scholarly journals Duchamp, o sensível, a indiscernibildiade

2007 ◽  
Vol 1 (2) ◽  
pp. 71-85
Author(s):  
Marcos Martins

Nos inventários da arte do século XX, o trabalho de Marcel Duchamp é com freqüência compreendido apenas em sua dimensão conceitual, ignorando-se uma possível presença do sensível em sua obra. Partindo do conceito da obra de arte como “um ser de sensação” criado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, proponho, nesse trabalho problematizar tanto o lugar reservado a Duchamp pela história da arte, quanto os limites da definição de arte formulada por aqueles filósofos. Para explorar a possibilidade de se pensar uma poética duchampiana este texto se vale estrategicamente de duas referências: as teses de Rosalind Krauss a respeito da materialidade e do erotismo na obra do artista e os conceitos de duração, memória hábito e reconhecimento atento formulados pelo filósofo Henri Bergson.

2018 ◽  
Vol 7 (4) ◽  
pp. 199
Author(s):  
Roniê Rodrigues Da Silva ◽  
Licilange Gomes Alves

<em><em><br /></em></em>Este artigo tem como objetivo desenvolver uma análise do romance <em>Ciranda de Pedra </em>sob o prisma do conceito de Corpo sem Órgão (CsO), revisitado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, cuja obra permite-nos pensar de forma muito ampla sem perder a essência filosófica. Na ocasião, debatemos também outros termos trabalhados pelos filósofos nos volumes de <em>Mil Platôs </em>– Capitalismo e esquizofrenia, como<em> devir-mulher, espaço liso </em>e<em> estriado</em>,<em> territorialização</em>, dentre outros. Nosso foco de investigação recairá na conduta da personagem Laura, mulher que atravessa vários estigmas de uma sociedade patriarcal, enfrentando dentro si o travamento de uma luta entre o seu corpo disciplinado, obediente às regras desse sistema, e o corpo que quer ser construído, o Corpo sem Órgão, subversivo ao disciplinamento. Embora seja possível encontrarmos muitas pesquisas no Brasil que explorem tais conceitos em vários campos do saber, na literatura, porém, a aplicação destes é ainda insuficiente. Assim, o presente trabalho, além de contribuir para a ampliação de tais discussões, configura-se como uma abordagem interdisciplinar por conciliar duas áreas do conhecimento, Literatura e Filosofia, refletindo sobre possibilidades de se criar estratégias para o enfrentamento às hegemonias vigentes no cenário contemporâneo.


2018 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 43-74
Author(s):  
Christian Fernando Fernando Ribeiro Guimarães Vinci

Este artigo objetiva pensar o debate envolvendo a questão da literalidade na obra de Gilles Deleuze, mormente naquela escrita em parceria com Félix Guattari, a partir de um recuo pelo pensamento do filósofo Henri Bergson. Apresentada como um modo singular de operar com a escrita, a literalidade deleuze-guattariana exigiria que determinadas formulações, mormente aquelas de teor imagético fossem lidas ao pé da letra (a la lettre) ao invés de interpretadas como metáforas. Tendo adentrado em nosso país por meio do dossiê Entre Deleuze e a Educação, publicado em 2005 no periódico Educação & Sociedade, a questão da literalidade fomentou uma discussão acalorada, nomeadamente no campo educacional – dado o fato de um dos participantes, François Zourabichvili, propor uma pretensa teoria de ensino deleuzeana a partir dessa noção. Longe de querer encerrar tal debate, almejamos pensá-lo sob a égide do pensamento bergsoniano, a fim de propor um escape do binarismo estabelecido.


2021 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 35
Author(s):  
Cacio José Ferreira ◽  
Norival Bottos jr

Esse artigo discute o estatuto das imagens que são produzidas pelos humores líquidos do corpo de Macabéia, em A Hora da Estrela (1998), desregulando e desterritorializandoem filigranas as imagens capazes de sobreviver ao tempo, com destaque para a figura da ninfa, ao mesmo tempo representação da santa cristã ou das deusas pagãs em diversas culturas. Walter Benjamin (2011) denominou essas imagens como aquilo que resta e que é capaz de causar um rasgo ou uma fratura no tempo real, tratar-se-ia, portanto, de sobrevivência no tempo histórico. Como aporte teórico serão utilizadas, sobretudo, as análises de Gilles Deleuze, Félix Guattari, Jacques Derrida, Giorgio Agamben, AbyWarburg e Georges Didi-huberman, especialmente no que diz respeito ao papel da musa como condição sintomática do discurso que Macabéia exerce sobre o mundo patriarcal e racional, além de se efetivar como um diálogo onde Clarice Lispector busca refletir sobre o papel da arte a partir de uma perspectiva filosófica peculiar. Julga-se importante entender de que maneira Macabéia se configura como uma ninfa, especialmente no que diz respeito à importância das imagens carregadas de temporalidades dispersas e dotadas de características únicas, geralmente icônicas que ela desregula com seu discurso descentralizador.


2016 ◽  
Vol 41 (3) ◽  
pp. 713-729 ◽  
Author(s):  
Vanessa Regina de Oliveira Martins

Resumo: O presente trabalho objetiva travar um diálogo entre filosofia francesa e surdez, a partir dos constructos dos autores Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault, no que tange a ação conceitual e criativa da filosofia da diferença. Tal perspectiva se mostra propulsora de um pensamento militante e potente para compor novas práticas na educação de surdos. Problematiza-se a educação inclusiva e os discursos sobre a surdez pautados na lógica da mesmidade que apaga a diferença surda. Como alçar possibilidades de inscrição da surdez em outra lógica? Como sugestão, seria no incômodo de não se fazer igual, de não reparar seu corpo por meio de técnicas ortopédicas, mas de se recriar, reativando outros saberes, numa ética de se fazer singular. Nessa via, emerge a resistência surda, sendo efetivada por meio de formas outras de exercício e afirmação da vida. É pela enunciação da diferença linguística e pela visualidade conferida à experiência ímpar da não audição que tem se marcado a petição de uma educação bilíngue (no Brasil): língua brasileira de sinais (Libras) e língua portuguesa.


2019 ◽  
Vol 2 (35) ◽  
pp. 22-32
Author(s):  
André Vinícius Nascimento Araújo

As representações conformam-nos a certos modos de ver, de sentir e de enunciar que são perspectivas fechadas de nossas experiências estéticas e políticas. Sendo assim, se elas tornam restritas as nossas maneiras de se relacionar com os acontecimentos, é possível pensar para além das representações? Colocamos tal questão no horizonte da leitura de pensadores como Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze, Michel Foucault e Jacques Rancière. Porém, nosso foco incide sobre a crítica ao paradigma representativo, apresentada em alguns momentos distintos da obra de Deleuze, inclusive daquela que escreve junto com Félix Guattari, quando trata da questão da rostidade. Pretendemos, primeiramente, abordar aquele que para Nietzsche não é senão o maior de todos os acontecimentos a se dar na existência humana: a morte de Deus. Acontecimento que implica uma cisão nos modos tradicionais de pensar, subsumidos a representações morais e metafísicas da existência. De que maneira a morte de Deus será o horizonte de sentido para um modo de pensar, tanto em Deleuze, quanto em Foucault, que considera as coisas e as representações que fazemos delas, como interpretações de um certo jogo de forças e de subjetivação? Por último, poderemos avaliar a partir do conceito rancièriano de partilha do sensível, como encontramos em Deleuze uma prática do pensamento que busca escapar de uma distribuição sedentária do sensível e do político quando este se restringe ao paradigma das representações.


2019 ◽  
Vol 31 ◽  
pp. 269
Author(s):  
Eliane Monteiro de Almeida ◽  
Frederico Augusto Tavares Junior ◽  
Giselle Gama Torres Ferreira
Keyword(s):  

Este ensaio teórico busca uma reflexão crítica sobre o marketing ambiental, pelo olhar da psicossociologia, para discutir sobre o conceito de ecosofia, enfocando como ocorrem os processos de agenciamento de enunciação de um “rizoma verde” na captura de modos de ser “ecológico” ou “ecopsicossocial”. Desta forma, o presente trabalho visa trazer uma proposta contra-hegemônica, consubstanciada pelo olhar da esquizoanálise, de modo a romper antigas formas de pensar e produzir conhecimento na pesquisa em ciências humanas e sociais. O objetivo central é pensar sob a égide do conceito das três ecologias – conforme postulado por Félix Guattari – por meio dos paradigmas da sociedade de controle e do Capitalismo Mundial Integrado (CMI) como são produzidas as “subjetividades verdes” que exploram recursos naturais e produtilizam a natureza. A pesquisa é bibliográfica, fundamentada nas pistas teóricas trilhadas por Félix Guattari, Gilles Deleuze e por outros autores que dialogam com seus pensamentos. As pistas sugerem uma discussão psicossocial que desvela novos rumos para a ressignificação do marketing ambiental, apontando para a necessidade de se pensar um novo “marketing ecosófico” baseado nas três ecologias, bem como pensado sob um novo paradigma ético-político e estético, no qual as relações socioambientais sejam priorizadas.


2016 ◽  
Vol 28 (2) ◽  
pp. 231-241
Author(s):  
Margarete Axt ◽  
Paula Marques da Silva ◽  
Joelma Adriana Abrão Remião

Resumo Este texto, ao adentrar os muitos planos traçados por uma história de pesquisa e formação esculpida numa zona de interferência com a filosofia, em especial com Gilles Deleuze, Henri Bergson e Mikhail Bakhtin, discorre sobre como a temática da cidade vai se tornando expressiva em seu devir experimentação, sugerindo um efeito-labirinto de nós em rede-de-nós, que não para de se bifurcar e, paradoxalmente, também não para de, em nós, se condensar como um efeito-cidade-em-nós. Um encontro (est)ético com cidades construídas por crianças no entrelaçamento do currículo programático escolar e a cidade do cotidiano, tecendo-se em composições narrativas.


2017 ◽  
Vol 16 (3) ◽  
pp. 45
Author(s):  
Pedro Henrique Lucas Costa ◽  
Caio César Souza Camargo Próchno

Tendo como pressuposto uma concepção histórico-cultural do corpo, no qual se entende que ele é efeito de jogos de poderes e saberes historicamente situados, assim como os processos de subjetivação adjacentes a tal corporeidade, fomos provocados pela questão de como o corpo é explorado e exaurido ao ponto de se tornar um dejeto. Tomamo-lo por corpo-lixo, conceito do qual partirmos para a jornada investigativa e que foi o combustível deste trabalho de pesquisa. Calcados nas premissas da pesquisa cartográfica, procuramos acompanhar o processo de “dejetificação” do corpo, mergulhando e afetando-nos pelas produções culturais contemporâneas, conforme representado nas manifestações midiáticas (sejam elas de cunho jornalístico-publicitário, seja voltadas para o entretenimento) e nas artes (dentre elas o cinema,  a literatura e o teatro). Adotamos a esquizoanálise como principal referencial teórico e, por esse motivo, além de nos debruçarmos nas obras de Gilles Deleuze e Félix Guattari, compomos e decompomos com construtos teóricos de diversas áreas, como a psicologia, a história, a sociologia e a própria filosofia, tendo também Michel Foucault como um importante companheiro de viagem. Reconhecendo o corpo como um processo histórico metamorfoseante, e não meramente uma entidade biológica imutável, realizamos um apanhado histórico de como os exercícios de poder atravessaram os corpos ao longo dos tempos para evidenciar o percurso pelo qual se consolidaram as formas atuais de se abordar o corpo e que, porventura, o leva à sua dejetificação. O aspecto mais relevante deste trabalho cartográfico foi a busca por possibilidades inventivas a partir da suposta condição abjeta, evidenciando a potência e as composições de forças que levam o corpo-lixo à condição de corpo-potente.


2017 ◽  
Vol 32 (77) ◽  
Author(s):  
Pedro Sobrino Laureano

O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão crítica sobre a relação entre o pensamento de Gilles Deleuze e o de Jacques Lacan. Buscamos abordar, principalmente, uma transformação ocorrida na leitura feita por Deleuze da obra de Lacan: este, de aliado do projeto filosófico do autor, passa a ser alvo de crítica. Para desenvolver tal questão, utilizamos principalmente a concepção de linguagem presente em ambos os autores. Partindo, na primeira parte de nosso trabalho, da lógica do sentido deleuziana, buscamos explicitar a presença do pensamento de Lacan dentro do projeto filosófico de Deleuze. Na segunda parte de nosso trabalho, apresentamos as teses de Lacan, buscando mostrar porque foi necessário a Deleuze desvencilhar-se da concepção lacaniana de linguagem, e, portanto, de sujeito. Nossa questão nos levou, então, a investigar a necessidade, na filosofia de Deleuze (e em sua obra escrita em colaboração com Félix Guattari), de se pensar um Corpo sem Órgãos (CsO), ou plano de imanência, irredutível ao conceito lacaniano de real.


2019 ◽  
Vol 5 (1) ◽  
pp. 79-105
Author(s):  
Roberta Stubs

Este texto é um grito de resistência que pensa a coextensividade entre o coeficiente artístico e o coeficiente vida enquanto produção de mundos. Recorro a Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault, Jacques Rancière, Marcel Duchamp e François Soulages para pensar a arte, e a imagem fotográfica mais especificamente, enquanto ficção ética-estética-política. Num convite para inventar no mundo outras suavidades/sensibilidades, entendo a ficção como exercício político para desmistificar as verdades absolutas que crivam nosso corpo e a própria realidade. Num contexto de esvaziamento de nossa capacidade imaginativa, a ficção se torna ferramenta que reativa em nosso corpo/subjetividade fluxos crítico-inventivos. É nesse sentido que apostamos no /im/possível como forma de ultrapassar um aparente esgotamento do presente e resignificar a vida. Valendo-me de alguns trabalhos autorais, exploro a ideia de que em terreno de ficção o tempo ganha várias camadas, o presente se expande no encontro do passado com o futuro, e a realidade se desdobra em múltiplos e vastos mundos.


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