Apresento, neste artigo, as teses centrais, extraídas da argumentação de<br />Humphry Primatt, elaborada em 1776, em The Duty of Mercy, em defesa da coerência<br />moral humana na consideração da dor e do sofrimento de animais humanos e nãohumanos.<br />Os argumentos de Primatt, críticos à filosofia moral tradicional, por seu<br />antropocentrismo, e radicais no emprego do princípio da igualdade, contrário a<br />todas as formas de discriminação moral, são hoje centrais à ética de Peter Singer, Tom Regan e Richard D. Ryder, e sustentam a proposta de se estabelecer um novo<br />estatuto jurídico para os animais. Se os animais estão sujeitos à inflição de dor e<br />sofrimento, por parte de humanos, devem ser incluídos, como sujeitos de direitos, no<br />âmbito da proteção legal constitucional, tese defendida por Gary L. Francione e<br />Steven M. Wise.