Este trabalho tem como objetivo investigar o funcionamento do marcador discursivo (MD) mas como marca formal de relações de coerência, visando a contribuir para os estudos acerca da construção do texto falado. Para isso, utilizamos um corpus constituído por dez entrevistas orais disponíveis no banco de dados do Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná (Funcpar). Em nossas análises, buscamos como aporte teórico a Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory – RST) (MANN; THOMPSON, 1988; MANN; MATTHIESSEN; THOMPSON, 1989), uma teoria descritiva funcionalista que se dedica ao estudo das relações de coerência estabelecidas entre as partes de um texto. As relações estudadas pela RST partem do nível discursivo e, apesar de não exigirem a presença de marcas formais para serem estabelecidas, podem ser sinalizadas por elementos como o mas. Após a tabulação dos dados, constatamos que o mas inicia inserções parentéticas, reintroduz tópicos, marca o início de paráfrases e de perguntas retóricas, além de atuar na dinâmica de turnos (FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 2006; JUBRAN, 2006). Assim, o MD sinaliza as relações retóricas parentética, same-unit, reafirmação multinuclear e elaboração.