A problemática da moradia de risco tem ganhado ênfase no debate contemporâneo sobre políticas públicas urbanas. As diversas iniciativas observadas se enquadram, de maneira geral, na perspectiva objetivista do risco, que traz como principal decorrência a demanda pela mensuração e quantificação do fenômeno. Resulta daí uma visão técnica do risco que se apresenta dominante, e que promove não só a noção de que as situações precárias envolvendo grupos específicos são decorrentes de decisões imprevidentes, como também intervenções de remoção que afetam as condições de vida desses grupos. Problematizando esse argumento, a literatura sociológica da construção social do risco sustenta que este é objeto de uma elaboração socialmente diferenciada. Utilizando-se da análise das trajetórias de moradia de famílias removidas de áreas condenadas tecnicamente no município de Juiz de Fora (MG), este artigo aponta discursos e práticas que conformam a resistência da população à noção técnica dominante do risco. Palavras-chave: construção social do risco; desigualdade ambiental; periferia urbana. Abstract: The social problem of risk is increasingly relevant to contemporary debates, especially on public policies and urban affairs. In general, most of the initiatives come from an objectivist perspective of risks, based on quantification and mensuration of phenomena. From this technical approach emerges a dominant conception of risk, which spreads out the reckoning that precarious situation involving specific urban poverty groups are due to ‘irrational consumption options’; influenced by this point of view, social intervention comes out disqualifying those groups practices and interfering deeply in their lives. Discussing this argument, recent sociological literature presents the social construction of risk, structured on the idea that the notion of ‘risk’ is socially constructed by differentiated groups, that bring upon different symbolic references, social representations and material practices. Using as empiric reference the trajectories of families removed from their home places – characterized by municipality engineering as ‘technically condemned’ – in Juiz de Fora, Minas Gerais, this article stresses the discursive elements and material practices that express the resistance of there moved people to the dominant technical conception of risk. Keywords: social construction of risk; environmental inequality; urban periphery.