O artigo se propõe elaborar uma exegese do livro O Aberto: o Homem e o Animal, de Giorgio Agamben, de maneira a expor o argumento central da obra bem como situar o autor na Filosofia Política contemporânea. Para Agamben, o aberto não se situa unicamente numa analítica fenomenológico-existencial do ser: politicamente, o lugar privilegiado de movimentação desse conceito situa-se especificamente na biofilosofia dos graus do orgânico. A definição desses graus torna-se cada vez mais imprecisa à medida em que se propõe distinguir o limite entre o que é o animal e o que é o humano. A inovação de Agamben na abordagem dessa questão, portanto, está no modo como ele politiza o tema do aberto e o situa numa zona estratégica entre a zoologia e as políticas do homem. A entificação do tema, o aberto, não é para o autor um índice de conspurcação cientificista; é, antes, um índice de incessante politização, isto é, realocação conceitual, modulação disciplinar e institucionalização jurídica. Agamben não quer apenas uma ciência da política, mas também uma política da ciência, entendendo a ciência como lugar soberano de mobilização, manipulação e controle dos corpos. Numa palavra, a ciência, especificamente, a biofilosofia e as ciências do homem, são legisladoras da decisão pública acerca do que é homem. E quem decide o que é o homem, decide ex ante, qual política e qual moral deve dispor sobre a ordem pública.Abstract: This paper aims to do an exegesis of Giorgio Agamben´s book The Open: the Man and the Animal, in order to expose its central point as well as to contextualize the author in Contemporary Political Philosophy. According to Agamben the open is not situated only in a phenomenological-existential analytics of being: politically the privileged place of that concept is specifically on the biophilosophy of organic grades. The definition of those grades becomes more and more imprecise as long as it aims to distinguish the limit between the man and the animal. The innovation of Agamben is the way how he politizes the subject of open and places it on a strategic zone between the zoology and the politics of man. Agamen does not want only a science of the political, but alson a politics of science by understanding the science as a sovereign place of mobilization, manipulation, and control of bodies. In a word, the science, especially the biophilosophy and the human sciences, are legislators of public decision about what man is. And who decides what the man is, do it ex ante which politics and which moral should rule over the public order. Keywords: Agamben, mankind, animal, biophilosophy.