A filosofia da libertação e o legado marxiano

2019 ◽  
Vol 11 (3) ◽  
pp. 77-94
Author(s):  
Arivaldo Sezyshta

Resumo: A pergunta feita por Karl Marx, “como é possível que aquele que produz a riqueza seja pobre?”, evidenciou a existência de uma ética implícita em um discurso explicitamente econômico. Precisamente, Marx escolheu a economia como lugar mais pertinente para desenvolver seu estudo ético-crítico, mostrando que o momento material da economia é a produção, que só tem sentido quando gera produtos para as necessidades humanas. Analisando o capitalismo observa que a preocupação principal está em torno do capital e não do ser humano, o que o leva a desenvolver sua crítica ética a partir da exterioridade do trabalhador, apresentando a possibilidade de um novo projeto político, fazendo da questão social um dos maiores problemas filosóficos. Essa análise marxiana da realidade de opressão à qual está submetido o trabalhador e, sobretudo, a possibilidade de sua emancipação, é decisiva para a Filosofia da Libertação. Essa aproximação entre a reflexão marxiana e a Filosofia da Libertação permite compreender que é a exterioridade a categoria principal escolhida por Marx, enquanto ponto de partida de sua crítica teórica e condição para que possa levantar, a partir do trabalho, todo o edifício de seu discurso. Isso torna-se decisivo para a Filosofia da Libertação e sua propositura de uma política igualmente libertadora  Palavras-chave: Marx. Exterioridade. Dussel. Filosofia da Libertação. Política.   Abstract: The question asked by Karl Marx, "How is it possible that the one who produces the wealth is poor?", provided evidence for the existence of an ethics implicit in an explicitly economic discourse. Specifically, Marx chose economics as the most pertinent place to develop his ethical-critical study, showing that the material moment of economics is production, which only makes sense when it generates products for human needs. Analysing capitalism, he observes that the main concern is about the capital and not the human being, which leads him to develop his ethical criticism from the externality of the worker, presenting the possibility of a new political project, thus making the social question one of the major philosophical problems. This Marxian analysis of the reality of oppression, to which the worker is subjected, and especially the possibility of his emancipation, is decisive for the Philosophy of Liberation.This approximation between Marxian reflection and the Philosophy of Liberation allows us to understand that exteriority is the main category chosen by Marx as the starting point of his theoretical critique and the condition so that he can raise from the work the whole edifice of his discourse. This becomes decisive for the Philosophy of Liberation and its proposition of an equally liberating policy.  Keywords: Marx. Exteriority. Dussel. Philosophy of Liberation. Politics.  REFERÊNCIAS  DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação - na América Latina. São Paulo: Loyola, 1977.  DUSSEL, Enrique. Hacia un Marx desconocido: un comentario de los manuscritos del 61-63. México: Siglo XXI, 1988  DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação: crítica à ideologia da exclusão. São Paulo: Paulus, 1995.  DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes. 2000.  DUSSEL, Enrique. Hacia uma filosofia política crítica. Bilbao: Desclée, 2001.  DUSSEL, Enrique. Vivemos uma primavera política. In: América Latina em Movimento. 18 dez. 2006. Disponível em: <https://www.alainet.org/pt/active/15053> Acesso em: 10 set. 2018.  DUSSEL, Enrique. 20 teses de política. São Paulo: Expressão Popular, 2007.  DUSSEL, Enrique. Política de la Liberación: Arquitectónica. Vol. 2. Madrid: Trotta, 2009.  DUSSEL, Enrique. A produção teórica de Marx: um comentário aos Grundrisse. 1ª.ed – São Paulo: Expressão Popular, 2012.  FORNET-BETANCOURT, Raul. O marxismo na América Latina. São Leopoldo: Unisinos, 1995.  FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 32.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.   MARX, Karl. Elementos fondamentales para la crítica de la economía política. México: Siglo XXI, 1976. MARX, Karl. Obras fondamentales. México: FCE, 1982. Vol. 1.  MARX, Karl. O capital. v. 1. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988  MARX, Karl. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011.  SANTOS, Boaventura Souza. El milenio huérfano: ensayos para una nueva cultura política. Madrid: Trotta, 2005. 

2018 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 9-31
Author(s):  
Arivaldo Sezyshta

Resumo: Este artigo tem por objeto apresentar a Filosofia Política Crítica da Libertação em Enrique Dussel, analisando sua gênese e evolução e mostrando a influência decisiva da filosofia da práxis de Karl Marx para esse pensamento, em especial a partir do conceito de exterioridade, entendida como sendo o âmbito onde o outro se revela, onde permanece livre em seu ser distinto. A exterioridade, precisamente, é tida pela Filosofia da Libertação como a categoria principal do legado marxiano e pressuposto teórico fundamental, que viabiliza o discurso de Dussel, sobretudo na opção radical pela vítima, marca de seu pensamento filosófico. Mediante isso, aqui se assume a tese de que há em Dussel uma parcialidade pela vítima: seu pensamento está construído, propositalmente, em favor da vítima. O esforço deste trabalho é o de mostrar que a opção pela vítima será o fio condutor de todo seu pensar, o que cobra da Filosofia da Libertação uma pretensão crítica de pensamento, fazendo com que o labor filosófico seja desafiado e provocado pela necessidade real de auxiliar a vítima, exigência do povo latino-americano em seu caminho de libertação. Em termos de resultado, para além da importância atual do pensamento marxiano para a compreensão da realidade e a crítica ao capitalismo, ressalta-se a relevância teórico-prática do pensamento dusseliano para a Filosofia Política como um todo, pelas suas contribuições no cenário contemporâneo, pela coragem em apontar em direção a outra sociedade, trans-moderna e transcapitalista, já em curso nas práticas coletivas de Bem Viver.Palavras-chaves: Filosofia. Libertação. Enrique Dussel. Bem Viver. Abstract: This article aims to present the Critical Political Philosophy of Liberation in Enrique Dussel, analysing its genesis and evolution and showing the decisive influence of Karl Marx’s philosophy to his thought. Especially from his concept of exteriority, understood as being the space where the other reveals itself, where it remains free in its distinct being. The Externality, precisely, is considered by the Philosophy of Liberation as the main category of the Marxian legacy. It is the fundamental theoretical presupposition, which makes Dussel's speech possible, mainly in the radical choice for the victim, the hallmark of his philosophical thought. Hereby the assumption is made that there is in Dussel a partiality for the victim: his thought is purposely constructed in favour of the victim. The effort of this work is to show that the option for the victim will be the guiding thread of all his thinking, which demands from the Philosophy of Liberation a critical pretension of thought. Thus, causing the philosophical work to be challenged and provoked by the real need to help the victim, the demand of the Latin American people in their way of liberation. In addition to the current importance of Marxian thought for the understanding of reality and the critique of capitalism, the theoreticalpractical relevance of Dusselian thought for Political Philosophy as a whole is emphasized by its contributions in the contemporary scenario, by the courage to point towards another society, trans-modern and transcapitalist, already under way in the collective practices of Well Living.Keywords: Philosophy. Release. Enrique Dussel. Well living. REFERÊNCIAS   ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.ARGOTE, Gérman Marquínez. Ensayo Preliminar y Bibliografia. In: DUSSEL, Enrique. Filosofia de la liberación latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1979.BOULAGA, Eboussi. La crise Du Muntu: authenticité africaine Et philosophie. Paris: Présence Africaine, 1977.CALDERA, Alejandro Serrano. Filosofia e crise: pela filosofia latinoamericana. Petrópolis: Vozes, 1984.CAIO, José Sotero. Manifesto-Declaração do Rio de Janeiro/1993. In: PIRES, Cecília Pinto (Org.) Vozes silenciadas: ensaios de ética e filosofia política. Ijuí: Editora Inijuí, 2003, p.263-271.CASALLA, Mario Carlos. Razón y liberación: notas para una filosofia latinoamericana. Buenos Aires: Siglo XXI, 1973.DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação - na América Latina. São Paulo: Loyola, 1977._______. Filosofia de la Liberación Latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1979._______. Para uma ética da libertação latino-americana III: eticidade e moralidade. São Paulo: Loyola, 1982._______. Filosofía de la producción. Bogotá: Editorial Nueva América, 1984._______. Ética comunitária. Madrid, Ediciones Paulinas, 1986._______. Introdución a la filosofía de la liberación. Bogotá: Nueva América, 1988._______. 1492 – O encobrimento do Outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993. _______. Filosofia da libertação: crítica à ideologia da exclusão. São Paulo: Paulus, 1995._______. Filosofía de la Liberación. Bogotá: Editorial Nueva América, 1996._______. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes, 2000. _______. Hacia una filosofia política crítica. Bilbao: Desclée, 2001._______. 20 teses de política. São Paulo: Expressão Popular, 2007.FANÓN, Franz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.FLORES, Alberto Vivar. Antropologia da libertação latino-americana. São Paulo: Paulinas, 1991.FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974 GULDBERG, Horacio C. Filosofía de la liberación latinoamericana. México: Fondo de Cultura Económica, 1983.IFIL. Livre Filosofar: Boletim Informativo do Ifil, Ano IX, No.18, 1988.LAS CASAS, Bartolomé de. O Paraíso perdido: Brevíssima relação da destruição das Índias. Trad.: Heraldo Barbuy. 6 ed. Porto Alegre: L&PM, 1996.LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Martins Fontes, 2009.LÖWY, Michael. Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez, 2005.MARTI, José. Política de  nuestra América. México: Siglo XXI, 1987.SEZYSHTA, Arivaldo José e et al. Por uma terra sem males: seminário de formação para educadores e educadoras. Recife: Dom Bosco, 2003.ZEA, Leopoldo. Dependencia y liberación en la cultura Latinoamericana. México: Joaquín Mortiz, 1974.ZIMMERMANN, Roque. América Latina o não ser: uma abordagem filosófica a partir de Enrique Dussel (1962-1976). Petrópolis: Vozes: Petrópolis, 1987.


Trama ◽  
2018 ◽  
Vol 14 (33) ◽  
pp. 118-129
Author(s):  
Espedito Saraiva MONTEIRO ◽  
Elisangela Alves da Silva SCAFF

Este artigo tem como objetivo analisar o processo de implementação do Programa Mais Educação na rede municipal pública de Dourados-MS, no período compreendido entre 2009 e 2015, com vistas a identificar e discutir a concepção de educação de tempo integral explicitada nesse processo. Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa, tendo como campo empírico as 45 escolas públicas municipais de Dourados – MS, utilizando como instrumento de coleta de dados questionário junto aos integrantes do Programa. Constata-se que a concepção de educação integral presente no Programa Mais Educação está relacionada à ampliação da jornada escolar; consequentemente, tal concepção está em consonância com a proposta preconizada pelo Programa que considera como educação integral, além de outros fatores, a jornada escolar com duração igual ou superior a sete horas diárias.REFERÊNCIASARROYO, M. O direito a tempos-espaços de um justo e digno viver. In MOLL, J. et al. Caminhos da Educação Integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos. Porto Alegre: Penso, 2012.BRASIL. Portaria Normativa Interministerial n° 17, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa Mais Educação que visa fomentar a educação integral de crianças, adolescentes e jovens, por meio do apoio a atividades sócio-educativas no contraturno escolar. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 abr. 2007a._______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1998.________ Decreto nº 7.083, de 27 de janeiro de 2010. Institucionaliza o Programa Mais Educação. Brasília, DF, 2010a.________. Lei n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, 23 dez. 1996._______. Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, 9 de janeiro de 2001. Obtido em [https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm]. Acesso em 29 de dezembro de 2016.________. Manual de Educação Integral para Obtenção de Apoio Financeiro através do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE/Integral, no exercício de 2008. Brasília, DF.________. Manual de Educação Integral para Obtenção de Apoio Financeiro através do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE/Integral, no exercício de 2009 Brasília, DF, 2009a.________. Estatuto da Criança e do Adolescente: promulgado em 13 de julho de 1990. 9ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1999b.________. Manual de Educação Integral para Obtenção de Apoio Financeiro através do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE/Integral, no exercício de 2013 a. Brasília, DF.________. Programa Mais Educação: passo a passo. Brasília: MEC, Secad. 2009b. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf. Acesso em 21 de junho de 2015.CAVALARI, R. M. F. Integralismo – ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-1937). Bauru: EDUSC, 1999. 239 p.CAVALIERE, A.M. Escolas de tempo integral versus alunos em tempo integral. Em Aberto, v.21, p. 51-63, 2009.CARVALHO, L. M. As políticas públicas de educação sob o prisma da ação pública: esboço de uma perspectiva de análise e inventário de estudos. Currículo sem fronteiras. V. 15, n.2, p.314-333, maio/ago. 2015.COELHO, L.M. da C. História (s) de educação integral. In: MAURÍCIO, L. V. (org).: Educação Integral em Tempo Integral. Em Aberto, Brasília, v. 22, n° 80, 2009. p. 83-96.CEPAL. Comissão Economica Para a America Latina e Caribe. Equidad, desarrollo y ciudadanía. México, DF: CEPAL, 2000.DOURADO, L. F; OLIVEIRA, J. F. A qualidade da educação; perspectivas e desafios. Cadernos Cedes. Campinas vol. 29, n. 78, maio/ago. 2009.DOURADOS. Secretaria Municipal de Educação. Relatório de Avaliação do Programa Mais Educação. Dourados: SEMED, 2014.GADOTTI, M. Educação integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2009.LECLERC, G. F. E.; MOLL, J. Programa Mais Educação: avanços e desafios para uma estratégia indutora da Educação Integral e em tempo integral. Educar em Revista. Curitiba. nº. 45, p. 91-110, jul./set. 2012.MONTEIRO, E. S. A implementação do Programa Mais Educação no município de Dourados-MS: concepções e práticas. Dourados, MS: Universidade Federal da Grande Dourados, 2016. (Dissertação de Mestrado).O PROGRESSO. Cidade de Dourados (MS) universaliza a educação em tempo integral.  28 de Abril, 2014.PARO, V. Educação integral em tempo integral: uma concepção de educação para a Modernidade. In: COELHO, Lígia Martha C. da Costa (Org.). Educação integral em tempo integral: estudos e experiências em processo. Petrópolis, RJ: FAPERJ, 2009.RODRIGUES, C. M. L.; VIANA, L. R.; BERNARDES, J. A. O Programa Mais Educação: breve análise do contexto político e dos pressupostos teóricos. Cadernos ANPAE, v. 17, p. 1-16, 2013.ROSA, V. S. O Programa Mais Educação como Política Pública Nacional de Educação Integral. In: IX ANPEd SUL Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, 2012, Caxias do Sul, RS. Anais: ANPEd SUL, 2012.TEIXEIRA, A. Centro Educacional Carneiro Ribeiro. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.31, n.73, jan./mar. 1959. p. 78-84. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/produde.htm. Acesso em: 17 jul. 2015.UNESCO. Boletin. Proyecto principal de educacion em America Latina y Caribe. Santiago UNESCO, 1996.Recebido em 11-04-2018 e aceito em 28-08-2018.


2019 ◽  
Vol 13 (3) ◽  
pp. 827
Author(s):  
João Dos Reis Silva Júnior

The text seeks the understanding of the reform of the state apparatus in Brazil and the resulting reforms of republican institutions and the regulatory processes and control of society in a frightening globalized context. It tries to show economic and political dimensions of the structural changes in the state university, the research and the science of the country, considering the relations center-periphery.ResumoO texto busca o entendimento da reforma do aparelho de Estado no Brasil e das decorrentes reformas das instituições republicanas, bem como os processos de regulação e controle da sociedade, num contexto globalizado assustador. Busca mostrar dimensões econômicas e políticas das mudanças estruturais na universidade estatal, na pesquisa e na ciência do país, considerando as relações centro-periferia.Palavras-chave: Universidade estatal no Brasil atual, Mundialização, Dependência, Subdesenvolvimento.Keywords: State University in current Brazil, Globalization, Dependency, Underdevelopment.ReferencesBRESSER-PEREIRA, Luis Carlos. Crise econômica e reforma do estado no Brasil: para uma nova interpretação da América Latina. São Paulo: Editora 34, 1996.CATANI, Afrânio Mendes; OLIVEIRA, João Ferreira de. Educação superior no Brasil: reestruturação e metamorfose das universidades públicas. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002.FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.FURTADO, Celso. A formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia Brasileira de Letras, 2007.HARVEY, David. 17 contradições e o fim do capitalismo. São Paulo, Boitempo Editorial, 2016.LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos: ensaio sobre a origem, os limites e os fins verdadeiros do governo civil. Petrópolis (RJ): Vozes, 2006.MANCEBO, Deise; SILVA JÚNIOR, João dos Reis; SCHUGURENSKY, Daniel. A educação superior no Brasil diante da mundialização do capital. Educação em Revista, v. 32, n. 04, p. 205-225, 2016.MARINI, Ruy Mauro. A dialética da dependência. Tradução de Marcelo Carcanholo e Carlos Eduardo Martins. México: Editora Era, 1973.ROBERTO, Michael Joseph. The Coming of American Behemoth – the origins of fascism in The United States (1920-1940). NYC: Monthly Review Press, 2018.SADER, Emir. Ruy Mauro Marini, intelectual revolucionário. In: MARTINS, Carlos Eduardo; VALENCIA, Adrián Sotelo. América Latina e os desafios da globalização. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio. São Paulo: Boitempo Editorial, 2009.SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JÚNIOR, João dos Reis. Trabalho intensificados nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã Editora, 2009.SILVA JÚNIOR, João dos Reis; SGUISSARDI, Valdemar. As novas faces da educação superior no Brasil – reforma do Estado e mudança na produção. 2. ed. São Paulo: Cortez; Bragança Paulista: EDUSF, 2001.SILVA JÚNIOR, João dos Reis. Trabalho do professor nas federais: estranhamento e significados. Tese de Livre-docência, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.SILVA JÚNIOR, João dos Reis. The new Brazilian university: a busca por resultados comercializáveis: para quem? Bauru: Projeto Editorial Praxis, 2017.


2017 ◽  
Vol 26 (2) ◽  
pp. 207-227
Author(s):  
Alessandra Vannucci

A partir de 1850, após a inauguração de linhas de navegação a vapor com destino aos principais portos latino-americanos, a viagem transatlântica virou produto de consumo. Os gigantescos navios embarcavam todas as classes sociais e todas as profissões – mas aos emigrantes de nacionalidade italiana, na América Latina, era atribuído um especial talento canoro. Na corte carioca, a concorrência no mercado do teatro lírico era tamanha que alimentava torcidas adversárias, a favor ou contra um ou outro intérprete; assim como sustentava uma intensa exploração dos artistas por parte de agentes com dúbia moral. O presente ensaio aborda esse mundo pelo olhar de Giuseppe Banfi, um carpinteiro que desembarcou no Rio de Janeiro em 1857, em plena febre lírica, sendo logo contratado como corista do Teatro Lírico Fluminense e como solista em igrejas. Depois de ter seus pertences roubados, ele empreende uma fabulosa jornada pelo interior do Brasil, atravessando os estados de Minas Gerais e São Paulo, subindo montanhas, traspondo rios e vagando na selva até chegar a Curitiba, após três meses de viagem. Já de volta à Itália, ele narrou as suas aventuras em um diário. Entre relato de viagem e romance de formação, seu registro pode ser lido como libelo de tolerância em que é encenado o encontro entre índios gentis e bárbaros europeus, perdidos nas mais extremas regiões do continente americano. A música, por ser linguagem que potencializa a alteridade, é tática essencial desse surpreendente diálogo intercultural.


2019 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 65-78
Author(s):  
Regina Kohlrausch ◽  
Maria Edilene de Paula Kobolt

O presente artigo volta-se para a análise da obra Chicas muertas (2014), de Selva Almada, visando mostrar de que maneira se cumpre a função social da arte, conforme Candido (2000), na voz dessa escritora argentina e também indicar como exemplo do processo de ocupação de espaço pela mulher no universo literário. Apresentam-se ainda dados biográficos situando-a também como mulher que se inclui na própria obra ficcional. Palavras-chave: Autoria feminina. Selva Almada. Chicas muertas. Referências ALMADA, Selva. Biografia. Disponível em: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=3049 . Acesso em: 08 out 2018. ALMADA, S. Chicas muertas. Youtube, 13 nov. 2015. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=LBpESnvgTHk&t=28s>. Acesso em: 08 jun.19 BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. Tradução Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1967. Disponível em: <http://brasil.indymedia.org/media/2008/01/409680.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018. BONNICI, Thomas. Teoria e crítica literária feminista: conceitos e tendências. Maringá: EDUEM, 2007. BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, Campinas, n. 26, p. 329-376, jan./jun. 2006. BRASIL, Ministério da Cultura. (2016). Disponível em: http://www.cultura.gov.br/noticias-destaques/ /asset_publisher/OiKX3xlR9iTn/content/na-literatura-a-mulher-ainda-nao-alcancou-protagonismo/10883. Acesso em: 06 out. 2018. BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 8. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000. CIXOUS, Hélène. The laugh of the Medusa. [1975]. In: WARHOL, Robyn R.; HERNDL, Diane P. Feminisms: an anthology of literacy theory and criticism. New Jersey: Rutgers University, 1997. COLASANTI, Marina. Por que nos perguntam se existimos. In: SHARPE, Peggy (org.). Entre resistir e identificar-se: para uma teoria da prática da narrativa brasileira de autoria feminina. Florianópolis: Mulheres; Goiânia: UFG, 1997. p. 33-42. CULLER, Jonathan. Sobre a desconstrução: teoria e crítica do pós-estruturalismo. Tradução Patrícia Burrowes. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 1997. CUNHA, Glória da (org.). La narrativa histórica de escritoras latino-americanas. Buenos Aires: Corregidor, 2004. DATOSMACRO, Argentina. Disponível em: https://datosmacro.expansion.com/demografia/poblacion/argentina. Acesso em: 07 out. 2018. DE LA CRUZ, Sor Juana Inés. Respuesta de la poetisa a la muy ilustre Sor Filotea de la Cruz, 1691. Antología del Ensayo. Disponível em: http://www.ensayistas.org/antologia/XVII/sorjuana/sorjuana1.htm . Acesso em: 18 out. 2018. DEL PRIORE, Mary. História das mulheres: as vozes do silêncio. In: FREITAS, Marcos Cezar (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2001. p. 217-235. DEL PRIORE, Mary (org.). História das mulheres no Brasil. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2008. GARFINKEL, Harold. Passing and the managed achievement of sex status in an ‘intersexed’ person [1967]. In: STRYKER, S.;WITTLE,S. (orgs.). The transgender studies reader. Londres: Routledge, 2006. GUTIÉRREZ ESTUPIÑÁN, Raquel. Una introducción a la teoría literario feminista. México: Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades Benemérita Universidad Autónoma de Puebla, 2004. HARAWAY, Donna. “Gênero” para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra. Cadernos Pagu, Campinas, n. 22, p. 201-246, jan./jun. 2004. HERNANDES, Luciana Carneiro. Tecidos e tessituras: representação do feminino em María Rosa Lojo. 2017. 205 f. Tese (Doutorado em Letras – Área de Literatura e Vida Social) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, 2017. RAPUCCI, Cleide Antonia. Mulher e deusa – a ideia do feminino. In: ______. Mulher e deusa: a construção do feminino em Fire works de Angela Carter. Maringá: EdUem, 2011. p. 55-135. RUBIN, Gayle; BUTLER, Judith. Tráfico sexual: entrevista. Cadernos Pagu, Campinas, n. 21, p. 157-209, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010483332003000200008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 06 out. 2018. RUBIN, Gayle. O tráfico de mulheres: notas sobre a economia polìtica do sexo. Tradução Christine Rufino Dabat, Edileusa Oliveira da Rocha e Sonia Corrêa. Recife: S.O.S Corpo, 1993. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/1919. Acesso em: 06 jan. 2018. SCHMIDT, Rita Terezinha. Repensando a cultura, a literatura e o espaço da autoria feminina. In: NAVARRO, Márcia Hoppe (org.). Rompendo o silêncio: gênero e literatura na América Latina. Porto Alegre: UFRGS, 1995. SCHMIDT, Rita Terezinha. Para além do dualismo natureza/cultura: ficções do corpo feminino. Revista Organon, Porto Alegre, UFRGS, v. 27, n. 52, 2012. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/33480/21353. Acesso em: 09 out. 2018. SCHMIDT, Rita Terezinha. Refutações ao feminismo: (des)compassos da cultura letrada brasileira. Estudos feministas, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 272, set-dez/2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v14n3/a11v14n3.pdf. Acesso em: 09 out. 2018. SHOWALTER, Elaine. A literature of their own: British women novelists from Brontë to Lessing. Princeton: Princeton University, 1998. SILVA, Tânia M. Gomes. Trajetória da historiografia das mulheres no Brasil. Politeia, História e Sociedade, Vitoria da Conquista, v. 8, n. 1, p. 223-231, 2008. Disponível em: http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/276/311 . Acesso em: 05 out. 2018. XAVIER, E. Para além do cânone. In: RAMALHO, C. (org.) Literatura e feminismo: propostas teóricas e reflexões críticas. Rio de Janeiro: Elo, 1999. p. 15-22. ZOLIN, L. O. Literatura de autoria feminina. In: BONNINI, T.; ZOLIN, L. O. (orgs.) Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: Eduem, 2012. p. 327-336.


2019 ◽  
Vol 11 (3) ◽  
pp. 39-51
Author(s):  
Angélica Lima Melo ◽  
Amanda Gomes Pereira

Resumo: Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve discussão sobre o conceito emancipação humana, numa trajetória perpassada por influências teóricas e metodológicas que contribuíram para a construção do pensamento de Karl Marx. Nele, foi feita uma revisão literária contida nas obras de 1843 e 1844, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, Para a Questão Judaica, Introdução a Crítica da Filosofia do Direito, Glosas Críticas Marginais e a obra O Jovem Marx 1843-1844: as origens da ontologia do Ser Social. O intuito é estabelecer um debate acerca das relações e diálogos teóricos iniciais do pensamento do autor que fazem emergir suas análises sobre a condição humana e o materialismo histórico. Para tal, recorre-se aos estudos já realizados pelos jovens hegelianos, suas influências intelectuais, em especial, Feuerbach.  Em 1844, Marx conhece Engels e juntos tornaram-se adeptos ao socialismo, a pesquisa de Marx ganha uma modificação teórica e material, o autor percebe que a democracia não seria capaz de remodelar a história social alemã, acredita que emancipação deve conter um aspecto “real”, nesse momento ele visualiza o papel do proletariado como elemento indispensável no processo de revolução social, o socialismo contribuiria para a concretização da emancipação humana.  Palavras-chave: Emancipação. Materialismo Histórico. Proletariado. Democracia. Socialismo. Revolução social.  Abstract: This work aims to make a brief discussion about the concept of human emancipation, in a trajectory pervaded by theoretical and methodological influences that contributed to the construction of the Karl Marx thought, accompanying the literary revision contained in the works of 1843 and 1844, Critique of Philosophy of Hegel's Right for the Jewish Question, Introduction to the Critique of the Philosophy of Law, Marginal Critical Glosas, and The Young Marx 1843-1844: The Origins of the Ontology of Social Being. In 1843 Marx understands that democracy could modify Germany's social reality by contributing to the process of emancipation, in this endeavor, resorts to the studies already carried out by young Hegelians their intellectual influences, especially Feuerbach. In 1844 Marx met Engels and together became adherents to socialism, Marx's research gains a theoretical and material change, the author realizes that democracy would not be able to reshape German social history, believes that emancipation must contain a "real" "At that moment he envisions the proletarian figure as an indispensable element in the process of social revolution, socialism would contribute to the realization of human emancipation.  Keywords: Emancipation. Historical Materialism. Proletariat. Democracy. Socialism. Social revolution.  REFERÊNCIAS  BETTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista. Tradução Waltensir Dutra. Rio de Janeiro; Zahar, 2013. Disponível em<http://www.4shared.com/office/CDqABj5G/dicionrio-do-pensamentomarxis.html>. Acesso em 19 de setembro de 2015.   FREDERICO, Celso. O jovem Marx (1843-1844): As origens da ontologia do ser social 2.ed.. São Paulo: Expressão Popular, 2009.  MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2004.  MARX, K.; ENGELS, F. A sagrada família. Tradução de Marcelo Bakes. São Paulo: Boitempo, 2003.  MARX, Karl. O Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 1998.  MARX, K. Glosas críticas marginais ao artigo "O rei da Prússia e a reforma social". De um Prussiano, Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Londrina, v. 3, n. 1, p. 142155, fev. 2011.  Disponível em        html: <http://www.marxists.org/portugues/marx/1844/08/07.htm>.  Acesso em fevereiro de 2016.  MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Introdução de Jacob Gorender e Ttradução de Luis Claudio de Castro e Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1998.  MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução de Rubens Enderle e Leonardo de Deus. 2.ed. São Paulo: Boitempo, 2010.  MARX, Karl. Sobre a questão judaica. São Paulo: Boitempo, 2010.  KARL, Marx. Para a crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução Artur Morão. Covilhã, Lusofia, 2008. Disponível em:  <https://www.google.com.br/search?q=KARL%2C+Marx.+Para+a+crítica+da+filosofia +do+direito+de+Hegel.+Tradução+Artur+Morão.+Covilhã%2C+Lusofia%2C+2008>. Acesso em outubro de 2015 às 14h00min.  MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007  MARX, Karl. A Questão Judaica. São Paulo: Centauro, 2005.NETTO, José Paulo. Marxismo impenitente: contribuição à história das idéias marxistas. São Paulo: Cortez, 2004.   SIQUEIRA, Sandra M. M.; PEREIRA, Francisco. Aspectos da vida e da obra de Marx e Engels . Salvador-BA: Lemarx, 2011. Disponível em: <https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chromeinstant&ion=1&espv=2&ie=UTF8#q=refer%C3%AAncia+Aspectos+da+vida+ea+obra+de+Marx+e+Engels+Sandra+M .+M.+Siqueira+e+Francisco+Pereira+Lemarx,+2011>. Acesso em dezembro de 2015.  TONET, Ivo. A propósito de “Glosas Críticas”. São Paulo: Expressão Popular, 2010.  TONET, Ivo. A propósito de “glosas críticas”. In: MARX, Karl. Glosas críticas marginais ao artigo “O rei da Prússia e a reforma de social” de um prussiano. São Paulo: Expressão Popular, 2010. 


2019 ◽  
Vol 38 ◽  
Author(s):  
Valéria dos Santos Guimarães

RESUMO A francofilia esteve presente no Brasil desde fins do século XVIII, presença também materializada na circulação de periódicos tanto importados de Paris, como publicados por emigrados nos séculos seguintes. O objetivo deste artigo é discorrer sobre aspectos da produção, circulação e distribuição desses periódicos no Rio de Janeiro e em São Paulo. A hipótese é que eles tanto difundiam a cultura francófona, como foram pioneiros na inserção do Brasil na lógica da cultura midiática transnacional da modernidade. Além do levantamento de títulos importados e impressos no país em catálogos antigos de livreiros e de acervos públicos e dos locais de distribuição ao leitor, foram consultados relatórios estatísticos e dos correios franceses e brasileiros em busca de dados quantitativos. Entre os resultados está a constatação do predomínio de títulos em francês em relação aos demais idiomas estrangeiros (dada à força global da cultura francesa no período, particularmente na América Latina) e a descoberta de acordos comerciais favoráveis à entrada de impressos provenientes da França, dado inédito revelado pela análise dos relatórios oficiais, o que traz um novo elemento para explicar o seu grande afluxo para o Brasil, apontando uma nova perspectiva metodológica para os estudos da circulação da história da imprensa estrangeira.


2020 ◽  
Vol 12 (1) ◽  
Author(s):  
Andre Rezende Benatti

Este artigo tem como objetivo uma apreciação de alguns aspectos que envolvem o realismo e a violência na Literatura, para tal tomamos como objetos de estudo que nos auxiliarão na compreensão dos conceitos contos da escritora hispano-paraguaia Josefina Plá, a saber “La pierna de Severina”, “La Vitrola”, “Sisé” e “Siesta”. Para tal, nos valeremos dos estudos sobre real e o realismo de Roman Jakobson, Roland Barthes e Tânia Pellegrini, entre outros, assim como dos estudos da violência de Hannah Arendt, Xavier Crittiez e Karl Erik Schollhammer. A RENDT, Hannah. Sobre a violência. Trad. André Duarte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.ARISTÓTELES. Poética. Tradução de: SOUZA, Eudoro de. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 209.BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais – 7ª edição. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.BARTHES, Roland. O efeito de real. In: _______. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Cultrix, 2004. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2014. CRITTIEZ, Xavier. As formas da violência. Tradução de Lara Christina de Malimpensa e Mariana Paolozzi Sérvulo da Cunha. São Paulo: Edições Loyola, 2011. GALEANO, Eduardo. Las venas abiertas de América Latina. Barcelona: Siglo Veintiuno Editores, 2011. GRAMUGLIO, Maria Teresa. El imperio realista. Tomo 6. Noé Jitrik (Dir.) Historia crítica de la literatura argentina. Buenos Aires: Emecé, 2002. GOMES, Renato Cordeiro.  Por um realismo brutal e cruel. In: MARGATO, Izabel; _______. (Org.). Novos Realismos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. JAKOBSON, Roman. Do realismo na arte. In: TODOROV, Tzvetan. Teoria da literatura: textos dos formalistas russos. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora UNESP, 2013. LEENHARDT, Jacques. O que se pode dizer da violência? In.: LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990. LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990. PELLEGRINI, Tânia. Realismo: modos de usar. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n.39, p. 11-17, 5 jun. 2012. PLÁ, Josefina. Cuentos completos. Miguel Ángel Fernández. Asunción (org.), Asunción: El Lector, 1996. SCHOLLHAMMER, Karl Erik. A cena do crime: violência e realismo no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. WELLEK, René; WARREN, Austin. Teoria da literatura. 4. ed. Lisboa: Europa-América, s.d.


Trama ◽  
2018 ◽  
Vol 14 (33) ◽  
pp. 15-24
Author(s):  
Camila Maria BORTOT ◽  
Angela Mara de Barros LARA

Tivemos por objetivo compreender como se estabelecem as relações entre Estado e Sociedade Civil na Terceira Via, em relação aos mecanismos de participação social e econômica na educação e suas intencionalidades. A reconfiguração da relação entre Estado e sociedade civil ativa a partir dos anos 2000, cujo Estado, estrategicamente, chamou a sociedade para atuar em conjunto, procurou relações consensuais. Com um Estado Catalisador, voltado ao empreendedorismo e à colaboração, o Terceiro Setor e as Redes atuam como parceiros, fazendo com que o Governo não atue unicamente na prestação direta da educação. As intencionalidades desse movimento de sociabilidade apontam à privatização do ensino público, cuja colaboração se direciona a descentralização da educação.REFERÊNCIAS BALL, S. J. Educação global S. A.: novas redes políticas e o imaginário neoliberal. Tradução de Janete Bridon. Ponta Grossa: UEPG, 2014.CASTELO, R. O Social-liberalismo: auge e crise da supremacia burguesa na era neoliberal. 1. ed. São Paulo: Expressão popular, 2013.FALLEIROS, V. P. A política social no Estado capitalista. SP: Cortez, 2005.GIDDENS, A. A terceira via e seus críticos. Rio de Janeiro: Record, 2001.GIDDENS, A. A Terceira Via: reflexões sobre o impasse político atual e o futuro da socialdemocracia. Rio de Janeiro: Record, 1999.GRAMSCI, A. Caderno 12 (1932): Apontamentos e notas dispersas para um grupo de ensaios sobre a história dos intelectuais. Cadernos do Cárcere, vol. 2. Edição e tradução Carlos Nelson Coutinho, co-edicação Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. 7ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.LIMA, J. Á. Redes na educação: questões políticas e conceptuais. Revista Portuguesa de Educação, Lisboa, Portugal: Universidade do Minho, v. 20, n. 2, p. 151-181, 2007.MARTINS, A. S.; NEVES, L. M. W.; MELO, A. A. S. et al. Educação Básica: tragédia anunciada? São Paulo: Xamã, 2015.NEVES, L. M. W. A sociedade civil como espaço estratégico de difusão da nova pedagogia da hegemonia de difusão da nova pedagogia da hegemonia. In: NEVES, L. M. W. (Org.). A nova pedagogia da hegemonia: estratégias do capital para educar o consenso. São Paulo: Xamã, 2005. p. 85-126.OSBORNE, D.; GAEBLER, T. Reinventando o governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público. Brasília: MH Comunicação, 1994.OSZLAK, O.; O'DONNELL, G. Estado y políticas estatales en América Latina: hacia una estrategia de investigación. Centro de Estudios de Estado y Sociedad (CEDES), Documento G.E. CLACSO, 1995: Buenos Aires, Argentina. p. 11-23.PAULO NETTO, J.; BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. SP: Cortez, 2011.PERONI, V.; OLIVEIRA, R.; FERNANDEZ, M.; Estado e Terceiro Setor: as novas regulações entre o público e o privado na gestão da educação básica brasileira. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 30, n. 108, p. 761-778, out. 2009.SCHNEIDER, V. Redes de políticas públicas e a condução de sociedades complexas. Civitas – Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 5. n. 1, p. 29-58, jan./jun. 2005.THOMPSON, E. Desencanto ou apostasia? In: THOMPSON, E. Os românticos: a Inglaterra na era revolucionária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 49-101.__________. Costumes em comum. São Paulo: Cia das Letras, 1998.WILLIAMS, R. Palabras claves. Buenos Aires: Nueva Vision, 2003.Recebido em 10-04-2018 e aceito em 10-08-2018.


2019 ◽  
Vol 13 (2) ◽  
pp. 459
Author(s):  
Edmacy Quirina de Souza ◽  
Reginaldo Santos Pereira

This article proposes a discussion about childhood, racism and its connection with the devices of know-power engendered in social relations and educational spaces. It discusses how the educational spaces produce ways of subjectivation of the children, the several ways of governing them and comply them in the norms and standards of the white culture. The prejudice and racism practices learned and internalized in the school context contribute to the constitution of a child growing under the aegis of a racist culture. From the post-structuralist theoretical framework, the study problematizes the concepts of essentialized childhood, brings to debate and reflection the truth regimes, the games of knowledge and power that surround childhood, as well as the speeches that are produced in the educational sphere and the emerging challenges to develop an anti-racist education.ResumoEste artigo propõe uma discussão sobre infância, racismo e sua conexão com os dispositivos de saber-poder engendrados nas relações sociais e nos espaços educativos. Discute como os espaços educativos produzem modos de subjetivação das crianças, as várias formas de governá-las e enquadrá-las nas normas e padrões da cultura branca. As práticas preconceituosas e racistas aprendidas e internalizadas no contexto escolar colaboram na constituição de uma criança que cresce sob a égide de uma cultura racista. A partir do referencial teórico pós-estruturalista, o estudo problematiza os conceitos de infância essencializada, traz ao debate e reflexão os regimes de verdade, os jogos de saber e poder que circundam a infância, bem como os discursos que são produzidos na esfera educacional e os desafios emergentes para constituição de uma educação antirracista.Keywords: Childhood, Power, Racism, Knowledge.Palavras-chave: Infância, Poder, Racismo, Saber.ReferencesARROYO, Miguel G. Pedagogia multirracial popular e o sistema escolar. In: GOMES, Nilma Lino. Um olhar além das fronteiras. Educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Infância e maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A, 2002a.BUJES, Maria Isabel Edelweiss. A invenção do eu infantil: dispositivos pedagógicos em ação. Revista Brasileira de Educação, n. 21, p. 17-39, set./dez. 2002b.BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Infância e poder: breves sugestões para uma agenda de pesquisa. In: COSTA, Marisa Vorraber; BUJES, Maria Isabel Edelweiss (Orgs.). Caminhos investigativos III: riscos e possibilidades de pesquisa nas fronteiras. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.CORAZZA, Sandra Mara. História da infância sem fim. Rio Grande do Sul: Unijuí, 2000.CORAZZA, Sandra Mara. Os bons(?) os maus(?): genealogia da moral da Pedagogia. In: CORAZZA, Sandra Mara. Para uma Filosofia do inferno na educação: Nietzsche, Deleuze e outros malditos afins. Belo Horizonte: Autêntica, 2002a.CORAZZA, Sandra Mara. Infância & Educação: era uma vez... quer que conte outra vez? Rio de Janeiro: Vozes, 2002b.DINIS, Nilson Fernandes. A esquizoanálise: um olhar oblíquo sobre corpos, gêneros e sexualidades. Sociedade e Cultura, v.11, n. 2, p. 355-361, jul./dez. 2008.DELEUZE, Gilles. Os intelectuais e o poder. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979, p. 69-78.DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 3. São Paulo: Editora 34, 1996.DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia?. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.DORNELLES, Leni Vieira. Infâncias que nos escapam: da criança na rua à criança cyber. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.FISCHER, Rosa Maria Bueno. Trabalhar com Foucault: arqueologia de uma paixão. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1987.FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.FOUCAULT, Michel. Aula sobre Nietzsche: como pensar a história da verdade com Nietzsche sem basear-se na verdade. In: FOUCAULT, Michel. Aulas sobre a vontade de saber. São Paulo: Martins Fontes, 2014.GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de. Linguagem, cultura e alteridade: imagens do outro. Cadernos de Pesquisa, n. 107, jul. 1999, p. 41-78.KATZ, Chaim Samuel. Crianceria: o que é a criança. Cadernos de Subjetividade. São Paulo, número especial, junho, 1996, p. 90-96.KOHAN, Walter Omar. Infância, entre educação e filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.KOHAN, Walter Omar.  Infância, estrangeiridade e ignorância: ensaios de filosofia e educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.LARROSA, Jorge. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Tradução: Alfredo Veiga-Neto. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.NARODOWSKI, Mariano. Infância e poder. Bragança Paulista: Editora da Universidade de São Francisco, 2001.NARODOWSKI, Mariano. Infância e poder: a conformação da pedagogia moderna. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. Tese de Doutorado, Campinas 1993.NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2003.POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999.SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Crianças negras entre a assimilação e a negritude. In: Revista Eletrônica de Educação, v. 9, n. 2, 2015, p. 161-187.SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e; ROSEMBERG, Fúlvia. Brasil: lugares de negros e brancos na mídia. In: DIJK, Teun A. Van (Org.). Racismo e discurso na América Latina. São Paulo: Contexto, 2014, p. 73-117.VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.


Sign in / Sign up

Export Citation Format

Share Document