir/être vu de régir leur quotidien (Birman 2011). L’invisibilité sociale est un processus qui empêche de participer pleinement à la vie publique. Elle s’appuie sur une impression d’être relégué socialement et elle découle d’un sentiment d’inutilité et de la honte de se sentir ainsi (le Blanc 2009). Ultimement, la source de l’invisibilité sociale comme figure de désoeuvrement est l’exclusion, « car être exclus, c’est cesser de participer, ne plus avoir part à la multitude » (le Blanc 2009 : 186). Guillaume le Blanc décrit trois types de régimes d’invisibilité : 1) l’invisibilité de la mort par l’effacement définitif d’une vie souvent causée par des génocides ou meurtres ; 2) l’invisibilité par l’appropriation et la réification ou l’instrumentalisation en maintenant sciemment dans l’ombre des populations qui devraient être visibles afin d’exprimer leur désaccord avec le traitement qu’il leur est réservé ; et 3) l’invisibilité qui est un défaut de perception au sein duquel des personnes n’existent pas car jugés indignes d’être inclues dans le cadre de la perception. Chacun de ces trois régimes d’invisibilité possède ses logiques internes, mais celles-ci ne sont pas forcément inséparables l’une de l’autre (le Blanc 2009). S’inscrivant dans cette logique, Axel Honneth (2005) résume l’invisibilité par une propension à regarder « à travers » une personne, donc sans la voir, sans la reconnaître. Honneth distingue la connaissance (une identification cognitive) de la reconnaissance (une perception évaluative d’une personne, c’est à dire la représentation que l’on se fait de la valeur de cette personne). L’absence de gestes de reconnaissance suite à l’acte de connaissance résulte en une forme de mépris moral envers les personnes qui sont effacées du cadre perceptuel et relationnel. Bref, l’invisibilité se produit quand il y a absence de gestes qui « renvoient à un ensemble d’attentes normatives, dont dépend l’existence sociale des personnes dans des situations d’interaction. [Et] [c]ette absence signifie un déni de reconnaissance ou un mépris puisqu’elle nie aux sujets concernés toute affirmation de leurs qualités positives » (Voirol 2009 : 125). Plus précisément, « [ê]tre, c’est être perçu. Je ne suis rien si l’autre ne me perçoit pas. C’est l’autre qui, en me percevant, en me reconnaissant, me confère une existence » (Aubert et Haroche 2011 : 335). Au final, la visibilisation/l’invisibilisation sont des processus qui génèrent des résultats, la visibilité/l’invisibilité (Truchon 2016). Pour être efficace, la visibilité a donc besoin d’être elle-même visibilisée en imbriquant des aspects relationnels (entre individus, groupes et États), des aspects stratégiques (actions mises en place) et des aspects procéduraux (manières de concrétiser des actions tels que décidés par des individus, des groupes ou des États). La visibilité devient de ce fait même une catégorie « opérationnalisable » car la pratique de la visibilité est de facto un processus de visibilisation : la visibilité est le résultat de la visibilisation (Truchon 2014).


2018 ◽  
Vol 31 (62) ◽  
pp. 651
Author(s):  
Ivone Martins Oliveira ◽  
Sonia Lopes Victor
Keyword(s):  

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de análises de um estudo de caso sobre modos de interação estabelecidos entre uma criança com autismo e os adultos em uma brinquedoteca. Apoia-se nos estudos de Lev Semenovitch Vigotski e Mikhail Bakhtin, que abordam o papel da linguagem na constituição da consciência e enfocam os processos de significação que subjazem aos processos interativos. Os dados foram registrados por meio de filmagem, gravação em áudio e anotações em diário de campo em uma brinquedoteca universitária, que atendia crianças com e sem deficiência, contando para isso com a participação de graduandos do curso de Educação Física, docentes da universidade e uma psicóloga. As análises foram desenvolvidas de forma a compreender os processos interativos estabelecidos entre um menino com autismo de dois anos e oito meses, que não apresenta uma linguagem articulada, e dois adultos. As análises indicaram que a criança interage com adultos, utilizando recursos não verbais, os quais são significados por eles, o que permite manter a interação e enriquecer as possibilidades de interlocução. O estudo conclui que, mesmo não tendo uma fala articulada, essa criança se constitui como um sujeito em condições de se posicionar de forma ativa e responsiva nos processos interativos estabelecidos com os adultos. Nesse processo, o papel do adulto é fundamental de forma a criar condições favoráveis à participação da criança no jogo dialógico.


2021 ◽  
Vol 3 (11) ◽  
pp. 260
Author(s):  
Leonardo Tajes Tajes Ferreira

Tendo como base a Teoria Crítica de Jürgen Habermas e a visão de Michel Foucault sobre a dominação de caráter microssocial, este trabalho visa debater o papel do Direito na democracia brasileira e seu impacto como garantidor do respeito à pluralidade de vivências, uma vez que a moral ética pautada no  diálogo não vem se mostrando um modo efetivo de se garantir a harmonia na convivência social. 


2021 ◽  
Vol 7 (29) ◽  
Author(s):  
Thainan Piuco ◽  
Roberta de Pinho Silveira ◽  
Cristian Poletti Mossi ◽  
Cristianne Maria Famer Rocha
Keyword(s):  

O artigo apresenta diferentes modos (ou possibilidades) de se produzir pesquisas no campo da saúde e da educação, a partir de autores do campo da filosofia francesa contemporânea, em particular Michel Foucault, Gilles Deleuze e Étienne Souriau. Nossa intenção foi, ao relatar as experiências de pesquisa vividas (e em processo), apontar para a multiplicidade como potência de novas práticas de cuidado, seja na saúde ou na educação (focos desse texto), assim como novos modos de existência, pautados por assujeitamentos e desassujeitamentos contínuos. Os trabalhos de investigação aqui apresentados estão sendo desenvolvidos no âmbito de dois programas de pós-graduação de uma universidade pública brasileira e buscam ressoar para (nos fazer) pensar e lançar algumas proposições possíveis através de um traçado de linhas que, de algum modo, podem atravessar as duas investigações naquilo que chamaremos de economia do cuidado. As indagações aqui apresentadas buscam, por fim, instigar que outras produções sejam possíveis nas intersecções – nada triviais – entre diferentes áreas do conhecimento.Palavras-chave: Práticas de cuidado. Modos de existência. Saúde. Educação.


Author(s):  
Amanda Soares Mantovani ◽  
Antônio Fernandes Júnior
Keyword(s):  

Com o objetivo de discorrer e refletir sobre os procedimentos de análise advindos da filosofia de Michel Foucault, especialmente esses que estão contemplados em sua obra A Arqueologia do Saber (1969), este trabalho abrange uma discussão voltada para as contribuições do pensamento foucaultiano aos estudos da linguagem, diante da necessidade de se mobilizar uma atitude histórico-crítica sob o objeto em análise. Para tanto, o percurso aqui adotado desenvolve-se sob a perspectiva arqueogenealógica, apoiando-se em estudos desenvolvidos pelo próprio Foucault (1999, 2005a, 2005b, 2014, 2016, 2017) e em obras de Deleuze (2017, 2019), Veyne (2009), Gregolin (2004, 2006), entre outros autores. Ao explanar sobre a noção de discurso e enunciado, o discursivo e não discursivo, tentamos descrever, ao fim, como pensar sobre uma história crítica do pensamento proporciona vislumbrar as condições de emergência que possibilitam determinados acontecimentos discursivos, a exemplo, o videopoema de Zélia Duncan, Vida em Branco (2020).


2015 ◽  
Vol 40 (3) ◽  
pp. 573
Author(s):  
Ingrid Ertel Stürmer ◽  
Adriana Da Silva Thoma
Keyword(s):  

Que discursos vêm produzindo a educação bilíngue para surdos no cenário educacional brasileiro na atualidade? Para problematizar essa questão, olhamos para documentos produzidos pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) que tratam da educação bilíngue para surdos, tendo como ferramenta teórico-metodológica a noção de discurso de Michel Foucault (2013), para quem os discursos produzem práticas. Em nossas análises, buscamos dar visibilidade para as relações de saber-poder que estão imbricadas nos discursos que constituem os documentos analisados e os modos específicos de se pensar a escolarização para surdos que vêm sendo produzidos a partir dos significados de educação bilíngue que circulam em tais documentos.


2019 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
pp. 271-292
Author(s):  
Jean Dyêgo Gomes Soares
Keyword(s):  

Esse artigo visa desembaraçar constrangimentos acerca da afirmação de Michel Foucault de que a Antiguidade seria “um erro profundo”. Para compreendê-la, retomamos os críticos  que sugerem haver uma recusa por sua parte de se posicionar. O desembaraço proposto passa também por formular uma saída a tais críticas. Quando Foucault fala do poder ou de suas relações com a filosofia, ele se desloca da pretensão ontológica tradicional para uma prática: ao invés de se perguntar “o que” seriam o poder e a filosofia, ele busca compreender “como” funcionam, qual o papel desse problema para o presente que o formula. Tendo em mente esse deslocamento teórico em torno das “problematizações”, toma-se como exemplo uma específica: a problematização do sujeito. Ao destacar as descontinuidades desde a Antiguidade até a Modernidade entre estilísticas de si e teorias do sujeito, ele permite vislumbrar uma resposta à questão do título de nosso trabalho. Enfatiza-se que graças à análise de tal problematização surgem diferentes perspectivas sobre as atitudes nos casos por ele estudados. Torna-se mais evidente como seria possível pensar a Antiguidade como um erro profundo, sem, como isso, desconsiderar a atitude também errático do homem moderno. Tal atitude é destacada aqui em uma breve remissão de Foucault à Baudelaire em busca do “poético no histórico”, atitude decisiva para compreender o elo entre ambas as figuras, mas não só.


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