A Máquina e a Enxada: Economia moral e acumulação flexível no território das confecções em Pernambuco, Brasil
Resumo: Procuramos analisar neste artigo um conjunto de práticas realizadas por trabalhadores situados em espaços rurais no âmbito do universo das confecções de vestuários no interior do estado brasileiro de Pernambuco. O Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco compreende-se como um aglomerado constituído majoritariamente por micro e pequenas empresas caracterizado por sua estrutura descentralizada em que a produção de peças de roupas se dá sob regime de subcontratação arregimentando grande número de mão de obra informal e familiar. Dessa forma, nos chama a atenção como se combina uma ordem moral camponesa com práticas que caracterizam a acumulação flexível do capitalismo. No nosso entender, a forma como o trabalho familiar é utilizado mobiliza uma economia moral de forma a engendrar relações não mercantis na produção e comercialização de mercadorias. Dialogando com dados tirados de nossa pesquisa realizada no município de Surubim, discutimos as tensões que envolvem as várias estratégias de reprodução social tecidas por unidades familiares com os diferentes padrões de acumulação de capital.Palavras-chave: Agricultores Familiares. Economia Moral. Estratégias de Reprodução Social. Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco. Trabalho MACHINE AND HOE: MORAL ECONOMY AND FLEXIBLE ACCUMULATION IN TERRITORY OF MANUFACTURE IN PERNAMBUCO, BRAZILAbstract: We analyze in this article a set of practices performed by workers located in rural spaces within the universe of clothing manufacturing within the Brazilian state of Pernambuco. The Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco is understood as a cluster composed mainly of micro and small enterprises characterized by its decentralized structure in which the production of garments is under subcontracting regimenting large informal and family labor. It strikes us how a peasant moral order is combined with practices that characterize the flexible accumulation of capitalism. In our view, the way family work is used mobilizes a moral economy in order to engender nonmarket relations in the production and marketing of goods. Dialogue with data taken from our research conducted in the city of Surubim, we discuss the tensions surrounding the various strategies of social reproduction woven by family units with different patterns of capital accumulation.Keywords: Family Farmers. Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco. Social Reproduction Strategies. Moral Economy. Work