A composição da microbiota fúngica do pelame de animais silvestres ainda é pouco conhecida. Estabelecer parâmetros microbiológicos que permitam prever eventos infecciosos oportunistas nesses animais pode ser útil na preservação de espécies amaçadas de extinção. O objetivo dessa investigação foi isolar e identificar leveduras de potencial patogênico do pelame de tamanduás mantidos em cativeiro. Vinte e sete tamanduás, provenientes da Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP) e Parque Municipal Quinzinho de Barros (Zôo-Sorocaba, SP) foram pesquisados. Catorze espécimes serão de tamanduá-bandeira (Mymercophaga tridactyla) e 13 de tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), dos quais, 63% machos e 37%, fêmeas. A técnica do quadrado do carpete foi empregada na obtenção das amostras de pelame. As leveduras isoladas foram identificadas por meio de suas características morfológicas e por método semi-automatizado ID-32CÒ. Para descrever as variáveis obtidas por meio do instrumento de pesquisa, foram verificadas a frequência de ocorrência e os resultados foram expressos em valores relativos. Foram isoladas, no total, 33 leveduras a partir das amostras de pelame dos 27 tamanduás. As espécies de leveduras isoladas foram: oito Candida guilliermondii (24,2%), três C. famata (9,1%), três C. kefyr (9,1%), duas C. glabrata (6,1%), três Cryptococcus laurentii (9,1%), um C. humicola (3,0%), seis Geotrichum candidum (18,2%), três Malassezia pachydermatis (9.1%), duas Rhodotorula glutinis (6,1%) e dois Trichosporon asahii (6,1%). Pode-se concluir que leveduras reconhecidamente patogênicas podem colonizar a microbiota do tegumento de tamanduás-bandeira e tamanduás-mirim mantidos em cativeiro e representam potencial risco de infecção oportunista para esses animais.