scholarly journals Da religiosidade: entre místicos, bestas e soberanos

2016 ◽  
Vol 1 (20) ◽  
pp. 25
Author(s):  
Rafael Alonso

http://dx.doi.org/10.5007/2176-8552.2016n20p25Levando em conta o que aqui se chama “crise da religiosidade”, este ensaio se propõe a discutir, em contraposição crítica que a leitura do texto tende a tornar evidente, as respostas a essa crise oferecidas por Georges Bataille (“experiência interior”, “experiência do sagrado”) e Giorgio Agamben (“altíssima pobreza”). O que motiva a contraposição é o juízo de Agamben a respeito de Bataille, antes já enunciado por Sartre: o de que Bataille é um místico.  Para colocar em prática essa operação, este ensaio recorre às contribuições de Jean-Luc Nancy (existência “insacrificável”), Jacques Derrida (o discurso político como fábula e a crítica feroz a Agamben em “A besta e o soberano”) e Vilém Flusser, base teórica que atravessa todo ensaio e que, com o conceito de “instrumento”, mas também a partir de outras elaborações teóricas, permite questionar a ideia de um mundo a ser “profanado”.  

Author(s):  
Vanessa Lemm

Readers of Giorgio Agamben would agree that the German philosopher Friedrich Nietzsche (1844–1900) is not one of his primary interlocutors. As such, Agamben’s engagement with Nietzsche is different from the French reception of Nietzsche’s philosophy in Michel Foucault, Gilles Deleuze and Georges Bataille, as well as in his contemporary Italian colleague Roberto Esposito, for whom Nietzsche’s philosophy is a key point of reference in their thinking of politics beyond sovereignty. Agamben’s stance towards the thought of Nietzsche may seem ambiguous to some readers, in particular with regard to his shifting position on Nietzsche’s much-debated vision of the eternal recurrence of the same.


2016 ◽  
Vol 28 (1) ◽  
pp. 171-180 ◽  
Author(s):  
Marcele de Freitas Emerim ◽  
Mériti de Souza

Resumo O considerado inimputável é absolvido por não entender o caráter ilícito de seu ato, embora, por medida de segurança, seja internado compulsoriamente em um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (HCTP): uma instituição pertencente ao sistema penitenciário. Cria-se assim a ambígua figura dolouco infrator - ora criminoso, ora doente mental - que raramente vimos contemplada em discussões e ações nas áreas da saúde e do direito. Ainda menos acolhido será aquele que atentar contra a vida de seus genitores: o chamado parricida. A partir dos aportes teóricos de Michel Foucault, Giorgio Agamben e Jacques Derrida, este trabalho discute discursos e práticas que se debruçam tanto sobre a questão da loucura, da infração e do parricídio quanto sobre a instituição do HCTP como modalidade de contenção e encaminhamento para os inimputáveis; assim como serão apresentadas discussões a partir das falas de pessoas classificadas como loucas, infratoras, parricidas - internadas em um HCTP.


2018 ◽  
Vol 13 (20) ◽  
Author(s):  
Diego Lock Farina

Publicada originalmente na coleção “La philosophie en effet”, da prestigiada editora Galilée, na França em 2015, com o título Demande. Philosophie, littérature, a coletânea de textos de Jean-Luc Nancy, inédita enquanto tal e organizada por Ginette Michaud, professora da Universidade de Montreal, chega ao Brasil devido à iniciativa em parceria entre a editora da UFSC e a editora Argos, da Unochapecó. Nancy (1940-), professor emérito da Universidade de Estrasburgo, é certamente um dos filósofos mais conceituados no universo acadêmico atual, ao lado de Alain Badiou, Hélène Cixous, Judith Butler, Giorgio Agamben e Jacques Rancière. Seu destaque se dá sobretudo em função das contribuições acerca do político e da democracia, da obra em conjunto com Philippe Lacoue-Labarthe, de seus escritos sobre Jacques Derrida e da preocupação constante em relacionar a arte de maneira geral com o pensamento filosófico. Sua produção, entretanto, é ainda pouquíssimo traduzida no Brasil. Na tarefa de suprir essa falta, Demanda: Literatura e Filosofia (365 p.) reúne textos de 1977 a 2015, disponíveis até então somente em periódicos ou resultantes de conferências e entrevistas, dando mostras da trajetória do autor no que concerne o debate entre o aproveitamento da literatura e do modo singular (a singularidade para Nancy é sempre uma singularidade plural) com que ela convoca a filosofia para um pensamento conjunto, crítico e afectante a respeito da vida, da atividade política e dos sentidos nas suas concepções mais amplas.


Author(s):  
Guillermo Damián Pereyra Tissera

En este artículo, el autor analiza el modo como Jacques Derrida y Giorgio Agamben entienden la relación entre la justicia, el derecho y la violencia y explora las razones de los desacuerdos que mantiene cada enfoque –deconstrucción y biopolítica, respectivamente– en la comprensión de los conceptos antes mencionados. Sin desconocer las diferencias, propone, además, que el desacuerdo entre deconstrucción y  biopolítica no impide encontrar puntos de contacto entre dos autores que abordan el problema de la justicia desde una perspectiva pos-fundamentalista. Finalmente, concluye que deconstrucción y biopolítica están enfrentadas pero no en términos de una oposición pura o tajante.


Author(s):  
Vincent W. Lloyd

This chapter explores the way race and religion are articulated together in the work of leading critical theorists Jacques Derrida and Giorgio Agamben. It probes how these theorists stand on the border between philosophy of religion and theology, and it argues that it is only because of secularist assumptions that this divide between outsider’s philosophy of religion and insider’s theology can be maintained. For Derrida, both religion and race function as loose threads that can be pulled in order to unravel a system of thought. For Agamben, the protagonist of modernity, homo sacer, is both racialized and sanctified. Yet Derrida and Agamben’s accounts are skewed by a Eurocentrism and a failure to take religious ideas sufficiently seriously. The black feminist Sylvia Wynter offers an antidote, similarly linking race and religion but doing so in a way that attends to how racialization is produced theologically and goes hand in hand with patriarchy. Wynter’s work implies that philosophy of religion that refuses secularism is always black theology and that black theology must engage seriously with questions in philosophy of religion.


2003 ◽  
Vol 33 (1) ◽  
pp. 186-217
Author(s):  
Julie Klein

AbstractThis article studies a series of provocative references to Spinoza by Jacques Derrida and Giorgio Agamben. For both contemporary philosophers, the context is discussions of eating, a subject matter that turns out to involve such central issues as subjectivity, nature, ethics, and teleology. Each situates Spinoza in a counter-history of philosophy and suggests that Spinoza constitutes an important resource for contemporary reflections. Through an analysis of the three philosophers' texts about eating, nutrition, and being metabolized, I argue that Spinoza's nonteleological, nonhumanistic conception of nature remains a radical possibility, even in the face of contemporary attempts to think outside the canonical discourses of transcendental subjectivity, technological reason, and teleological ethics. Spinoza's position is, in the end, more uncompromising than that of Derrida or Agamben.


2018 ◽  
Vol 34 (67) ◽  
pp. 121-137 ◽  
Author(s):  
Marcelo de Andrade Pereira ◽  
Gilberto Icle

RESUMO A presente investigação, de teor ensaístico, discorre sobre as reverberações discursivas (de maior expressão filosófica) da figura-conceito khôra, apontando para as injunções pedagógico-performativas e suas variáveis ético-políticas. O texto indaga, pautado pelas elaborações de Platão, Jacques Derrida e Giorgio Agamben, sobre a noção de lugar (e não-lugar) condensada em khôra, tendo em vista aflutuação da posição de/do sujeito - dos lugares que ocupa, engendra e com os quais (se)identifica - na constituição de um comum - espaço em que o próprio e o impróprio poderiam coabitar. Na contramão de uma interpretação que concebe a pedagogia performativa ora como poética e ora como instauradora de um entrelugar, este texto sinaliza para a condição de im-potênciae in-determinação intrínsecas da mesma, demonstrando seu caráter des-criativo, aberto e contingencial.


2019 ◽  
pp. 53-70
Author(s):  
Sérgio Luiz Bellei

A ascensão da Teoria na segunda metade do século XX foi percebida, por parte significativa da academia, como uma ameaça aos valores tradicionais da literatura e dos estudos literários. Produzida no ambiente pouco arejado e degradado da universidade moderna, a Teoria teria supostamente aberto caminho para discursos pouco racionais e voltados para o enfraquecimento do senso comum, da inteligibilidade textual e da objetividade. Foi, em parte, responsável não apenas pelo declínio da cultura e da literatura, mas, até mesmo, pela derrocada da moral, dos costumes e do humanismo. O presente ensaio trabalha a possibilidade de pensar a Teoria para além de uma perspectiva meramente negativa e em direção a uma proposta alternativa de valorização da literatura em textos exemplares de Jacques Derrida, Giorgio Agamben e dos escritores do Não.


2016 ◽  
Author(s):  
Octave Debary

Le peu, l’altéré, le n’importe quoi, le rien… que contiennent tous ces restes ? Au bord de l’oubli comme de la disparition, les restes sont souvent marqués par la disqualification sociale, par le rejet ou la mise au ban de la société (Douglas 1966). C’est au passage de ces seuils que l’anthropologie tente de comprendre leur valeur. Marcel Mauss (1931) en fera une règle heuristique en invitant les ethnographes à collecter les objets déchus, tous révélateurs de la richesse d’un temps quotidien, ordinaire, en train de passer. On peut regarder une société à partir de ce qu’elle dévalorise et rejette, s’attacher davantage à «une boîte de conserve qu’à son bijou le plus somptueux » ; « en fouillant un tas d’ordures, on peut comprendre toute la vie d’une société » (8-9). L’anthropologie s’est toujours intéressée aux objets, faisant de leur collecte, de leur conservation et de leur exposition un complément à son discours. Elle s’est ainsi exposée à travers les vitrines de ses musées, véritables théâtres d’objets et de mise en scène des cultures. A la fin du XXe siècle, cet intérêt pour la culture matérielle s’est prolongé par le développement des Material Culture Studies, Museum Studies puis par l’anthropologie des sciences et des techniques. Mais l’objet comme reste, objet de l’entre-deux, incertain et instable, n’est pas devenu un thème de prédilection de la discipline. Les penseurs qui l’ont abordé se trouvent à ses marges, comme Pierre Sansot (2009) ou Giorgio Agamben (1999), voire dans l’indiscipline, comme Georges Bataille (1949). Le premier voit dans les petits restes du quotidien (reliefs d’un repas, objets de son enfance ou de vide-greniers…), autant d’inachèvements qui marquent notre finitude et qu’il convient de célébrer. Le second fait du reste une part inaliénable de la condition humaine et de la possibilité d’en témoigner –même après Auschwitz. Quant à Bataille, il fait de la destruction (glorieuse ou catastrophique) des surplus de richesses d’une société (ses restes non consommés, sa part maudite ou sacrée) la condition de son unité. L’anthropologie, elle, se tourne davantage vers l’analyse des différentes formes de requalification des restes. Elle étudie la manière dont un collectif reconduit leur existence en suivant leur trajectoire, leur carrière ou leur biographie. Comment, par différentes opérations de requalification sociale, ils retrouvent une nouvelle valeur, un nouvel avenir, une alternative à leur perte. De la poubelle au musée, ces différents arts d’accommoder les restes ont donné lieu à des recherches consacrées aux déchets (Thompson 1979 ; Rathje, Murphy 1992). Au début des années 1970, l’anthropologue William Rathje développe le Garbage Project à Tucson (Arizona) avant de l’étendre à d’autres villes américaines pendant plus de 20 ans. En s’appuyant sur la valeur biographique et archivistique des déchets, il montre que leur étude permet de comprendre les modes de vie des consommateurs. Dans cette économie du rejet quotidien, les poubelles comme les décharges sont traitées comme des « lieux de mémoire » propices à une archéologie du social. Ces recherches ont été menées en allant recueillir directement les sacs d’ordures chez les gens ou en fouillant des décharges. Leur étude (classement, inventaire) vise à comprendre l’articulation entre ce qui est rejeté et les représentations des pratiques de consommation. On trouve également des études qui portent sur les objets de seconde main (Gregson, Crewe 2003 ; Gabel et al. 2012), l’art, le patrimoine, la mémoire ou les musées (Kirshenblatt-Gimblett 1998). Ces analyses insistent sur la notion de valeur comme sur celle de temps : la valeur des restes vient de leur traversée de l’histoire. Une anthropologie des restes permet ainsi de comprendre comment une société traite de son histoire à travers les usages qu’elle réserve à ce qui résiste à la disparition. Le reste renvoie l’identité à son autre en traçant les frontières de ce qui ne relève pas ou plus d’elle. Il soumet l’identité au traitement de son altération. En dépérissant, il énonce le temps qui passe. La question de la discontinuité historique, des différents « régimes d’historicité » (Hartog 2003), peut être abordée au regard du sort réservé aux restes. Ils engagent différentes formes de retraitement ou de recyclage culturel de l’histoire. Au-delà d’une dimension écologique, l’enjeu de ces requalifications s’ouvre à un projet d’anthropologie générale. A partir de l’usage de ces restes, on cherche à comprendre ce qu’en font les communautés qui les conservent (Godelier 1997), les requalifient ou parfois les détruisent. Restes sacrés (de dieux, de choses ou d’hommes) dont les modalités d’existence et de transmission permettent de témoigner d’une culture. Témoignages d'identités, d'humanités, à travers lesquels une société vient rendre compte de son histoire, lui rendre un compte. Signant et signifiant ses peines, comme ses joies, face à la perte de son propre référent : le temps qui passe.


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