O esforço para criar uma crítica literária brasileira, bem como uma literatura autônoma e original, gerou uma dupla necessidade para os autores do século XIX: determinar os objetivos da crítica e estabelecer a definição e a caracterização da literatura brasileira. O objetivo deste trabalho é verificar como os principais críticos da fase realista-naturalista Machado de Assis, Sílvio Romero, José Veríssimo e Araripe Júnior posicionam-se em relação a esse duplo projeto, comparando as suas contribuições para a construção de uma epistemologia crítica, sobretudo para a definição e a caracterização da literatura brasileira e, conseqüentemente, para a fixação de um cânone que desse suporte a esses construtos. Entre as questões teóricas que direcionam a discussão do assunto proposto, destacam-se: o caráter histórico dos conceitos de literatura, periodização e literatura nacional; as complexas relações entre história, contexto cultural e discurso; e os compromissos ideológicos dos autores. Abstract The endeavour to create a Brazilian literary criticism, and also an autonomous literature, brought before the 19th century critics a double requirement: clarify the objectives aimed by criticism as well as define and characterize Brazilian literature. This work aims at examining how the realistic and naturalistic critics Machado de Assis, Sílvio Romero, José Veríssimo e Araripe Júnior stand with regard to that double project, by comparing their contributions for the construction of a critical epistemology, above all for the definition and characterization of Brazilian literature and, as a result, for fixing a canon that could support those constructs. Among the theoretical questions that steer the discussion about the proposed subject, the article emphasizes: the historical character of the concepts like literature, periodicity and national literature; the intricate connections between history, cultural context and discourse; and the ideological engagement of the authors.