scholarly journals A exceção como dispositivo de governo

2017 ◽  
Vol 15 (20) ◽  
pp. 306
Author(s):  
Luciano Nuzzo

Por meio da discussão das ideias de Carl Schmitt e Walter Benjamin, Michel Foucault e Giorgio Agamben, este artigo visa a analisar o funcionamento de um dispositivo de governo que usa a exceção como norma. Esse dispositivo é definido como “excepcionalismo soberano” e introduz novas formas de controle, que resultam de uma combinação inédita entre excepcionalismo e governamentalidade, em que o Direito e as instituições democráticas continuam a existir, mas são sempre mais esvaziadas, revogadas por meio de práxis governamentais. O excepcionalismo soberano, em última instância, coloca-nos frente aos paradoxos do Direito e desconstrói radicalmente a geometria política moderna e a razão que constituiu seu pressuposto.

2012 ◽  
Vol 24 (35) ◽  
pp. 583
Author(s):  
Glauco Barsalini Glauco Barsalini

No programa Homo Sacer, Giorgio Agamben estabelece denso diálogo com importantes autores como Walter Benjamin, Carl Schmitt, Hannah Arendt e Michel Foucault, formulando um moderno conceito de vida nua. O problema da vida nua (homo sacer), todavia, estende-se para outros trabalhos de Agamben, como A linguagem e a morte e O tempo que resta: um comentário à carta aos romanos, nos quais se apresentam outros termos, como profanação e o tempo-que-resta. No cotejo entre essas obras, este artigo se propõe a articular os conceitos de vida nua (homo sacer) e de profanação, na sua relação com o problema do tempo (o tempo-que-resta),desenvolvidos por Giorgio Agamben. Nesse sentido, aflora discussão sobre o messiânico,por nós, aqui, associado com a figura do homo sacer.


2013 ◽  
Vol 8 (2) ◽  
pp. 175-189 ◽  
Author(s):  
Raphael Guazzelli Valerio

Pretendemos dar uma breve contribuição para a compreensão do conceito de biopolítica na obra do filósofo italiano Giorgio Agamben, mais precisamente em seu trabalho de 1995, inaugurador da série Homo Sacer, cujo título leva o mesmo nome: Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua. Valendo-se do pensamento de Michel Foucault e Hannah Arendt de um lado, e Walter Benjamin e Carl Schmitt de outro, Agamben faz recuar o conceito de biopolítica às fundações da política ocidental. Importa, para o filósofo, mostrar como estrutura, lógica e topologia de funcionamento a biopolítica anima as relações políticas desde seu fundamento e que a modernidade foi capaz de revelar, transformando radicalmente os espaços políticos contemporâneos.


Author(s):  
Nadine Hartmann

Throughout his oeuvre, Giorgio Agamben makes numerous references to Georges Bataille. Already in the 1977 Stanzas, Bataille’s general economy is afforded one of the scholia of the chapter ‘The Appropriation of Unreality’ and scolded for its alleged simplification of Marcel Mauss’s account of the gift. A brief discussion of the letters that Bataille and Alexandre Kojève exchanged in 1937 is contained in Agamben’s 1982 Language and Death and picked up again in 2002’s The Open: Man and Animal. The only text that exclusively deals with Bataille, however, is Agamben’s 1987 essay ‘Bataille e il paradosso della sovranità’. By the time Agamben begins the Homo Sacer project (1995), and in particular in Means Without End (1996), Bataille has been banished into unambiguously dismissive footnotes or ‘thresholds’ in which Agamben distances himself from Bataille’s definitions of the sacred, sacrifice and sovereignty. Thus, unlike Carl Schmitt, Martin Heidegger, Walter Benjamin or Michel Foucault, Bataille not only cannot be considered one of Agamben’s main informants, but receives all but marginal attention from him – and this despite the fact that Bataille is generally held to be one of the crucial thinkers of the sacred and of sovereignty.


2007 ◽  
Vol 38 (1) ◽  
pp. 19-31
Author(s):  
Ninon Grangé

Résumé Walter Benjamin, Carl Schmitt puis Giorgio Agamben ont chacun remis en cause l’idée de norme, dans l’État confronté à la violence, à partir de la notion d’exception. Or l’état d’exception revient à traiter juridiquement d’une matière politique et à occulter le déclencheur, réel ou fantasmé, de l’exception juridique, à savoir la guerre. Une proposition pour comprendre conjointement la difficulté du droit à s’ajuster au surgissement de la violence et l’explosion des formes de guerre répertoriées par l’histoire, consiste à abandonner l’idée de fiction juridique au profit de « fictions politiques ». Ce faisant on substitue à la notion de norme celle, plus descriptive, du phénomène de la violence collective, de « référence » à un type abstrait de guerre pour mesurer les guerres réelles. C’est à cette condition que l’on peut repenser l’exception et son déclencheur, ainsi que l’indétermination première entre guerre extérieure et guerre intérieure.


Profanações ◽  
2017 ◽  
Vol 4 (2) ◽  
pp. 108
Author(s):  
Mauro Rocha Baptista

A intenção deste artigo é seguir a proposta feita por Giorgio Agamben de revisar o debate entre Carl Schmitt e Walter Benjamin acerca dos conceitos de soberania e estado de exceção, iniciando, não como tradicionalmente se faz a partir do texto Teologia política  de Schmitt, publicado em 1922, mas, como se este texto já fosse uma resposta ao ensaio Crítica do poder como violência de Benjamin, publicado um ano antes. Seguindo esta proposta agambeniana se enfatiza a relação da soberania e do estado de exceção como espaços que, para Benjamin representam a possibilidade de algo fora da lei, enquanto para Schmitt são os conceitos limites que garantem o próprio Direito e o Estado. O artigo finaliza com a proposta benjaminiana de um efetivo estado de exceção que se aproxima de uma alternativa messiânica seguida pelo próprio Agamben. 


2019 ◽  
Vol 71 (4) ◽  
pp. 357-380
Author(s):  
Jeffrey Sacks

Abstract This article considers the work of Hannah Arendt and Ghassan Kanafani in relation to the social and juridical logic and form of the settler colony and of the settler-colonial logic and form of the Israeli state and its ideology, Zionism. The argument is framed in relation to two moments: (1) the notion and practice of Bildung—education, training, formation—where the subject of language, in becoming literate, thoughtful, and self-reflective, is to become a being that recognizes itself and others in these and related terms: as legible, autonomous, and self-determining; and (2) the ongoing debates around the politics of death, articulated through the writing of Michel Foucault, Giorgio Agamben, Carl Schmitt, Achille Mbembe, and Arendt. The article argues that, insofar as they presume an understanding of Bildung as a principal category of social thought, these debates reiterate the terms they claim to diagnose or contest. It also argues that, in their affective relation to decolonization, Arendt—and Foucault and Agamben—conjures and advances a social panic in a desire to domesticate the destabilizing force of anticolonial struggle. Finally, the article reads Kanafani’s Rijāl fī al-shams (Men in the Sun) to argue that Kanafani’s novelistic practice discombobulates the terms privileged in the settler colony and in its social and literary logic and form, as it promises a nonredemptive, anomic, and non-state-centric futurity.


2018 ◽  
Vol 23 (0) ◽  
Author(s):  
PATRÍCIA DANIELA MACIEL ◽  
MARIA MANUELA ALVES GARCIA

RESUMO Com base em relatos autobiográficos de um grupo de sete mulheres professoras da educação básica que em algum momento assumiram-se lésbicas, discute-se, valendo-se de discursos de gênero, como elas produzem a docência e o currículo. Como referências, utiliza-se a noção de experiência de Walter Benjamin, Giorgio Agamben e Jorge Larrosa, que inspirou a coleta e a análise das narrativas. Aliam-se a esses estudos as contribuições de Michel Foucault acerca da sexualidade e do cuidado de si e a crítica de Judith Butler ao sistema corpo/sexo/gênero. Conclui-se que as experiências das professoras como lésbicas nas escolas produzem uma pedagogia que atua não apenas como questionamento dos padrões heteronormativos, mas como uma produção de conhecimento próprio pela qual elas reinventam suas identidades como professoras.


Sociologias ◽  
2021 ◽  
Vol 23 (57) ◽  
pp. 240-267
Author(s):  
Guilherme F. W. Radomsky

Resumo Recorrendo a uma variedade de escritos sobre experiência, linguagem, narração e processos de subjetivação, especialmente de Walter Benjamin, Michel Foucault e Giorgio Agamben, argumento neste artigo que, entre agricultores ecológicos do oeste de Santa Catarina, Brasil, o passado é constantemente acionado nas narrativas dos atores e o ato de visualizar um futuro desejado acontece por meio das experiências vividas, particularmente por momentos de introspecção e colaboração. Fundamentado em pesquisa de campo de caráter etnográfico, analiso como a relação passado-futuro na agroecologia problematiza os modelos de desenvolvimento rural, integrando e entrelaçando as experiências pessoais compartilhadas com narrativas e práticas, pois envolve memórias de sofrimento, exploração, desejos não realizados e, simultaneamente, trabalho em grupo com construção coletiva de ideais. Esse contexto empírico é particularmente propício para a reflexão sobre desenvolvimento, uma vez que este é entendido como um processo no qual aparecem tanto a superação das formas de exploração como a autoconstrução subjetiva e colaborativa.


2018 ◽  
Vol 18 (3) ◽  
pp. 330-342
Author(s):  
Murilo Duarte Costa Corrêa

A Constituição de 1988 não deveria ser pensada como um documento que selaria a passagem da ditadura à democracia no Brasil. De Carl Schmitt a Giorgio Agamben, a teoria do Estado de exceção e sua crítica contribuíram para tornar visível a abscôndita indistinção entre Estado de direito e Estado de exceção. Uma constituição que se sucede a um período de exceção tanto o continua sob novos termos quanto encerra o gérmen para rupturas locais com o passado autoritário que insiste em repetir. Demonstrando algumas dessas relações de continuidade-ruptura na literatura sobre a transição política brasileira, este artigo propõe repensar a Constituição de 1988 a partir da categoria de arquivo, explorando-a no contágio recíproco entre as obras de Michel Foucault e Jacques Derrida. Isso permite desenvolver como saída política possível a relação entre uma política de arquivo e a prática de uma heterotopia constitucional.


2011 ◽  
Vol 4 (1) ◽  
pp. 93-106
Author(s):  
Gustavo Racy

Segundo Michel Foucault, o sexo é um grande produtor de verdade e falsidade. No Oriente, essa verdade se dá no sexo por meio de arte. No Ocidente, ele vem sendo usado como uma ciência, oposta, pela confissão católica, aos segredos e iniciações da arte erótica oriental. No entanto, há possibilidade de se instaurar essa ciência como um discurso poderoso de busca pela verdade. No caso do sexo, de busca pela verdade do prazer. Giorgio Agamben dá seguimento a essa possibilidade, aliando a Foucault o pensamento de Walter Benjamin, traçando a tarefa política das gerações vindouras como a tarefa de profanar o improfanável, de restituir à vida humana aquilo que nos foi destituído: a possibilidade de busca pelas verdades veladas pelos discursos repressores produtores de verdades e mentiras.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document