Antibióticos e imunoterapia – devemos preocupar-nos?
Introdução: A imunoterapia tem vindo a melhorar os outcomes dos doentes no carcinoma pulmonar de não pequenas células (CPNPC). No entanto, estudos recentes sugerem que a disrupção da microbiota induzida por antibióticos pode ter repercussões na sua eficácia. O objetivo deste estudo foi avaliar os outcomes de doentes com CPNPC avançado com PD‑L1≥50% tratados com imunoterapia em primeira linha considerando o tratamento concomitante com antibióticos (ATB). Métodos: Selecionámos os processos clínicos de todos os doentes da consulta de Pneumologia Oncológica do nosso hospital tratados com imunoterapia em 1.ª linha com pembrolizumab desde abril de 2017. Foi realizada análise estatística comparativa de dados demográficos e eficácia (resposta à terapêutica e sobrevida livre de progressão) entre dois subgrupos em função da utilização, ou não, de ATB nos 30 dias anteriores ou posteriores ao início da imunoterapia. Resultados: Foram incluídos 41 doentes, idade média de 65 anos, 70,7% do género masculino e 87,8% com exposição prévia ao fumo do tabaco. Em 13 (31,7%) desses doentes foi administrado ATB com duração média de tratamento de 10,5 dias. Os doentes submetidos a tratamento com ATB apresentaram taxas de progressão da doença superiores e estatisticamente significativas em comparação com o grupo controlo (61,5% vs. 25,9%). No entanto, a sobrevida livre de progressão (PFS) não foi significativamente diferente entre esses dois grupos. Conclusões: Como sugerido por estudos prévios, em doentes sob imunoterapia a taxa de controlo de doença foi inferior aquando utilização de ATB. Maior tempo de follow -up irá permitir-nos perceber se este impacto negativo se traduz em pior PFS ou sobrevida global neste subgrupo de doentes.