outra cosmopolítica é possível?
O conceito de cosmopolítica desenvolvido por Isabelle Stengers e Bruno Latour permite manter aberta a questão de quem e o que pode compor o mundo comum. Deste modo, cosmopolítica oferece uma ferramenta para se evitar as armadilhas da política razoável [reasonable politics], uma política que, definindo de antemão que as diferenças em jogo em um dado desacordo fazem referência a uma realidade única, torna possível deixar de lado algumas preocupações quando as define como irreais e, portanto, irracionais ou irrelevantes. Antecipando o mundo comum como seu possível resultado, mais do que como seu ponto de partida, cosmopolítica interrompe o recurso fácil à desconsideração de certas preocupações com base em sua ostensiva carência de realidade. E, ademais, conservam-se as questões acerca de quem ou o que pode participar na composição do mundo comum. Explorando estas questões por meio de materiais etnográficos sobre o conflito em torno do caribu no Labrador [Canadá], argumento que uma cosmopolítica orientada para o mundo comum padece de importantes limitações, e que outra orientação pode ser possível.